quarta-feira, 6 de dezembro de 2023

Artistas


Ah… os artistas?

Esses apenas existem…

Nada ganham, nada perdem

Ninguém sabe de onde vieram

Nem como chegaram

Em sua timidez, em suas vaidades

Vivem escondidos

Não se sabe quem são

Nem eles sabem

Pra onde foram

Nem para onde vão

quinta-feira, 9 de novembro de 2023

Graças a Deus!

 O cérebro é masculino

Porém

A mente é feminina


terça-feira, 7 de novembro de 2023

Poeminha Simples

O mundo é dividido 

Entre pessoas que acreditam 

Em uma verdade 

E pessoas que acreditam 

Em uma mentira.

domingo, 5 de novembro de 2023

Poema do Massacre da Festa

Existir.

Existir é incrível!

Existir é maravilhoso!

Existir e ouvir música!

Existir e ouvir música então!!

É a coisa mais incrível que há!!!

É simplesmente maravilhoso.


São coisas pequenas assim

que fazem as pessoas felizes.


Se cada pessoa 

tivesse a capacidade

de se maravilhar ao simplemente

existir e ouvir música

elas não matavam umas às outras

Elas não faziam a guerra







segunda-feira, 30 de outubro de 2023

Face

Oferecer a outra face?
Depende do tapa.

quinta-feira, 26 de outubro de 2023

Bombas

 É importante saber quem você é

Neste mundo onde ninguém sabe de nada

Que da calada da noite

Nasce uma manhã calada

De morte e vento

De mentiras e escadas

Onde a palavra armada

Tomba


É importante saber

Que ao fundo, acima da vela da tarde

Fogos de artifício são bombas

segunda-feira, 23 de outubro de 2023

Poema Engasgado no Peito

Egípcios

Hititas

Fenícios

Filisteus

Romanos

Gregos

Babilônicos

Persas

Medas

Caldeus

Druzos

Árabes

Judeus

De quem é a Terra?


sábado, 30 de setembro de 2023

That's right

 WE TAKE OUR FRUITS FOR GRANTED.

Somos artistas

Nos ouvem

Nos riem

Nos aplaudem

Não nos entendem

Somos vagabundos

Fulibundos

Fodidos e mal-feitos

Mas nós, os artistas,

Nós sabemos

Somos imperfeitos

Mas...

Fuck all the perfect people!

sábado, 16 de setembro de 2023

Né?

A verdade é que o Homem passa o seu tempo esperando aquela coisa que vai mudar a vida para melhor. 

A verdade é que essa coisa que o Homem acredita vir mudar a sua vida nunca vai chegar!

Então levante da cadeira em que espera e saia por aí, vá sambar, vá dançar a felicidade que existe em não 

esperar que algo venha mudar sua vida. 

É aí, que a sua vida muda!

quinta-feira, 7 de setembro de 2023

Poema de Conciliação


Se não tivesse a pobreza, não teria o Samba.
Se não existissem os bordéis não existiria o jazz. Os Tempos são mistos de bons e maus resultados.
A vida é assim.
E que se foda.


* * *


A vida é algo muito sério e não temos tempo para não brincar.






Hinos

 Eu descobri o que faz a humanidade ser tão perdida em seus atos e comportamentos. Os hinos dos países foram mal escolhidos. Um hino é algo cantado por todos, nunca por obrigação e sim por amor. E já respondendo aos que amam nosso hino nacional,  nós não somos cachorros para cantar algo ensinado, a nós domado, a massa canta o que decide cantar. 

O hino dos EUA não podia ser o que é! Tinha que ser obviamente um Rock and Roll. Porque não o jazz? Ora, porquê a música que mais sintetiza o americano não é o Jazz. O Rock mistura tudo! Pegue todos os estilos musicais americanos do norte e você vai ter o Rock and Roll! Mas, pensando bem... o Jazz também podia ser.... 

O hino francês é o único que tem alma de hino. Pena que o que ele prega não é o que realmente aconteceu muitos anos depois da Revolução Francesa, e os franceses ainda não chegaram lá!

O hino inglês também não está legal. O hino inglês se não for um folk pingando uísque e bêbado de gim, cuspindo uma letra endiabrada mal apalavrada, se caindo pelas calçadas e se agarrando em postes inexistentes, não serve.

O hino do Brasil deveria ser um samba! Esse negócio de "Ouviram do Ypiranga, etc etc etc bla bla bla é uma chatice. Hino é uma coisa a qual precisa saber representar um país. Hino é temático! Uma escola de samba representa muito mais o Brasil que qualquer Dom Pedro.




terça-feira, 5 de setembro de 2023

Unintelectual

 Alguém aí se deu conta de que mesmo de olhos fechados a gente continua enxergando? Enxergar nossas pálpebras por dentro. E que o povo é burro mas quer Verdade? O povo é burro mas mesmo os mais burros querem saber a verdade. Ninguém quer ser enganado, especialmente na Arte. Ser enganado artisticamente é equiparado ao ser mais "unintetelctual" de todos os tempos. A burrice é suja. A burrice é pior que a pobreza. É a pior das pobrezas. E um artista quando escerce o seu ofício ele tem que fazer como se faz na latrina: se faz com verdade. 

Hoje o mundo está uma merda. Todo mundo sabe disso. Mesmo quem gosta do mundo do jeito que é hoje em dia sabe que esse mundo está uma merda. E isso em grande parte por causa da explosão demográfica e pela Era Digital, que por sinal - é uma merda. Mas Hoje, nem menos que hoje, você - artista qualquer - pode exibir a sua verdade a milhões e milhões de públicos dos mais diversos. E tudo sem sair de casa. Não é importante ser bom, nem ruim, nem rico, ou pobre, se a guitarra é Fender ou Del Castilho, alguém sem qualidade estética alguma. O que é importante é o que tem Verdade dentro. Querer ver a Verdade de perto é uma característica do público. Já ao artista cabe o dever de se entregar completamente à sua platéia que só torna-se platéia se vir um palhaço na frente e no alto, cantando. O palhaço é o artista!

Mas não é legal isso? Porque, afinal ontem abriu-se a portas de um zilhão de pessoas, passando umas pelas as outras, se atropelando, se amando, se conectando e quando se foi ver era tudo uma amalgamada coisa só. O ser humano hoje em dia, mais diversificado é extremamente mais coeso, pois a confusão é uma só, não são duas! 

Hoje em dia, botando a bunda pra fora, ou espirrando a alma nas pessoas, de uma forma ou de outra o sujeito pode mostrar pra todo o mundo o artista que é. 







domingo, 3 de setembro de 2023

Corpo

Preste atenção ao corpo
Ao que o corpo dela diz
Todo corpo conta uma história

sábado, 2 de setembro de 2023

A Importância da Maconha nos Relacionamentos

 Todo homem no dia de sua noite de núpcias deveria só transar com sua mulher depois de dar um-dois. E digo mais! Nem precisa, quer dizer, nem deve ser na noite de núpcias. Tem que ser na primeira vez! A maconha dá ao ser humano a percepção da realidade. Enquanto o álcool dá exatamente o contrário. As Cannabis Sativa ou Índica, tanto faz, dão à realidade a noção devida ao homem que a vê. Se você pega na mão de sua mãe você sente a ligação total entre dois seres que na realidade são iguais. Vou além, são exatamente o mesmo, um só.  A ganja dá ao homem a percepção dos detalhes. Os poros do tempo! A maconha é lenta e talvez por isso te faça perceber. Por isso uma homem só deve comer a sua mulher se estiver doidão. Porque só aí ele vai saber realmente como ela trepa, mas vou bem além! Só assim ele vai saber, não apenas, se ela é o que você deseja - sexualmente e não - , vai saber se ela REALMENTE o deseja, e vai, de uma dessas formas ou de outras, saber como ela te vê, e como você a enxerga. Você não vai saber, mas vai perceber o que ela pensa.      

(Texto escrito completamente doidão depois de meses sem e entre a primeira e a segunda baforada.)




Poema Desesperado

Possuo sonhos de minas de sonhos
De coisas esquisitas e benquistas
Sonhos de conquistas em tempos variantes
Sonhos de valores e sonhos radiantes
De carburador, de estradas, com placas, sonhos de flor


Queria te levar daqui para um lugar que não existe
Com pegadas de cavalos e sonhos de vagalumes
Que piscam e piscam e destoam os caminhos tristes
Dos caminhos de felicidade em que você vai viver

Sou apenas um Homem, e nada posso fazer…
A não ser um caule para a o seu corpo
E você será a mata onde me escondo da vida

Futuro do Presente

 Não... Não...

Eles hão de nos encontrar!
Em algum lugar
Há de sobrar uma pedra intacta.

quinta-feira, 31 de agosto de 2023

Às Crianças

 Para as crianças eu desejo mil barras de chocolate - não! - rios, mares de chocolate com peixes de jujuba e corais de pipoca colorida. E algodão doce, que duvido que elas saibam o que é hoje em dia, mas eu desejo. Porque desejo a elas que se imersam em nuvens azuis ou roxas ou vermelhas. E que suas camisetinhas sejam tatuadas de balões de gás, e que as levem bem pra cima para o espaço sideral, e que no caminho elas deem tchauzinho para os passageiros dos aviões, e para os pilotos presos em suas janelinhas adultas, e que essas janelas sejam de açúcar, e que imensas cegonhas sejam avistadas a mandar beijinhos com seus bicos pontudos e suas barrigas estufadas carregando próximas criancinhas lindas, e que ao descer do espaço sideral as crianças aterrisem calmamente em campos de alecrim e florestas de carvalhos bons de escalar, e que neles encontrem sorrisos enigmáticos de gatos da Alice, e que chuvas de cartas enbranqueçam os vales e desenhem estradas que levarão ao Sol, e que o vento toque sonatas de caixinhas de música, e que trovões emitam grossas risadas tão gostosas que deem soninho e que com esses trovões chuvas de chicletes anunciem furacões de risadas, e que paisagens troquem de cores deslumbrando olhinhos cada vez maiores, com seus cílios coloridos por fadas artistas e que reis e pumas deem as mãos num círculo festivo onde uma banda de música metafísica embale todo o universo até que enfim, apesar de ser fim, nada disso acabe, ou talvez acabe num eterno ir e vir de começo e fim, e fim e começo. E que se deem as mãos de algodão, macias e transparentes, tão assim, que possa se ver o sangue dançando e o coração aplaudindo o mundo numa explosão de alegria e felicidade, e que tudo siga o fluxo de um rio de suco de uva, onde um dragão rosa com pintinhas amarelas anuncie a tarde. E que, por fim, nunca seja tarde demais. 






quarta-feira, 23 de agosto de 2023

Só enxerga a alma


 A humanidade é desesperada. Será o amor? Será o Sol queimando a retina? Será a busca? Que busca? A busca pelo que não se conheçe não é busca, é desespero. Como procurar algo que não se sabe nem o que é? Isso muito me aflige e buscarei algum paliativo algum dia se tiver a coragem disso. Mas já senti o que John Lennon escreveu tão perfeitamente "eu sou ele assim como você sou eu e nós somos todos a mesma coisa". E foi lindo sentir isso. Clamo por sentir isso de novo!

A humanidade é perdida. Porque estar à procura de algo que se desconhece o porquê, nem o quê, nem o quando, nem o onde é estar completamente perdido. O homem estava parado na rua quando um carro passou, um sujeito dobro do seu tamanho o pegou, o jogou no porta malas e sai desenfreado rasgando a esquina, um som insuportável de giz no quadro negro nil vezes mais forte, duas mil vezes mais irritante. Esta é a humanidade vivendo o seu ponto de interrogação. Tudo que acontece no mundo é regido pela falta suprema da informação. Há um anjo à solta que nos olha de cima e sorri compassivamente nosso caimento. Não é um anjo malvado. É um anjo apenas. Não há mais informações sobre isso.

Eu escrevo aqui as palavras ditadas pela minha insônia. Dormir pra quê? Quando há tanto para pensar, desvendar. Deslindaremos o labririnto sem portas, sem solução. Um eterno jogo de Paciência que nunca termina. E no rastro celebre de uma rua dourada nossas vontades e aterramento se encontram num poste de luz amarela, e ele nos pede enfim que desvendemos uma charada à qual, não decifrada, não passaremos à lugar algum.

Eu adoraria apertar um botão e mudar meu pensamento. Mas no momento isso é impossível, e talvez seja sempre. E a comezinha esperança de que um dia eu possa me afundar em fontes de caleidoscópios mágicos se perde no medo físico da doença, da tonteira da alma, que me faz olhar para a esquerda quando meus olhos se viram para a direita.

A torneira insistentemente pinga

É essa a chuva ou é desse o homem?

Quem sabe é a última moringa

De onde sai a água que se come

A alma vale ouro

Mas o ouro vale a alma?

Onde fica o tesouro?

Não posso saber quem me ama

Sou cego, ao Homem tudo é escuro

Só enxerga a alma









quinta-feira, 17 de agosto de 2023

New Orleans

Once I left a dream

I am talking about New Orleans

So far away from me

Now I can see

Those were not very happy times

Cause I left a dream

A very deep dream

Down in New Orleans


One day when the sun rises

There is a place I gotta be

And tho I in my mind I am still there

I will have t go back

And snap out of that dream

In New Orleans




Love

I am a storm
I am a hurricane
No one can stop me 
From myself

I am an explosion
I am TNT
No one can come around
With myself

Here I go again
Lonesome as I can be
With you on my hands
Holding my hands
I can rest

I am a mountain
I am a volcano
Nothing can beat me
From myself

My pain is mine
My fire is mine
I am a storm
No one can save me
My love is mine

quarta-feira, 2 de agosto de 2023

A folha, a formiga e o chá

Quando o sono cessa e a noite já não cai em meus olhos, eu tomo um chá na esperança de um regresso à cama amada. E penso no que me consome, se sou eu mesmo ou é o sono vindo. Às vezes sim; às vezes não. Toco o violão, que respira. Peço pra me ninar, mas ele dorme fundo. Tomo o chá. São três da manhã e eu juro que não é insônia - é enfatuação. 

Bebo o chá. São três saquinhos pra ver se surte efeito. Bebo o chá. Consumo a flor de camomila. Mas, acho, ela é que me consome. O chá nos consome, nós só o bebemos. O que nos alimenta a alma nos consome. Nos gasta. E esperamos ser muito consumidos, gastos, extremamente gastos, e assim quem sabe dormimos. 

Sinto o gosto da planta. A planta tem gosto de universo. Tem o sabor de quinhentos milhões de anos. Foi feita por estrelas que explodiram há trilhênios e delas algum pó de ouro foi atirado ao espaço, lançado com o destino a mim. De estar em mim em algum momento. Existe ouro na gente, só não o encontramos. Meu chá áspero é alquimia de estrelas. E espero que esta alquimia me leve de novo pra cama com saúde.

Assim quis o destino - pois nada ocorre à toa - pois quis o destino que eu neste momento estivesse tomando o chá de milênios. A planta, nasce, cresce e não morre. Eu bebo o chá e cantarolo uma música atonal. Músicas atonais me mimam. Pelo menos tentam. Raramente conseguem me fazer dormir, mas é a única coisa que me liberta o pensamento. Minto - meu pensamento nunca está livre, mas pelo menos descansa um pouco. O chá e meu pensamento me ajudam a não pensar muito. Pensar machuca. 

Eu poderia estar bebendo, eu poderia estar fumando, eu poderia estar matando, roubando... Por favor passageiros estou tentando ser honesto e não matar ninguém! Meu desespero resta em balas de pensamento. Meu sono vale um real. Alguém poderia comprar-me o poder de dormir quando preciso? Sem a ditadura do cansaço, sem a tirania do sono verdadeiro? Tomo o chá. 

...., ...., ...., ....,  respiro. Quem sabe consigo meditar. Meu transtorno não me permite meditar por mais que três respirações. Passo a pensar em algo. Na cortina, na vida, no jogo de futebol que nem vi, pior! nas notícias da semana, no caos do mundo! Assim não durmo. Gostaria de chegar ao nirvana. Tão difícil isso... Por isso Kurt Cobain era tão barulhento. Quando medito minha pele começa a coçar. Tenho certeza de que é de propósito! Meu corpo testa a minha paciência. Minhas perebas sabem. Esperam o momento certo de jantar. 

Escrever me tira o sono. Mas me relaxa, ou não - ainda não descobri. Talvez quando eu fechar meu caderno "virtual" eu durma. Ou tome outro chá. Meu chá já terminou. Terminou comigo. Sou eu que bebo o chá ou ele que me consome? De acordo com a experiência milionária de anos antigos penso que ele me consumiu. Mas a ideia é essa. Ser tão consumido que cansado eu durma.

Um dia um velho me contou uma história. Havia uma folha que caiu de uma árvore e ao atingir o chão olhou para cima e viu que não teria como subir de novo, voltar para onde estava. A folha respirou fundo o seu destino e soltou um imenso suspiro de gás carbônico. Naquele momento passou uma formiga e a pegou nas costas, e essa formiga subiu a árvore. Quando chegou lá em cima quis comer a folha. A folha implorou que a deixasse em paz. A formiga era gente boa e aceitou, mas pediu algo em troca. Pediu que não contasse para as outras a sua bondade. A folha jurou que não contaria e assim selaram um destino. De repente trovões rugiram e uma chuva torrencial levou a folha de novo ao solo. Mas desta vez não ouve suspiro desesperado, pois assim o destino quis, e quando o destino quer não há nada que se possa fazer. Mas como o solo estava molhadinho, e havia ficado bem macio e gostoso a folha adormeceu. Aconteceu então que com a chuva eis que brotou uma semente bem embaixo da folhinha. E esta semente cresceu e se transformou em uma frondosa árvore levando a folha de volta para cima. Assim é a vida, e esta história foi inventada por mim neste momento e não por um velho. Pois assim é: quem escreve mente. Vou fazer um outro chá. E eu espero conseguir dormir pelo menos mais duas horinhas pois essa história me deu um soninho. Beijos e até outro dia.














Vertigem

 Abriu a porta com a facilidade de um tonto. Apalpou a parede com a mão esquerda. Parou em pé, cambaleante, olhou para a frente. Os pés traçaram um mapa mental. Deu um passo no espaço e descambou pelo lado. A cabeça começou a andar fazendo alguma força para a esquerda. A cabeça é o órgão que anda. 

Seguiu com a calma de um labirinto.  O vento como guia foi levando para o próximo banco. O tempo era astigmático. O valor das coisas mudou. A rua seguia seus pés, e não o contrário. Um carro parou pra dar passagem, depois buzinou e xingou. O asfalto estava na cabeça e não no sapato. Um chapéu imaginário era feito de chumbo. Ele tombava para a esquerda sem ser canhoto. O cérebro tem seus mistérios. Seria ansiedade? Seria a passarada neurológica? Não bebia e não fumava. Tentou se segurar num corrimão que fugia da mão.

Entrou num taxi. Para onde o senhor vai? Tanto faz. Quem não tem lado não tem direção. Quem não tem direção não tem lado. O destino só existe no chão. Seria o trabalho? Seria uma pessoa? Seria eu mesmo? A tonteira é evasiva e calada. O luar passa a ser curvo. O Sol brilha ao lado. O sinal de trânsito está sempre na outra rua. 

Existe remédio para a vertigem da alma? Camus escreveu um livro teorizando a vertigem como a vontade de se jogar e não o medo de cair. A filosofia sempre fala em zigue-zague. Cair não é importante. O importante é a queda. Que vento o levou? Que amores o perderam? Que fundo não chegou? Estar tonto ainda é estar vivo. Que bom! - pensou. Estou vivo, sei onde chegar, mas não chego! Paul Simon provavelmente estava tonto quando escreveu Slip Sliding Away. Grande música. E tombou para o lado do mundo que acaba. Sabe Deus o que faz. O homem não sabe nada. Anda e escorrega em si mesmo. Tropeça na vida e cai no destino. O destino é como se anda, caindo pelas ruas, assim como caiu Edgar Allen Poe. Um dia a gente levanta! A médica diz: calma, um dia o corpo acostuma! Será que um soco na cara da médica seria a cura definitiva? Provavelmente.



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domingo, 16 de julho de 2023

O Sistema


você trabalha 

você gasta 

você sai 

viaja 

voce paga suas contas  

e você trabalha 

não para você

mas pra pagar as contas 

de outro que também trabalha







quinta-feira, 13 de julho de 2023

Poema de Brisa

 Existe algo nos cascos dos cavalos que os levam

Assim como a cor do mar é estrada para peixes

O Sol da montanha se põe nos seus olhos

E atrai multidões de espíritos de pássaros antigos

E o sal da noite faz sorrir uma lua de pó de giz

O universo se expande para lhe abraçar

A eternidade existe para lhe acalmar

E a destemida relva amarela é feita de tinta a óleo

Pintando o caos e abrindo as portas dos labirintos

Peço que nesta manhã que ainda não desceu de sua escada noturna

Não desça simplesmente, como João e Joana, mas que caia!

Que caia em sua frente em lágrimas de felicidade

E de uma vez por todas lhe explique

Que o abraço é de amor, e que o universo se expandirá

Por sua causa!




quarta-feira, 12 de julho de 2023

Verão Encoberto


Menina bonita coberta de nuvens

Sua grave felicidade é imune

Aos cadafalsos em que te colocam

As correntes que te namoram. 


Menina bonita do rosto desperto 

Impingem-nos um véu de inverno 

Tapam nossa visão do todo 

Mas nos cobrem com muito pouco. 


Vivemos tempos de betume. 

Minha escrita breve e amordaçada 

Tenta tudo e consegue nada... 


Mas eis que sai o Sol de um doce amarelo 

E que coisa louca esse Sol... 

Não é da cor do seu cabelo?





















domingo, 9 de julho de 2023

Nada

 Andava pelo parque e não via nada. Sentava num banco e não via nada. Ao seu lado, bancos vazios sem nada. Era de noite e de noite não há nada. Uma garota passava pela sua frente com o seu cachorrinho e isso não significava nada. Ele olhou para o céu e viu estrelas que tão longínquas não significavam nada. Tirou do bolso o celular, apertou uns botões virtuais que não pertenciam a nada. Ao longe uma sirene tocou, um carro passou, um ônibus vazio e mais nada. Pensou na vida, na existência, no planeta, no caos e não entendia nada. Um mendigo estendeu a mão e nada. Uma lágrima tentou se livrar de um olho e nada. Como é difícil chorar. Levantou e foi pra casa. Entrou no prédio vazio, subiu as escadas vazias, tateou as paredes brancas escurecidas pela escuridão, tentou um interruptor e nada. Puta que pariu, mas que merda de nada! Entrou no apartamento e foi dormir. 

sábado, 8 de julho de 2023

Germes / Germs

Os germes se escondem

O que é pequeno se esconde

E nós nos escondemos no fim de um universo onde nada nos encontra.


                                       *    *    *


Germs hide

All little things hide

And we hide ourselves in the middle of a universe 

Where nothing can find us.

terça-feira, 4 de julho de 2023

Soneto de Solidão

A solidão mais amarga é a da multidão
A nuvem se estica em desespero
A lua tenta alcançar o chão
O fogo do monte conversa com o nevoeiro

O sabor único da canela é solidão
O melhor que existe no mundo sente o seu vazio
A voz do mudo grita em vão
A maior onda da praia deserta escorre seu cio

Não há prisão mais libertária que a solidão
A solidão que liberta o cárcere deseja cantar
E no meio de uma avenida se encontra deserta

Sua estrela solar se apaga em explosão
Sua infertilidade sonha se multiplicar
Seu fim é proscrever a sua própria guerra

segunda-feira, 3 de julho de 2023

Reflexão sobre algo

 A vida é injusta ou o ser humano é que não sabe o que quer. O pintor gostaria de ser músico; o músico adoraria ser pintor; o escritor quer ser ator; o ator quer ser escritor; o cineasta é um ser frustrado pois queria ser tudo; o famoso procura o anonimato. 

O vento não arrasta qualquer um. É preciso estar exposto ao vento. Alguns têm a sorte de estar na rua quando um tornado ataca, e morrem. Outros dão o azar de estar em casa, ou protegidos, e nunca morrem mas perdem a grande experiência de voar. A vida é injusta como o bacon. Uns comem até morrer e vivem; outros são vegetarianos e se vão bem cedo. 

O feio é um sujeito feliz que não descobriu que é feliz. Ele se torna bonito quando descobre a própria feiura. O bonito tem que fazer força para não ser medíocre. Não há nada pior que a beleza e a mediocridade juntas. O bonito inteligente inveja o Woody Allen, a barba do Dostoievski, a surdez de Beethoven, a vesguice das mulheres charmosas. 

A felicidade é um sopro de atenção e percepção repentina. Ela vem do nada. Surge de uma porrada que algum dá com a cabeça, e um belo dia acorda. No leito de seu coma de dez dias o sujeito acorda para a vida. A morte traz a vida; a vida traz a morte. É um ciclo sem noção, perdido no mistério do universo nos azuis de uma estrela supernova que mata planetas enquanto semeia paraísos. 

O avesso se descobre inteiro no canto de um banheiro de uma escola, escondido do mundo, matando aula porque é inteligente e sabe que ela não serve para nada. Que não há de o levar para frente. É o inteligente que se esconde, enquanto os medíocres se matam de rir do que não entendem.

A vida às vezes passa incólume, e enquanto passa tudo passa, e isso é muito ruim. A vida só existe quando o sujeito se dá conta de que sua feiúra tem valor. É horrível ser uma beldade vazia sem nem saber que é. É uma merda fazer parte de rede social. A gente não precisa estar, mas ao mesmo tempo precisamos. 

E de tanto pensar uma poesia surge sem saber:


"De tanto carregar cavalos me entreguei aos passos

Sob o Sol do inverno que nada queima apenas a alma

Vou sozinho pelos labirintos do deserto que criei

De tanto não conseguir andar foi em ti que me apoiei

Meu cavalo amado! Meu jumento parvo!

Lanço em vão a minha lança nos meus moinhos imaginários

E espero que este deserto dure para sempre

Pois só assim hei de ter forças para encontrar uma rosa no caminho"









domingo, 2 de julho de 2023

Because

Do people read what I write?

I don't think so

I write about life

I write about dreams

I write about struggles

I write about things


People got their own life

People got their own dreams

People got their own struggles

People got their own things


Why would they read me?

Why would they bother?


Because... 


sábado, 1 de julho de 2023

I go

 Sitting on a bench

Down the bus station

I go


There I watch the birds fly away

People walk without a dream

Cats jump from the trees

Leaves will bring the wind

Earth will find a way

And I go


Sitting on a bench

On a quiet afternoon

Soon will be nighttime

People will close their doors

And the night will rest their souls

And I go


Far away from me

There is a girl who often looks

A dog insists on barking

A flower will catch the moon

When the last car passes by

And the last poor man arrives

Through the singing flashing stars

And I go


Oh Lord, where am I

I could feel my feet forever

Stuck in the dirty mud

Where not even ants dare walk

Where I am only me

Where else could I be

I think of all the things

I have done in my life

My fate is like the wind

It screams right inside my ears

I go








quinta-feira, 15 de junho de 2023

O passarinho

 Um dia ele quis ser passarinho e cuspir em todas as cabeças que visse de cima. Até que um dia ele virou pássaro. Mas quando esse dia chegou ele não quis mais cuspir em ninguém. Achou que havia alguma relação entre as cuspidas e seus desejos e sentado do alto de uma pedra ele refletiu sobre isso. Ele chegou à conclusão de que a vontade de cuspir nas pessoas devia ser a vontade impossível de sair do chão. Quando enfim saiu e alçou vôo já automaticamente a vontade passou. 

E do alto da pedra viu o Sol refletir em suas asas com força, e sua luz branca junto com suas penas brancas  se despejaram pelo céu azul e ele pensou que a liberdade é algo que nunca cansa. E assim ele subiu, subiu e subiu e ultrapassou as nuvens da esteira do horizonte, e subiu mais ainda, e mais, e mais, até que passou por todas as nuvens e encontrou a linha que divide o céu do espaço e sentiu que já não havia mais ar para se sustentar em vôo e pensou se tinha mesmo liberdade e sentiu o claustro da Terra e a gravidade o puxou com mais força como se fosse um abraço de saudade e era isso mesmo, o planeta sentiu falta dele e começou a cair, e caiu, caiu e caiu como se caiu num porre mágico, e ébrio seu cérebro começou a criar, e criou e criou e criou sem parar até que se extinguiu em pensamentos universais e quando o ar voltou a existir flutuou e rolou pelo vento até uma praia branca e deserta como suas penas plácidas. 

E ao longe viu uma casa e caminhou (pois estava cansado de tanto voar) até a casinha. Era uma casa de madeira muito bonita e pintada de cores diversas que atraíam beija flores em busca de mel. E nesta casa entrou por um buraquinho redondo desenhado na parede de madeirinha e uma vez que entrou não conseguiu mais sair. E ele pensou de novo na liberdade e como era bom estar livre, e entristeceu a sua alma por saber-se livre porém preso numa casinha de madeira. E bateu nas paredes desta casa com todas as forças que tinha até que nada aconteceu então ele desistiu e sentou-se no canto de uma parede da casinha de madeira e se resignou em sua prisão.

Isso durou um tempo até que ele pensou. E ao pensar ele se sentiu livre novamente, e de tanto pensar teve a ideia de sair pela chaminé da casinha que ele não percebera antes de tanto que pensara no buraco. E lembrou que existem buracos onde se entra mas de onde não se sai, porém uma chaminé é algo que é feito para se sair. E se sentiu fumaça e fumaça ele virou, e assim saiu pela chaminé.

Uma vez em cima da casa ele teve vontade de voltar a ser gente. E sendo assim ele virou uma mulher. E pensou que como mulher sua liberdade seria restringida. Foi nesse momento que ele deu à luz a algo melhor que ele, e assim se sentiu livre de novo, pois se podia conceber então tudo ele podia. E deu um filho, depois outro, depois outro e depois mais outro e quando cansou ele (que era na verdade ela) começou a andar para longe. Percebeu então que os filhos o seguiam e viu de novo sua liberdade ir embora. Mas o amor era tanto que isso não importou. 

domingo, 28 de maio de 2023

O Puteiro

 Existe um puteiro em meus sonhos. Volta e meia quando durmo eu o visito. Ele é rosa com preto, e possui uma entrada meio corredor metido em brumas e uma piscina grande e disforme com águas quentes de onde emana um vapor idílico que dá cor e ausência a esse lugar. Nesse puteiro sou sempre recebido por uma prostituta morena clara de cabelos pretos e longos e que me recebe e sempre me leva para a piscina onde ficamos conversando muito. Não lembro mais nada. Apenas que conversamos. 

Várias vezes sonhei com isto. Existem sonhos que são insistentes como se existissem de fato além da imaginação e talvez sejam reais. Alguns me acalmam muito e outros não. Este puteiro e sua meretriz me acalmam. Consigo uma compreensão e um carinho que ainda me falta receber em vida.  Lembro-me, neste exato momento enquanto escrevo, que existe uma porta preta em meio a todo esse rosa avermelhado do puteiro e que é por onde passo até chegar na mulher e na piscina. Algumas vezes o visitei com um amigo imaginário que não sei quem é pois não recordo sua face. Sei que se diverte com outras e recebe amor de algum tipo também, porém meu contato com ele se resume à decisão e entrada no puteiro apenas.

Depois de tanto conversar com a mulher eu acordo ou mudo de sonho, mas volta e meia retorno. Não sei bem quantas vezes sonhei; talvez tenha sido apenas uma vez, ou várias. É impossível mensurar coisas do tempo e constância no campo dos sonhos. Talvez tenha sonhado apenas uma vez; talvez tenha sonhado por várias noites diferentes. Não há como saber. Por vezes sinto muita saudade de lá, e dela. Muitas vezes desejo me perder naquele lugar calmo e tranquilo por onde eu fujo do mundo insano que me rodeia e me cansa. 

Gostaria de encontrar com ela esta noite. Mas não sei o caminho. Nem sei também se ela me faz bem, ou se na minha cabeça qualquer beijo é carinho. Espero um dia, quem sabe, se Deus quiser, conseguir entender mais a minha mente, que parece me poupar de certas coisas, traumas e decepções; outras vezes me avisa de tudo que se passa. Talvez esse sonho seja só uma metáfora de algum sentimento guardado em alguma esquina inóspita de alguma cidade misteriosa escondida no peito do meu cérebro. Vai saber...

quarta-feira, 10 de maio de 2023

Passarinho

 Ontem eu fiz uma música linda. Mas ela não é minha. Pertence ao passarinho da esquina. Não conheço muitos passarinhos então peço perdão por não poder identificá-lo. Mas tem um canto muito bonito e desse cantou escapou a melodia da minha música que não é minha pois eu nunca me atreveria plagiar um passarinho. Você não sabe mas os passarinhos são vingativos! 

Bom, como a música não é de minha completa autoria é claro que divido essa parceria com o passarinho da esquina, que é azul e tem algo de verde e cinza em algum lugar. Mas o mais importante digo aqui: toda a receita ganha com a música será com justiça repartida com o passarinho parceiro. Mas como passarinho, acho que ele não irá fazer proveito de tamanha riqueza. Portanto, eu concordo aqui que vou custear todas as necessidades básicas desse passarinho. E o resto virá pra mim. Eles não possuem essa sordidez do ser humano.




sábado, 22 de abril de 2023

10 reais

Vocês vivem com uma pessoa complicada, o que eu posso fazer??

Falou pro Poste

Mas falar com quem? Ninguém me ouve mesmo!

Falou de novo pro Poste

Aí o Poste que não era poste respondeu:

- Me empresta 10 reais?

domingo, 16 de abril de 2023

!

 uso e destruo

destruo e uso

vou usando e destruindo

vou destruindo e usando

tudo destrói a gente e a gente destrói tudo

tudo destrói a gente e a gente destrói tudo!

tudo é destruição

destruição é tudo

a gente destrói tudo e tudo destrói a gente



sexta-feira, 31 de março de 2023

Eu Menino

 

Eu me lembro bem quando eu era menino

Uma vez pensei: quantos anos eu teria no ano 2000?

Vendo que seria na casa dos trinta eu pensei:

"Caramba! Eu com trinta... vou tá fodido."

Hoje o novo menino encontra o velho menino 

Um olha pro outro e dizem:

"Quem é esse velho fodido?!"

"Que saudades suas...


segunda-feira, 27 de março de 2023

O Futuro

 

O mundo começou a acabar quando Bush roubou descaradamente o pleito americano impedindo Al Gore, que possuía ideias reformistas quanto a futuro de tudo.

Mas, o mundo começou a acabar também quando David Bowie morreu.

Quando Plutão deixou de ser planeta

Quando uma velha senhora não conseguiu atravessar uma rua

Quando o fluminense perdeu de três pro flamengo do Zico no meu primeiro flaxflu no Maracanã.


terça-feira, 28 de fevereiro de 2023

A Gravidade

No dia em que o universo nasceu
Deus nos segurou na sua palma
E como num enlace concebeu
O amor como a gravidade da alma


Quanto mais amor eu tenho
Menos medo eu sinto
Quanto mais medo eu sinto
Menos amor eu tenho
O amor é tudo
E tudo é amor
Essa é a gravidade que nos liga
Esse é o sentido
Esse é o segredo
Da vida











domingo, 22 de janeiro de 2023

Matagal

 Ô, menino, se eu te disser que um caldo bem tomado de uma onda doi mais que a morte? Você acreditaria no que estou falando? Eu não sei se acreditaria, mas sim, eu perguntaria, ou melhor, eu afirmaria peremptoriamente que depende do tamanho da onda. Não, não, filho... a morte é a grande incógnita, a imensamente temida, a pior de todas as maleitas existentes, é a final, entende? Mas tem onda que mata, tio!

É, matagal...