domingo, 16 de julho de 2023

O Sistema


você trabalha 

você gasta 

você sai 

viaja 

voce paga suas contas  

e você trabalha 

não para você

mas pra pagar as contas 

de outro que também trabalha







quinta-feira, 13 de julho de 2023

Poema de Brisa

 Existe algo nos cascos dos cavalos que os levam

Assim como a cor do mar é estrada para peixes

O Sol da montanha se põe nos seus olhos

E atrai multidões de espíritos de pássaros antigos

E o sal da noite faz sorrir uma lua de pó de giz

O universo se expande para lhe abraçar

A eternidade existe para lhe acalmar

E a destemida relva amarela é feita de tinta a óleo

Pintando o caos e abrindo as portas dos labirintos

Peço que nesta manhã que ainda não desceu de sua escada noturna

Não desça simplesmente, como João e Joana, mas que caia!

Que caia em sua frente em lágrimas de felicidade

E de uma vez por todas lhe explique

Que o abraço é de amor, e que o universo se expandirá

Por sua causa!




quarta-feira, 12 de julho de 2023

Verão Encoberto


Menina bonita coberta de nuvens

Sua grave felicidade é imune

Aos cadafalsos em que te colocam

As correntes que te namoram. 


Menina bonita do rosto desperto 

Impingem-nos um véu de inverno 

Tapam nossa visão do todo 

Mas nos cobrem com muito pouco. 


Vivemos tempos de betume. 

Minha escrita breve e amordaçada 

Tenta tudo e consegue nada... 


Mas eis que sai o Sol de um doce amarelo 

E que coisa louca esse Sol... 

Não é da cor do seu cabelo?





















domingo, 9 de julho de 2023

Nada

 Andava pelo parque e não via nada. Sentava num banco e não via nada. Ao seu lado, bancos vazios sem nada. Era de noite e de noite não há nada. Uma garota passava pela sua frente com o seu cachorrinho e isso não significava nada. Ele olhou para o céu e viu estrelas que tão longínquas não significavam nada. Tirou do bolso o celular, apertou uns botões virtuais que não pertenciam a nada. Ao longe uma sirene tocou, um carro passou, um ônibus vazio e mais nada. Pensou na vida, na existência, no planeta, no caos e não entendia nada. Um mendigo estendeu a mão e nada. Uma lágrima tentou se livrar de um olho e nada. Como é difícil chorar. Levantou e foi pra casa. Entrou no prédio vazio, subiu as escadas vazias, tateou as paredes brancas escurecidas pela escuridão, tentou um interruptor e nada. Puta que pariu, mas que merda de nada! Entrou no apartamento e foi dormir. 

sábado, 8 de julho de 2023

Germes / Germs

Os germes se escondem

O que é pequeno se esconde

E nós nos escondemos no fim de um universo onde nada nos encontra.


                                       *    *    *


Germs hide

All little things hide

And we hide ourselves in the middle of a universe 

Where nothing can find us.

terça-feira, 4 de julho de 2023

Soneto de Solidão

A solidão mais amarga é a da multidão
A nuvem se estica em desespero
A lua tenta alcançar o chão
O fogo do monte conversa com o nevoeiro

O sabor único da canela é solidão
O melhor que existe no mundo sente o seu vazio
A voz do mudo grita em vão
A maior onda da praia deserta escorre seu cio

Não há prisão mais libertária que a solidão
A solidão que liberta o cárcere deseja cantar
E no meio de uma avenida se encontra deserta

Sua estrela solar se apaga em explosão
Sua infertilidade sonha se multiplicar
Seu fim é proscrever a sua própria guerra

segunda-feira, 3 de julho de 2023

Reflexão sobre algo

 A vida é injusta ou o ser humano é que não sabe o que quer. O pintor gostaria de ser músico; o músico adoraria ser pintor; o escritor quer ser ator; o ator quer ser escritor; o cineasta é um ser frustrado pois queria ser tudo; o famoso procura o anonimato. 

O vento não arrasta qualquer um. É preciso estar exposto ao vento. Alguns têm a sorte de estar na rua quando um tornado ataca, e morrem. Outros dão o azar de estar em casa, ou protegidos, e nunca morrem mas perdem a grande experiência de voar. A vida é injusta como o bacon. Uns comem até morrer e vivem; outros são vegetarianos e se vão bem cedo. 

O feio é um sujeito feliz que não descobriu que é feliz. Ele se torna bonito quando descobre a própria feiura. O bonito tem que fazer força para não ser medíocre. Não há nada pior que a beleza e a mediocridade juntas. O bonito inteligente inveja o Woody Allen, a barba do Dostoievski, a surdez de Beethoven, a vesguice das mulheres charmosas. 

A felicidade é um sopro de atenção e percepção repentina. Ela vem do nada. Surge de uma porrada que algum dá com a cabeça, e um belo dia acorda. No leito de seu coma de dez dias o sujeito acorda para a vida. A morte traz a vida; a vida traz a morte. É um ciclo sem noção, perdido no mistério do universo nos azuis de uma estrela supernova que mata planetas enquanto semeia paraísos. 

O avesso se descobre inteiro no canto de um banheiro de uma escola, escondido do mundo, matando aula porque é inteligente e sabe que ela não serve para nada. Que não há de o levar para frente. É o inteligente que se esconde, enquanto os medíocres se matam de rir do que não entendem.

A vida às vezes passa incólume, e enquanto passa tudo passa, e isso é muito ruim. A vida só existe quando o sujeito se dá conta de que sua feiúra tem valor. É horrível ser uma beldade vazia sem nem saber que é. É uma merda fazer parte de rede social. A gente não precisa estar, mas ao mesmo tempo precisamos. 

E de tanto pensar uma poesia surge sem saber:


"De tanto carregar cavalos me entreguei aos passos

Sob o Sol do inverno que nada queima apenas a alma

Vou sozinho pelos labirintos do deserto que criei

De tanto não conseguir andar foi em ti que me apoiei

Meu cavalo amado! Meu jumento parvo!

Lanço em vão a minha lança nos meus moinhos imaginários

E espero que este deserto dure para sempre

Pois só assim hei de ter forças para encontrar uma rosa no caminho"









domingo, 2 de julho de 2023

Because

Do people read what I write?

I don't think so

I write about life

I write about dreams

I write about struggles

I write about things


People got their own life

People got their own dreams

People got their own struggles

People got their own things


Why would they read me?

Why would they bother?


Because... 


sábado, 1 de julho de 2023

I go

 Sitting on a bench

Down the bus station

I go


There I watch the birds fly away

People walk without a dream

Cats jump from the trees

Leaves will bring the wind

Earth will find a way

And I go


Sitting on a bench

On a quiet afternoon

Soon will be nighttime

People will close their doors

And the night will rest their souls

And I go


Far away from me

There is a girl who often looks

A dog insists on barking

A flower will catch the moon

When the last car passes by

And the last poor man arrives

Through the singing flashing stars

And I go


Oh Lord, where am I

I could feel my feet forever

Stuck in the dirty mud

Where not even ants dare walk

Where I am only me

Where else could I be

I think of all the things

I have done in my life

My fate is like the wind

It screams right inside my ears

I go