Esses apenas existem…
Nada ganham, nada perdem
Ninguém sabe de onde vieram
Em sua timidez, em suas vaidades
Vivem escondidos
Não se sabe quem são
Nem eles sabem
Pra onde foram
Nem para onde vão
O mundo é dividido
Entre pessoas que acreditam
Em uma verdade
E pessoas que acreditam
Em uma mentira.
Existir.
Existir é incrível!
Existir é maravilhoso!
Existir e ouvir música!
Existir e ouvir música então!!
É a coisa mais incrível que há!!!
É simplesmente maravilhoso.
São coisas pequenas assim
que fazem as pessoas felizes.
Se cada pessoa
tivesse a capacidade
de se maravilhar ao simplemente
existir e ouvir música
elas não matavam umas às outras
Elas não faziam a guerra
É importante saber quem você é
Neste mundo onde ninguém sabe de nada
Que da calada da noite
Nasce uma manhã calada
De morte e vento
De mentiras e escadas
Onde a palavra armada
Tomba
É importante saber
Que ao fundo, acima da vela da tarde
Fogos de artifício são bombas
Egípcios
Hititas
Fenícios
Filisteus
Romanos
Gregos
Babilônicos
Persas
Medas
Caldeus
Druzos
Árabes
Judeus
De quem é a Terra?
A verdade é que o Homem passa o seu tempo esperando aquela coisa que vai mudar a vida para melhor.
A verdade é que essa coisa que o Homem acredita vir mudar a sua vida nunca vai chegar!
Então levante da cadeira em que espera e saia por aí, vá sambar, vá dançar a felicidade que existe em não
esperar que algo venha mudar sua vida.
É aí, que a sua vida muda!
Eu descobri o que faz a humanidade ser tão perdida em seus atos e comportamentos. Os hinos dos países foram mal escolhidos. Um hino é algo cantado por todos, nunca por obrigação e sim por amor. E já respondendo aos que amam nosso hino nacional, nós não somos cachorros para cantar algo ensinado, a nós domado, a massa canta o que decide cantar.
O hino dos EUA não podia ser o que é! Tinha que ser obviamente um Rock and Roll. Porque não o jazz? Ora, porquê a música que mais sintetiza o americano não é o Jazz. O Rock mistura tudo! Pegue todos os estilos musicais americanos do norte e você vai ter o Rock and Roll! Mas, pensando bem... o Jazz também podia ser....
O hino francês é o único que tem alma de hino. Pena que o que ele prega não é o que realmente aconteceu muitos anos depois da Revolução Francesa, e os franceses ainda não chegaram lá!
O hino inglês também não está legal. O hino inglês se não for um folk pingando uísque e bêbado de gim, cuspindo uma letra endiabrada mal apalavrada, se caindo pelas calçadas e se agarrando em postes inexistentes, não serve.
O hino do Brasil deveria ser um samba! Esse negócio de "Ouviram do Ypiranga, etc etc etc bla bla bla é uma chatice. Hino é uma coisa a qual precisa saber representar um país. Hino é temático! Uma escola de samba representa muito mais o Brasil que qualquer Dom Pedro.
Alguém aí se deu conta de que mesmo de olhos fechados a gente continua enxergando? Enxergar nossas pálpebras por dentro. E que o povo é burro mas quer Verdade? O povo é burro mas mesmo os mais burros querem saber a verdade. Ninguém quer ser enganado, especialmente na Arte. Ser enganado artisticamente é equiparado ao ser mais "unintetelctual" de todos os tempos. A burrice é suja. A burrice é pior que a pobreza. É a pior das pobrezas. E um artista quando escerce o seu ofício ele tem que fazer como se faz na latrina: se faz com verdade.
Hoje o mundo está uma merda. Todo mundo sabe disso. Mesmo quem gosta do mundo do jeito que é hoje em dia sabe que esse mundo está uma merda. E isso em grande parte por causa da explosão demográfica e pela Era Digital, que por sinal - é uma merda. Mas Hoje, nem menos que hoje, você - artista qualquer - pode exibir a sua verdade a milhões e milhões de públicos dos mais diversos. E tudo sem sair de casa. Não é importante ser bom, nem ruim, nem rico, ou pobre, se a guitarra é Fender ou Del Castilho, alguém sem qualidade estética alguma. O que é importante é o que tem Verdade dentro. Querer ver a Verdade de perto é uma característica do público. Já ao artista cabe o dever de se entregar completamente à sua platéia que só torna-se platéia se vir um palhaço na frente e no alto, cantando. O palhaço é o artista!
Mas não é legal isso? Porque, afinal ontem abriu-se a portas de um zilhão de pessoas, passando umas pelas as outras, se atropelando, se amando, se conectando e quando se foi ver era tudo uma amalgamada coisa só. O ser humano hoje em dia, mais diversificado é extremamente mais coeso, pois a confusão é uma só, não são duas!
Hoje em dia, botando a bunda pra fora, ou espirrando a alma nas pessoas, de uma forma ou de outra o sujeito pode mostrar pra todo o mundo o artista que é.
Todo homem no dia de sua noite de núpcias deveria só transar com sua mulher depois de dar um-dois. E digo mais! Nem precisa, quer dizer, nem deve ser na noite de núpcias. Tem que ser na primeira vez! A maconha dá ao ser humano a percepção da realidade. Enquanto o álcool dá exatamente o contrário. As Cannabis Sativa ou Índica, tanto faz, dão à realidade a noção devida ao homem que a vê. Se você pega na mão de sua mãe você sente a ligação total entre dois seres que na realidade são iguais. Vou além, são exatamente o mesmo, um só. A ganja dá ao homem a percepção dos detalhes. Os poros do tempo! A maconha é lenta e talvez por isso te faça perceber. Por isso uma homem só deve comer a sua mulher se estiver doidão. Porque só aí ele vai saber realmente como ela trepa, mas vou bem além! Só assim ele vai saber, não apenas, se ela é o que você deseja - sexualmente e não - , vai saber se ela REALMENTE o deseja, e vai, de uma dessas formas ou de outras, saber como ela te vê, e como você a enxerga. Você não vai saber, mas vai perceber o que ela pensa.
(Texto escrito completamente doidão depois de meses sem e entre a primeira e a segunda baforada.)
Não... Não...
Eles hão de nos encontrar!Para as crianças eu desejo mil barras de chocolate - não! - rios, mares de chocolate com peixes de jujuba e corais de pipoca colorida. E algodão doce, que duvido que elas saibam o que é hoje em dia, mas eu desejo. Porque desejo a elas que se imersam em nuvens azuis ou roxas ou vermelhas. E que suas camisetinhas sejam tatuadas de balões de gás, e que as levem bem pra cima para o espaço sideral, e que no caminho elas deem tchauzinho para os passageiros dos aviões, e para os pilotos presos em suas janelinhas adultas, e que essas janelas sejam de açúcar, e que imensas cegonhas sejam avistadas a mandar beijinhos com seus bicos pontudos e suas barrigas estufadas carregando próximas criancinhas lindas, e que ao descer do espaço sideral as crianças aterrisem calmamente em campos de alecrim e florestas de carvalhos bons de escalar, e que neles encontrem sorrisos enigmáticos de gatos da Alice, e que chuvas de cartas enbranqueçam os vales e desenhem estradas que levarão ao Sol, e que o vento toque sonatas de caixinhas de música, e que trovões emitam grossas risadas tão gostosas que deem soninho e que com esses trovões chuvas de chicletes anunciem furacões de risadas, e que paisagens troquem de cores deslumbrando olhinhos cada vez maiores, com seus cílios coloridos por fadas artistas e que reis e pumas deem as mãos num círculo festivo onde uma banda de música metafísica embale todo o universo até que enfim, apesar de ser fim, nada disso acabe, ou talvez acabe num eterno ir e vir de começo e fim, e fim e começo. E que se deem as mãos de algodão, macias e transparentes, tão assim, que possa se ver o sangue dançando e o coração aplaudindo o mundo numa explosão de alegria e felicidade, e que tudo siga o fluxo de um rio de suco de uva, onde um dragão rosa com pintinhas amarelas anuncie a tarde. E que, por fim, nunca seja tarde demais.
A humanidade é desesperada. Será o amor? Será o Sol queimando a retina? Será a busca? Que busca? A busca pelo que não se conheçe não é busca, é desespero. Como procurar algo que não se sabe nem o que é? Isso muito me aflige e buscarei algum paliativo algum dia se tiver a coragem disso. Mas já senti o que John Lennon escreveu tão perfeitamente "eu sou ele assim como você sou eu e nós somos todos a mesma coisa". E foi lindo sentir isso. Clamo por sentir isso de novo!
A humanidade é perdida. Porque estar à procura de algo que se desconhece o porquê, nem o quê, nem o quando, nem o onde é estar completamente perdido. O homem estava parado na rua quando um carro passou, um sujeito dobro do seu tamanho o pegou, o jogou no porta malas e sai desenfreado rasgando a esquina, um som insuportável de giz no quadro negro nil vezes mais forte, duas mil vezes mais irritante. Esta é a humanidade vivendo o seu ponto de interrogação. Tudo que acontece no mundo é regido pela falta suprema da informação. Há um anjo à solta que nos olha de cima e sorri compassivamente nosso caimento. Não é um anjo malvado. É um anjo apenas. Não há mais informações sobre isso.
Eu escrevo aqui as palavras ditadas pela minha insônia. Dormir pra quê? Quando há tanto para pensar, desvendar. Deslindaremos o labririnto sem portas, sem solução. Um eterno jogo de Paciência que nunca termina. E no rastro celebre de uma rua dourada nossas vontades e aterramento se encontram num poste de luz amarela, e ele nos pede enfim que desvendemos uma charada à qual, não decifrada, não passaremos à lugar algum.
Eu adoraria apertar um botão e mudar meu pensamento. Mas no momento isso é impossível, e talvez seja sempre. E a comezinha esperança de que um dia eu possa me afundar em fontes de caleidoscópios mágicos se perde no medo físico da doença, da tonteira da alma, que me faz olhar para a esquerda quando meus olhos se viram para a direita.
A torneira insistentemente pinga
É essa a chuva ou é desse o homem?
Quem sabe é a última moringa
De onde sai a água que se come
A alma vale ouro
Mas o ouro vale a alma?
Onde fica o tesouro?
Não posso saber quem me ama
Sou cego, ao Homem tudo é escuro
Só enxerga a alma
Once I left a dream
I am talking about New Orleans
So far away from me
Now I can see
Those were not very happy times
Cause I left a dream
A very deep dream
Down in New Orleans
One day when the sun rises
There is a place I gotta be
And tho I in my mind I am still there
I will have t go back
And snap out of that dream
In New Orleans
Quando o sono cessa e a noite já não cai em meus olhos, eu tomo um chá na esperança de um regresso à cama amada. E penso no que me consome, se sou eu mesmo ou é o sono vindo. Às vezes sim; às vezes não. Toco o violão, que respira. Peço pra me ninar, mas ele dorme fundo. Tomo o chá. São três da manhã e eu juro que não é insônia - é enfatuação.
Bebo o chá. São três saquinhos pra ver se surte efeito. Bebo o chá. Consumo a flor de camomila. Mas, acho, ela é que me consome. O chá nos consome, nós só o bebemos. O que nos alimenta a alma nos consome. Nos gasta. E esperamos ser muito consumidos, gastos, extremamente gastos, e assim quem sabe dormimos.
Sinto o gosto da planta. A planta tem gosto de universo. Tem o sabor de quinhentos milhões de anos. Foi feita por estrelas que explodiram há trilhênios e delas algum pó de ouro foi atirado ao espaço, lançado com o destino a mim. De estar em mim em algum momento. Existe ouro na gente, só não o encontramos. Meu chá áspero é alquimia de estrelas. E espero que esta alquimia me leve de novo pra cama com saúde.
Assim quis o destino - pois nada ocorre à toa - pois quis o destino que eu neste momento estivesse tomando o chá de milênios. A planta, nasce, cresce e não morre. Eu bebo o chá e cantarolo uma música atonal. Músicas atonais me mimam. Pelo menos tentam. Raramente conseguem me fazer dormir, mas é a única coisa que me liberta o pensamento. Minto - meu pensamento nunca está livre, mas pelo menos descansa um pouco. O chá e meu pensamento me ajudam a não pensar muito. Pensar machuca.
Eu poderia estar bebendo, eu poderia estar fumando, eu poderia estar matando, roubando... Por favor passageiros estou tentando ser honesto e não matar ninguém! Meu desespero resta em balas de pensamento. Meu sono vale um real. Alguém poderia comprar-me o poder de dormir quando preciso? Sem a ditadura do cansaço, sem a tirania do sono verdadeiro? Tomo o chá.
...., ...., ...., ...., respiro. Quem sabe consigo meditar. Meu transtorno não me permite meditar por mais que três respirações. Passo a pensar em algo. Na cortina, na vida, no jogo de futebol que nem vi, pior! nas notícias da semana, no caos do mundo! Assim não durmo. Gostaria de chegar ao nirvana. Tão difícil isso... Por isso Kurt Cobain era tão barulhento. Quando medito minha pele começa a coçar. Tenho certeza de que é de propósito! Meu corpo testa a minha paciência. Minhas perebas sabem. Esperam o momento certo de jantar.
Escrever me tira o sono. Mas me relaxa, ou não - ainda não descobri. Talvez quando eu fechar meu caderno "virtual" eu durma. Ou tome outro chá. Meu chá já terminou. Terminou comigo. Sou eu que bebo o chá ou ele que me consome? De acordo com a experiência milionária de anos antigos penso que ele me consumiu. Mas a ideia é essa. Ser tão consumido que cansado eu durma.
Um dia um velho me contou uma história. Havia uma folha que caiu de uma árvore e ao atingir o chão olhou para cima e viu que não teria como subir de novo, voltar para onde estava. A folha respirou fundo o seu destino e soltou um imenso suspiro de gás carbônico. Naquele momento passou uma formiga e a pegou nas costas, e essa formiga subiu a árvore. Quando chegou lá em cima quis comer a folha. A folha implorou que a deixasse em paz. A formiga era gente boa e aceitou, mas pediu algo em troca. Pediu que não contasse para as outras a sua bondade. A folha jurou que não contaria e assim selaram um destino. De repente trovões rugiram e uma chuva torrencial levou a folha de novo ao solo. Mas desta vez não ouve suspiro desesperado, pois assim o destino quis, e quando o destino quer não há nada que se possa fazer. Mas como o solo estava molhadinho, e havia ficado bem macio e gostoso a folha adormeceu. Aconteceu então que com a chuva eis que brotou uma semente bem embaixo da folhinha. E esta semente cresceu e se transformou em uma frondosa árvore levando a folha de volta para cima. Assim é a vida, e esta história foi inventada por mim neste momento e não por um velho. Pois assim é: quem escreve mente. Vou fazer um outro chá. E eu espero conseguir dormir pelo menos mais duas horinhas pois essa história me deu um soninho. Beijos e até outro dia.
Abriu a porta com a facilidade de um tonto. Apalpou a parede com a mão esquerda. Parou em pé, cambaleante, olhou para a frente. Os pés traçaram um mapa mental. Deu um passo no espaço e descambou pelo lado. A cabeça começou a andar fazendo alguma força para a esquerda. A cabeça é o órgão que anda.
Seguiu com a calma de um labirinto. O vento como guia foi levando para o próximo banco. O tempo era astigmático. O valor das coisas mudou. A rua seguia seus pés, e não o contrário. Um carro parou pra dar passagem, depois buzinou e xingou. O asfalto estava na cabeça e não no sapato. Um chapéu imaginário era feito de chumbo. Ele tombava para a esquerda sem ser canhoto. O cérebro tem seus mistérios. Seria ansiedade? Seria a passarada neurológica? Não bebia e não fumava. Tentou se segurar num corrimão que fugia da mão.
Entrou num taxi. Para onde o senhor vai? Tanto faz. Quem não tem lado não tem direção. Quem não tem direção não tem lado. O destino só existe no chão. Seria o trabalho? Seria uma pessoa? Seria eu mesmo? A tonteira é evasiva e calada. O luar passa a ser curvo. O Sol brilha ao lado. O sinal de trânsito está sempre na outra rua.
Existe remédio para a vertigem da alma? Camus escreveu um livro teorizando a vertigem como a vontade de se jogar e não o medo de cair. A filosofia sempre fala em zigue-zague. Cair não é importante. O importante é a queda. Que vento o levou? Que amores o perderam? Que fundo não chegou? Estar tonto ainda é estar vivo. Que bom! - pensou. Estou vivo, sei onde chegar, mas não chego! Paul Simon provavelmente estava tonto quando escreveu Slip Sliding Away. Grande música. E tombou para o lado do mundo que acaba. Sabe Deus o que faz. O homem não sabe nada. Anda e escorrega em si mesmo. Tropeça na vida e cai no destino. O destino é como se anda, caindo pelas ruas, assim como caiu Edgar Allen Poe. Um dia a gente levanta! A médica diz: calma, um dia o corpo acostuma! Será que um soco na cara da médica seria a cura definitiva? Provavelmente.
Existe algo nos cascos dos cavalos que os levam
Assim como a cor do mar é estrada para peixes
O Sol da montanha se põe nos seus olhos
E atrai multidões de espíritos de pássaros antigos
E o sal da noite faz sorrir uma lua de pó de giz
O universo se expande para lhe abraçar
A eternidade existe para lhe acalmar
E a destemida relva amarela é feita de tinta a óleo
Pintando o caos e abrindo as portas dos labirintos
Peço que nesta manhã que ainda não desceu de sua escada noturna
Não desça simplesmente, como João e Joana, mas que caia!
Que caia em sua frente em lágrimas de felicidade
E de uma vez por todas lhe explique
Que o abraço é de amor, e que o universo se expandirá
Por sua causa!
Andava pelo parque e não via nada. Sentava num banco e não via nada. Ao seu lado, bancos vazios sem nada. Era de noite e de noite não há nada. Uma garota passava pela sua frente com o seu cachorrinho e isso não significava nada. Ele olhou para o céu e viu estrelas que tão longínquas não significavam nada. Tirou do bolso o celular, apertou uns botões virtuais que não pertenciam a nada. Ao longe uma sirene tocou, um carro passou, um ônibus vazio e mais nada. Pensou na vida, na existência, no planeta, no caos e não entendia nada. Um mendigo estendeu a mão e nada. Uma lágrima tentou se livrar de um olho e nada. Como é difícil chorar. Levantou e foi pra casa. Entrou no prédio vazio, subiu as escadas vazias, tateou as paredes brancas escurecidas pela escuridão, tentou um interruptor e nada. Puta que pariu, mas que merda de nada! Entrou no apartamento e foi dormir.
Os germes se escondem
O que é pequeno se esconde
E nós nos escondemos no fim de um universo onde nada nos encontra.
* * *
Germs hide
All little things hide
And we hide ourselves in the middle of a universe
Where nothing can find us.
A vida é injusta ou o ser humano é que não sabe o que quer. O pintor gostaria de ser músico; o músico adoraria ser pintor; o escritor quer ser ator; o ator quer ser escritor; o cineasta é um ser frustrado pois queria ser tudo; o famoso procura o anonimato.
O vento não arrasta qualquer um. É preciso estar exposto ao vento. Alguns têm a sorte de estar na rua quando um tornado ataca, e morrem. Outros dão o azar de estar em casa, ou protegidos, e nunca morrem mas perdem a grande experiência de voar. A vida é injusta como o bacon. Uns comem até morrer e vivem; outros são vegetarianos e se vão bem cedo.
O feio é um sujeito feliz que não descobriu que é feliz. Ele se torna bonito quando descobre a própria feiura. O bonito tem que fazer força para não ser medíocre. Não há nada pior que a beleza e a mediocridade juntas. O bonito inteligente inveja o Woody Allen, a barba do Dostoievski, a surdez de Beethoven, a vesguice das mulheres charmosas.
A felicidade é um sopro de atenção e percepção repentina. Ela vem do nada. Surge de uma porrada que algum dá com a cabeça, e um belo dia acorda. No leito de seu coma de dez dias o sujeito acorda para a vida. A morte traz a vida; a vida traz a morte. É um ciclo sem noção, perdido no mistério do universo nos azuis de uma estrela supernova que mata planetas enquanto semeia paraísos.
O avesso se descobre inteiro no canto de um banheiro de uma escola, escondido do mundo, matando aula porque é inteligente e sabe que ela não serve para nada. Que não há de o levar para frente. É o inteligente que se esconde, enquanto os medíocres se matam de rir do que não entendem.
A vida às vezes passa incólume, e enquanto passa tudo passa, e isso é muito ruim. A vida só existe quando o sujeito se dá conta de que sua feiúra tem valor. É horrível ser uma beldade vazia sem nem saber que é. É uma merda fazer parte de rede social. A gente não precisa estar, mas ao mesmo tempo precisamos.
E de tanto pensar uma poesia surge sem saber:
"De tanto carregar cavalos me entreguei aos passos
Sob o Sol do inverno que nada queima apenas a alma
Vou sozinho pelos labirintos do deserto que criei
De tanto não conseguir andar foi em ti que me apoiei
Meu cavalo amado! Meu jumento parvo!
Lanço em vão a minha lança nos meus moinhos imaginários
E espero que este deserto dure para sempre
Pois só assim hei de ter forças para encontrar uma rosa no caminho"
Do people read what I write?
I don't think so
I write about life
I write about dreams
I write about struggles
I write about things
People got their own life
People got their own dreams
People got their own struggles
People got their own things
Why would they read me?
Why would they bother?
Because...
Sitting on a bench
Down the bus station
I go
There I watch the birds fly away
People walk without a dream
Cats jump from the trees
Leaves will bring the wind
Earth will find a way
And I go
Sitting on a bench
On a quiet afternoon
Soon will be nighttime
People will close their doors
And the night will rest their souls
And I go
Far away from me
There is a girl who often looks
A dog insists on barking
A flower will catch the moon
When the last car passes by
And the last poor man arrives
Through the singing flashing stars
And I go
Oh Lord, where am I
I could feel my feet forever
Stuck in the dirty mud
Where not even ants dare walk
Where I am only me
Where else could I be
I think of all the things
I have done in my life
My fate is like the wind
It screams right inside my ears
I go
Um dia ele quis ser passarinho e cuspir em todas as cabeças que visse de cima. Até que um dia ele virou pássaro. Mas quando esse dia chegou ele não quis mais cuspir em ninguém. Achou que havia alguma relação entre as cuspidas e seus desejos e sentado do alto de uma pedra ele refletiu sobre isso. Ele chegou à conclusão de que a vontade de cuspir nas pessoas devia ser a vontade impossível de sair do chão. Quando enfim saiu e alçou vôo já automaticamente a vontade passou.
E do alto da pedra viu o Sol refletir em suas asas com força, e sua luz branca junto com suas penas brancas se despejaram pelo céu azul e ele pensou que a liberdade é algo que nunca cansa. E assim ele subiu, subiu e subiu e ultrapassou as nuvens da esteira do horizonte, e subiu mais ainda, e mais, e mais, até que passou por todas as nuvens e encontrou a linha que divide o céu do espaço e sentiu que já não havia mais ar para se sustentar em vôo e pensou se tinha mesmo liberdade e sentiu o claustro da Terra e a gravidade o puxou com mais força como se fosse um abraço de saudade e era isso mesmo, o planeta sentiu falta dele e começou a cair, e caiu, caiu e caiu como se caiu num porre mágico, e ébrio seu cérebro começou a criar, e criou e criou e criou sem parar até que se extinguiu em pensamentos universais e quando o ar voltou a existir flutuou e rolou pelo vento até uma praia branca e deserta como suas penas plácidas.
E ao longe viu uma casa e caminhou (pois estava cansado de tanto voar) até a casinha. Era uma casa de madeira muito bonita e pintada de cores diversas que atraíam beija flores em busca de mel. E nesta casa entrou por um buraquinho redondo desenhado na parede de madeirinha e uma vez que entrou não conseguiu mais sair. E ele pensou de novo na liberdade e como era bom estar livre, e entristeceu a sua alma por saber-se livre porém preso numa casinha de madeira. E bateu nas paredes desta casa com todas as forças que tinha até que nada aconteceu então ele desistiu e sentou-se no canto de uma parede da casinha de madeira e se resignou em sua prisão.
Isso durou um tempo até que ele pensou. E ao pensar ele se sentiu livre novamente, e de tanto pensar teve a ideia de sair pela chaminé da casinha que ele não percebera antes de tanto que pensara no buraco. E lembrou que existem buracos onde se entra mas de onde não se sai, porém uma chaminé é algo que é feito para se sair. E se sentiu fumaça e fumaça ele virou, e assim saiu pela chaminé.
Uma vez em cima da casa ele teve vontade de voltar a ser gente. E sendo assim ele virou uma mulher. E pensou que como mulher sua liberdade seria restringida. Foi nesse momento que ele deu à luz a algo melhor que ele, e assim se sentiu livre de novo, pois se podia conceber então tudo ele podia. E deu um filho, depois outro, depois outro e depois mais outro e quando cansou ele (que era na verdade ela) começou a andar para longe. Percebeu então que os filhos o seguiam e viu de novo sua liberdade ir embora. Mas o amor era tanto que isso não importou.
Existe um puteiro em meus sonhos. Volta e meia quando durmo eu o visito. Ele é rosa com preto, e possui uma entrada meio corredor metido em brumas e uma piscina grande e disforme com águas quentes de onde emana um vapor idílico que dá cor e ausência a esse lugar. Nesse puteiro sou sempre recebido por uma prostituta morena clara de cabelos pretos e longos e que me recebe e sempre me leva para a piscina onde ficamos conversando muito. Não lembro mais nada. Apenas que conversamos.
Várias vezes sonhei com isto. Existem sonhos que são insistentes como se existissem de fato além da imaginação e talvez sejam reais. Alguns me acalmam muito e outros não. Este puteiro e sua meretriz me acalmam. Consigo uma compreensão e um carinho que ainda me falta receber em vida. Lembro-me, neste exato momento enquanto escrevo, que existe uma porta preta em meio a todo esse rosa avermelhado do puteiro e que é por onde passo até chegar na mulher e na piscina. Algumas vezes o visitei com um amigo imaginário que não sei quem é pois não recordo sua face. Sei que se diverte com outras e recebe amor de algum tipo também, porém meu contato com ele se resume à decisão e entrada no puteiro apenas.
Depois de tanto conversar com a mulher eu acordo ou mudo de sonho, mas volta e meia retorno. Não sei bem quantas vezes sonhei; talvez tenha sido apenas uma vez, ou várias. É impossível mensurar coisas do tempo e constância no campo dos sonhos. Talvez tenha sonhado apenas uma vez; talvez tenha sonhado por várias noites diferentes. Não há como saber. Por vezes sinto muita saudade de lá, e dela. Muitas vezes desejo me perder naquele lugar calmo e tranquilo por onde eu fujo do mundo insano que me rodeia e me cansa.
Gostaria de encontrar com ela esta noite. Mas não sei o caminho. Nem sei também se ela me faz bem, ou se na minha cabeça qualquer beijo é carinho. Espero um dia, quem sabe, se Deus quiser, conseguir entender mais a minha mente, que parece me poupar de certas coisas, traumas e decepções; outras vezes me avisa de tudo que se passa. Talvez esse sonho seja só uma metáfora de algum sentimento guardado em alguma esquina inóspita de alguma cidade misteriosa escondida no peito do meu cérebro. Vai saber...
Ontem eu fiz uma música linda. Mas ela não é minha. Pertence ao passarinho da esquina. Não conheço muitos passarinhos então peço perdão por não poder identificá-lo. Mas tem um canto muito bonito e desse cantou escapou a melodia da minha música que não é minha pois eu nunca me atreveria plagiar um passarinho. Você não sabe mas os passarinhos são vingativos!
Bom, como a música não é de minha completa autoria é claro que divido essa parceria com o passarinho da esquina, que é azul e tem algo de verde e cinza em algum lugar. Mas o mais importante digo aqui: toda a receita ganha com a música será com justiça repartida com o passarinho parceiro. Mas como passarinho, acho que ele não irá fazer proveito de tamanha riqueza. Portanto, eu concordo aqui que vou custear todas as necessidades básicas desse passarinho. E o resto virá pra mim. Eles não possuem essa sordidez do ser humano.
Vocês vivem com uma pessoa complicada, o que eu posso fazer??
Falou pro Poste
Mas falar com quem? Ninguém me ouve mesmo!
Falou de novo pro Poste
Aí o Poste que não era poste respondeu:
- Me empresta 10 reais?
uso e destruo
destruo e uso
vou usando e destruindo
vou destruindo e usando
tudo destrói a gente e a gente destrói tudo
tudo destrói a gente e a gente destrói tudo!
tudo é destruição
destruição é tudo
a gente destrói tudo e tudo destrói a gente
Eu me lembro bem quando eu era menino
Uma vez pensei: quantos anos eu teria no ano 2000?
Vendo que seria na casa dos trinta eu pensei:
"Caramba! Eu com trinta... vou tá fodido."
Hoje o novo menino encontra o velho menino
Um olha pro outro e dizem:
"Quem é esse velho fodido?!"
"Que saudades suas...
O mundo começou a acabar quando Bush roubou descaradamente o pleito americano impedindo Al Gore, que possuía ideias reformistas quanto a futuro de tudo.
Mas, o mundo começou a acabar também quando David Bowie morreu.
Quando Plutão deixou de ser planeta
Quando uma velha senhora não conseguiu atravessar uma rua
Quando o fluminense perdeu de três pro flamengo do Zico no meu primeiro flaxflu no Maracanã.
Ô, menino, se eu te disser que um caldo bem tomado de uma onda doi mais que a morte? Você acreditaria no que estou falando? Eu não sei se acreditaria, mas sim, eu perguntaria, ou melhor, eu afirmaria peremptoriamente que depende do tamanho da onda. Não, não, filho... a morte é a grande incógnita, a imensamente temida, a pior de todas as maleitas existentes, é a final, entende? Mas tem onda que mata, tio!
É, matagal...