Esse mundo está equivocado. A cantora não tem que ser bonita, nem o compositor tem que subir no palco e contar piadas, nem o cantor tem que ter olhos verdes, nem o ator tem que tirar a roupa, nem o escritor tem que fazer rir em feira literária, etc.
Billie Holiday era puta e feia. Dostoievsky era um neurótico, viciado em jogo. Balzac morreu trancado num quarto escrevendo até não poder mais. Poe morreu bêbado na sarjeta. Bach foi esquecido por cem anos. Mozart morreu louco como indigente. Quase ninguém nunca ouviu falar de Assêncio Ferreira. Quase todos os grandes músicos de jazz enterraram suas miseráveis vidas na heroína. Aldous Huxley nunca escreveu um livro alegre. Tchekov também não. Os músicos românticos morriam de tuberculose e absinto. Noel compôs Último Desejo, tísico, no leio de morte. Oscar Wilde foi preso e condenado ao ostracismo até o fim de seus dias.
Eu tenho pena deste mundo de hoje em dia, que cultiva a alegria do artista como forma de entretenimento e talento. Toda arte apenas alegre está necessariamente voltada à alienação das massas. Esta arte é burra, e não me interessa. Só vejo beleza na profundidade das coisas, que é o esconderijo do artista, a caverna do mundo, a fantasia que esconde. O artista verdadeiro não é um palhaço tentando agradar uma platéia. O artista verdadeiro é um ser sofredor, que vive sua arte como forma de canalizar e expelir toda a sua dor. Porque não existe arte sem dor. Porque arte dói.
segunda-feira, 27 de dezembro de 2010
Arte
segunda-feira, 6 de dezembro de 2010
Trufas
O amor é uma fruta
Colhida aos ventos.
O amor é uma trufa
Que nasce se escondendo.
Perdida em terra d’alma
O solo a pele tecendo,
Surge quase do magma
Da Terra derretendo.
Surge de uma mágica
Escondida no alento.
É uma desconstrução inversa
A união entre semente e vento;
A solidão tubércula...
A trufa no âmago da terra
Se prepara e tece a fécula.
Quer ser encontrada e espera
Antes mesmo de nascida.
Que fruta é essa (o amor)
Que deve sempre ser pressentida?
quinta-feira, 14 de outubro de 2010
Muita calma nessa hora!
Como é que alguém pode dizer que o estado será laico, nas palavras dela, e ao mesmo tempo dizer que não apoiará a união gay???
Porra! Um estado laico é um estado que não se intromete em religião. Um poder naturalmente neutro é um poder libertário. Essa candidata, que, na minha opinião, não vale os restos que defeca, está obviamente tentando agarrar a direita evangélica e garantir os votos dos ignorantes que ainda vivem na idade média.
Acorda Brasil! Já caímos no poço outras vezes. Mas no fundo desse há um monstro surgindo.
quinta-feira, 7 de outubro de 2010
Pragmatismo
Em português se diz: "Meu amor, você é o único."
Mentira ou não, vai se saber?
Em inglês se diz: "My love, you are the one."
O que leva-se a crer que existe um number two, um number three, etc.
quarta-feira, 1 de setembro de 2010
terça-feira, 17 de agosto de 2010
Fumos
O meio-fio não passa de um pavio fumegante,
E a contra-mão já inverteu direção,
E atira granadas nas pessoas amarradas às calçadas
Fogueiras de pão, torneiras de gás metano, polpas de carvão,
Inundam as feiras das madrugadas
Correntezas trazem o fog perdido de quem não se encontra mais
Mulheres despem seus trajes floridos esborrifando pesticidas
Que matam os homens de nuvens nos olhos
Mas essa não é a única fumaça na cidade
Pois minha cabeça já é uma chaminé.
sexta-feira, 21 de maio de 2010
terça-feira, 6 de abril de 2010
Tempo
É o Sol que brilha na manhã profunda
E a nuvem que pelo céu tece
É a noite dissolvida em cor rotunda
A areia que me arde e cega os olhos
É como a brisa que tira barcos da visão
E um coqueiro, que parado de molho
É a própria vertigem da sensação
A casa que se apóia no fim do declive
Se segura apenas num deslize
E já há muito tempo caiu na imensidão
Como minhas mãoes presas às tuas
Puderam um dia ver-te à ventura
Correr agora em minha direção
sexta-feira, 2 de abril de 2010
Os russos
sábado, 20 de março de 2010
Feijão Maravilha
Sabe o que eu mais gosto de comer no meu dia-a-dia? Feijão. Tem o feijão preto, típico carioca e maravilhoso, tem o vermelho que é uma delícia, e tem o manteiga, que pra mim é o melhor de todos, dentre outros tantos, até verde tem.
Feijão é um negócio tão rico em vitaminas, proteínas, carboidratos, e "etcs mais", que até sucitou o velho e variável-de-acordo-com-a-ocasião-e com-o-protagonista dito: "Pra ficar forte que nem eu você tem que comer muito feijão com arroz, amigo!"
Pois bem. Sabe quanto custa um quilo de feijão? Num super mercado caro da zona sul do Rio de janeiro eu pago, na melhor marca de todas, 6 reais um quilo de feijão vermelho, que é ainda mais caro que o popular feijão preto. Com um quilo eu fiz umas 7 boas refeições.
Sabe como eu preparo o feijão? Eu, 24 horas antes, coloco ele de molho em água pura dentro de uma panela na geladeira. No dia seguinte ele está praticamente "cozido". Não jogo fora a água na hora de levar ao fogo. Não uso carnes no caldo. Apenas boto no fogo com uma cebola e um dente de álho e louro pra dar gosto. Sal e pronto. Fica ótimo.
Fome no Brasil, um dos maiores produtores de grãos do mundo? Quanto custa um prato de feijão bem barato, 0,50 centavos?
Tenho a impressão de que a fome é usada pelos governantes pra fazer política. Pra distribuir bolsa-família, que acaba voltando pra eles de uma forma ou de outra, mas que não sai do bolso deles, e sim do meu e do seu.
A fome brasileira interessa. Há muita gente lucrando com isso. E muita gente desinformada que não "cozinha" o feijão na água.
terça-feira, 9 de março de 2010
Lama em 5
Tá no jornal de hoje, o globo, que o Lula usou dinheiro público pra financiar palanque da Dilma. Filho-da puta! E ninguém faz nada. Quie direito ele tem de usar o meu dinheiro pra cuidar dos seus interesses pessoais? E ela vai se eleger! No mesmo jornal, uma reportagem com jeito de artigo, falando sobre o bandido, moleque, menor de idade, um dos assassinos que arrastou o menino de 6 aninhos preso ao cinto de segurança, num evento de maldade total. A discussão é sobre a possibildade de curar esse delinqüente. Porra! Esse "menor" tem o dobro do meu tamanho! Diz o jornal que ele é "alto e forte". E é menor de idade? foda-se. Pra que gastar dinheiro tentando recuperar um psicopata? O importante é gastar essa verba pública (de novo, o meu dinheiro, o nosso.) pra impedir que novos psiciopatas apareçam por aí. Discutir o bem estar de um psicopata assassino de uma criancinha de 6 anos dessa forma violenta? Em vez de deixá-lo solto por aí, como está, prende-se o maluco e joga-se fora a chave. O Brasil é um país que perde tempo com besteiras. Não dou cinco anos pra a gente estar na lama de novo.
domingo, 28 de fevereiro de 2010
Pra tentar rir
Esses americanos são ótimos. Tão ótimos quanto ambíguos. O mundo os odeia. Eu penso: antes eles que os alemães. Ou os chineses. Mas estes vão chegar lá. Que pena. Os americanos são uns idiotas. Mas ao mesmo tempo são os melhores em tudo. Assistindo ao programa de calouros hollywoodiano "America's got talent", ao qual eu possuía pre-conceito e sei lá o quê possuo agora, ví um negro de NY chorar ao se apresentar cantando em frente aos jurados e público. Vinha de uma história triste, problemas familiares seríssimos, falta de dinheiro endêmica, pobreza mesmo, falta, falta e mais falta... Chorou na hora da apresentação e cantou. Não era um Sam Cooke, mas cantava. Os jurados o proclamaram. Até o jurado britânico, famoso por sua frieza típica brotou água nos olhos. E eu fiquei pensando, que merda a falta de grana. Eu mesmo sem um tostão fico pensando. Que mundo é esse em que o dinheiro é tudo? Meus amigos, a maioria milhonária nem pensa nisso. Ou se pensa o faz de forma superficial, como quem assiste a um terremoto no Chile pela televisão e sofre por eles. A gente só sabe mesmo quando a terra cai na cabeça. O sofrimento é algo que implica em dor. Não adianta entender alguém que sofre. Não dá.
Mas os americanos são mesmo ambíguos, mas eu os entendo, dentro dessa frieza pragmática, a necessidade de fazer algo é latente, porém ultrasuperficial, tudo ao mesmo tempo. No programa eles faziam campanha em favor do desatre no haiti, não apenas mostrando cenas tristes do ocorrido, mas utilizando, de forma ao meu ver, até sordida, as imagens no meio do programa, junto a um cantor imbecil e medíocre vencedor de alguma edição anterior. Mas ao mesmo tempo sabendo empregar essa sordidez, e fazer uma campanha vigorosa de arrecadação de fundos para a desgraça alheia. É o máximo que se pode esperar da ambiguidade. Os caras sabem ganhar dinheiro, e sabem arrecadar. Dá nojo e amor ao mesmo tempo.
Pelo menos algo acontece por lá. Por aqui só mentiras nada amgíguas. Mentiras direcionadas, e um povo cujo pragmatismo é acreditar em balela. A cada notícia, uma nova pizza. A cada novidade uma forma de desviar a atenção pública. Não sei o que é melhor. Só sei que a nossa sociedade é fraca, desunida e individualista. A deles é forte. Aplica o individualismo em prol de um conforto geral. Há que se estar entre os primeiros. Não nos contentemos em ser "em desenvolvimento". Enquanto aqui estamos felizes com o segundo lugar, sendo que na verdade ele é o terceiro, o quarto, o quinto... Nossa sociedade aceita o populismo e acredita no um-por-um-todos-por-ninguém. É isso aí, cansei de escrever, vou dormir. Ninguém vai ler essa merda mesmo...
domingo, 21 de fevereiro de 2010
Lua
Estrela guia...
Estivesse perto de mim
Não me guiaria assim
Lua de queijo
Lua de féu
Escrevo em teus buracos
Crateras no céu
Lua de requeijão
Escorre com a chuva
Mancha meus oceânos
Sua trilha de verão
Lua de cal
Lua equilibrista
Equilibra nossa vista
Nos pinta de amarelo
Lua me olha de soslaio
E eu te sigo afobado
Lua é você dançando um tango
Te persigo e nunca alcanço
quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010
Papel e ilusão
E a vida for chegando perto de chegar
Se lembre ainda resta uma migalha de ilusão
Quando a fome apertar
E tudo for faltando perto de faltar
Se lembre ainda resta uma migalha de ilusão
Vou te contar uma história
O amor vem na hora que tem que chegar
Nada é pra sempre
Mas bem de repente a gente não pode acabar
Quando o vazio chegar
E a música se acabando for se acabar
Se lembre ainda resta um pedaço de papel
E se esse vazio vingar
E a música se calando de fato calar
Se lembre ainda existe um papel e uma ilusão
Vou te contar uma história
O amor vem na hora que tem que chegar
Nada é pra sempre
Mas bem de repente a gente não pode acabar
(Essa é a letra da primeira, ou segunda música, que fiz na minha vida. Quem quiser pode ouvi-la no site: www.myspace.com/alansommer1)
Deixem um comentário, por favor.
domingo, 14 de fevereiro de 2010
Capitalismo
quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010
Lei Besta
É a lei seca. O choque de ordem necessário porém burro.
Eu morei em Los Angeles e lá a venda de bebida alcoólica é proibida à partir das duas da manhã. Lá, onde a lei é mais inteligente e feita pra dar certo, proíbe-se a venda de bebidas independente do estado térmico desta.
Aqui parece que o relevante é justamente a temperatura do líquido, já que se eu estiver afim de me embebedar com uma cerveja quente eu posso e foda-se a lei seca. Ou então posso comprar um saco de gelo, a bebida, e em 15 minutos tenho uma birita ótima dentro do meu carro.
Tô de saco cheio de tanta inbecilidade neste país de bosta.
quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010
É isso mesmo
Poesia suja de estepe
Aquela que você encontra no lixo
Porque o lixo ela merece
Escrever o pós-virado
O suceder do que sucede
O depois do já passado
Aquilo que nem lembro mais
Quero que todos vão à merda
E que a merda vá a todos
Por igual, um mundo desgraçado
Espera suplantar o esgoto
Tá bom, quem vai ler isso pela primeira vez
Vai ter má impressão de mim
Peço perdão, essa não é minha tez
Eu sou claro quando me dá vontade
Uau!
Quem será que coberto pela bruma internáutica, pelas névoas do ostracismo, pelo fog inerente à "virtualidade" vem aqui ler este solitário autor de bobagens e seriedades platônicas?
Sei lá! Esse mundo virtual é uma merda mesmo. Um bando de gente sem a menor qualificação escrevendo babaquices e postando para o mundo sem qualificação também. É, se o mundo não acabar em 2012 a próxima copa do mundo vai ser um monte de merda quente mesmo.
Beijos a todos e vão se foder!
For E...
segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010
Às 6 da matina
domingo, 31 de janeiro de 2010
Sem título
Que martírio escrever sem querer
Sem querer pode ser ao acaso, de repente,
Como que escorregando na poça da rua
E sujando a bunda
Mas sem querer pode ser sem vontade, sem felicidade, sem atração,
Incólome, ou incolor,
Eis a questão
Sou um pássaro voando em marte
Sou um navio fedorento
Quero beber vinho e morrer...
Mas acabo escrevendo