você gasta
você sai
viaja
voce paga suas contas
e você trabalha
não para você
mas pra pagar as contas
Existe algo nos cascos dos cavalos que os levam
Assim como a cor do mar é estrada para peixes
O Sol da montanha se põe nos seus olhos
E atrai multidões de espíritos de pássaros antigos
E o sal da noite faz sorrir uma lua de pó de giz
O universo se expande para lhe abraçar
A eternidade existe para lhe acalmar
E a destemida relva amarela é feita de tinta a óleo
Pintando o caos e abrindo as portas dos labirintos
Peço que nesta manhã que ainda não desceu de sua escada noturna
Não desça simplesmente, como João e Joana, mas que caia!
Que caia em sua frente em lágrimas de felicidade
E de uma vez por todas lhe explique
Que o abraço é de amor, e que o universo se expandirá
Por sua causa!
Andava pelo parque e não via nada. Sentava num banco e não via nada. Ao seu lado, bancos vazios sem nada. Era de noite e de noite não há nada. Uma garota passava pela sua frente com o seu cachorrinho e isso não significava nada. Ele olhou para o céu e viu estrelas que tão longínquas não significavam nada. Tirou do bolso o celular, apertou uns botões virtuais que não pertenciam a nada. Ao longe uma sirene tocou, um carro passou, um ônibus vazio e mais nada. Pensou na vida, na existência, no planeta, no caos e não entendia nada. Um mendigo estendeu a mão e nada. Uma lágrima tentou se livrar de um olho e nada. Como é difícil chorar. Levantou e foi pra casa. Entrou no prédio vazio, subiu as escadas vazias, tateou as paredes brancas escurecidas pela escuridão, tentou um interruptor e nada. Puta que pariu, mas que merda de nada! Entrou no apartamento e foi dormir.
Os germes se escondem
O que é pequeno se esconde
E nós nos escondemos no fim de um universo onde nada nos encontra.
* * *
Germs hide
All little things hide
And we hide ourselves in the middle of a universe
Where nothing can find us.
A vida é injusta ou o ser humano é que não sabe o que quer. O pintor gostaria de ser músico; o músico adoraria ser pintor; o escritor quer ser ator; o ator quer ser escritor; o cineasta é um ser frustrado pois queria ser tudo; o famoso procura o anonimato.
O vento não arrasta qualquer um. É preciso estar exposto ao vento. Alguns têm a sorte de estar na rua quando um tornado ataca, e morrem. Outros dão o azar de estar em casa, ou protegidos, e nunca morrem mas perdem a grande experiência de voar. A vida é injusta como o bacon. Uns comem até morrer e vivem; outros são vegetarianos e se vão bem cedo.
O feio é um sujeito feliz que não descobriu que é feliz. Ele se torna bonito quando descobre a própria feiura. O bonito tem que fazer força para não ser medíocre. Não há nada pior que a beleza e a mediocridade juntas. O bonito inteligente inveja o Woody Allen, a barba do Dostoievski, a surdez de Beethoven, a vesguice das mulheres charmosas.
A felicidade é um sopro de atenção e percepção repentina. Ela vem do nada. Surge de uma porrada que algum dá com a cabeça, e um belo dia acorda. No leito de seu coma de dez dias o sujeito acorda para a vida. A morte traz a vida; a vida traz a morte. É um ciclo sem noção, perdido no mistério do universo nos azuis de uma estrela supernova que mata planetas enquanto semeia paraísos.
O avesso se descobre inteiro no canto de um banheiro de uma escola, escondido do mundo, matando aula porque é inteligente e sabe que ela não serve para nada. Que não há de o levar para frente. É o inteligente que se esconde, enquanto os medíocres se matam de rir do que não entendem.
A vida às vezes passa incólume, e enquanto passa tudo passa, e isso é muito ruim. A vida só existe quando o sujeito se dá conta de que sua feiúra tem valor. É horrível ser uma beldade vazia sem nem saber que é. É uma merda fazer parte de rede social. A gente não precisa estar, mas ao mesmo tempo precisamos.
E de tanto pensar uma poesia surge sem saber:
"De tanto carregar cavalos me entreguei aos passos
Sob o Sol do inverno que nada queima apenas a alma
Vou sozinho pelos labirintos do deserto que criei
De tanto não conseguir andar foi em ti que me apoiei
Meu cavalo amado! Meu jumento parvo!
Lanço em vão a minha lança nos meus moinhos imaginários
E espero que este deserto dure para sempre
Pois só assim hei de ter forças para encontrar uma rosa no caminho"
Do people read what I write?
I don't think so
I write about life
I write about dreams
I write about struggles
I write about things
People got their own life
People got their own dreams
People got their own struggles
People got their own things
Why would they read me?
Why would they bother?
Because...
Sitting on a bench
Down the bus station
I go
There I watch the birds fly away
People walk without a dream
Cats jump from the trees
Leaves will bring the wind
Earth will find a way
And I go
Sitting on a bench
On a quiet afternoon
Soon will be nighttime
People will close their doors
And the night will rest their souls
And I go
Far away from me
There is a girl who often looks
A dog insists on barking
A flower will catch the moon
When the last car passes by
And the last poor man arrives
Through the singing flashing stars
And I go
Oh Lord, where am I
I could feel my feet forever
Stuck in the dirty mud
Where not even ants dare walk
Where I am only me
Where else could I be
I think of all the things
I have done in my life
My fate is like the wind
It screams right inside my ears
I go