quinta-feira, 3 de dezembro de 2020

Você!

 

Você! 

Pense em você! 

Você não sabe quem é.

Você não sabe onde está .

Você não sabe de
onde veio.

Você não sabe pra onde vai.

Você!

Você está fodido!






quarta-feira, 4 de novembro de 2020

Powder


Powder.
It's all powder.
Our life is powder.
Our love is powder.
Our people - powder!

We are all made of powder
Originated by a reality 
Made of powder too.

One day we will live
To see where all this powder
Comes from

Until then
We will die
And we all be covered
With the powder
From our lives
Our loves
Our people





quarta-feira, 28 de outubro de 2020

Zig-Zag

 

Não sei da onde veio
Nem sei pra onde vai
Mas nossa vida é um novelo
Preso num gatinho
Que anda em zig-zag





segunda-feira, 26 de outubro de 2020

Tem dias

 

Tem dias em que a gente acorda estragado e que a mente funciona ao contrário. Tem dias em que o Sol é Lua, e a Lua vira Sol. Tem dias em que tudo é nada e nada é tudo que você consegue enxergar. Tem dias em que apesar da luz a gente não consegue afinar as pupilas, nada se enxerga, tudo é borrado e a borra mancha a vida. Tem dias em que a vida é bege, nem negra, nem rosa, apenas aquela cor mal entendida, mal explicada, sem vida. Tem dias em que o pastel da esquina vem ao contrário, a carne para fora, a massa para dentro dando engulhos, massuda e intermitente. Tem dias em que as pessoas andam sem andar, em que os carros correm sem ir, em que se chega sem chegar, e que a história do mundo parece uma mentira, e embora seja, ninguém percebe, ninguém percebe, ninguém...

Aos momentos em que eu me vejo a flutuar sem rumo, paralisado no vento que a lugar nenhum há de ir, eu penso sem decidir, porque penso sem pensar, porque minha cabeça parece cheia de terra, e os sonhos e vontades e desejos viajam apenas na vontade de chegar porém não movem-se um centímetro que seja, e a esses momentos eu os chamo de uma palavra que não posso dizer, apenas pensar, pois que ela existe apenas no pensamento, ainda não foi inventada, não está em qualquer dicionário, não se encontra na minha língua física, não pertence a um idioma, não existe no mundo palpável, não é tocável, é apenas pensável impossível de ser dita, pois que reside apenas no campo dos meus sonhos, onde meus neurônios se comunicam em segredo, sem me contar nada, infligindo em mim o desvio da separação entre o que é carne e o que é ar-pensamento, sujeito-etério, e evaporam como éter antes que eu possa captar. Nesses dias meus neurônios brincam e se riem de mim ao me fazerem de idiota, eu num meio de um joguinho de bobo onde a bola tocada por eles nunca se mostra possível aos meus braços, às minhas mãos, e consequentemente ao meu pensamento.

Há momentos na vida em que precisamos escalar a tal montanha só pra sentir o prazer de descê-la. Qual montanha inexistente; parece que pisamos em degraus que não sobem; nos agarramos em postes horizontais que não levam para lugar cima; nos deparamos com vistas maravilhosas apenas desenhadas em muros de quilômetros de altura e intransponíveis. Há momentos em que o tempo corre ao contrário sem que fiquemos mais novos. Há momentos em que os pássaros não migram, em que os aviões voam sem passageiros e em que a chuva apenas destrói nossas plantações. 

Nesses momentos tão solitários vejo a multidão sem me relacionar com ela. Vejo as viradas de ambiente, vejo os campos lindos e floridos sem o menor sentido, e a poesia é uma pílula que se toma e que seu vício faz bem. Nesses momentos não há momentos, apenas a poeira que corre dentro de uma ampulheta que a joga para cima e não marca tempo algum. Nesses momentos eu me olho no espelho e durante este olhar apenas tento focar os meus olhos. Como são bonitos os meus olhos! Não adiantam de nada pois nada consigo enxergar, mas rezo para que eu nunca perca a visão deles. Tão importantes são!

Eu, fixo nos meus olhos, consigo não chorar. O reflexo deles no espelho me impede as lágrimas de alguma forma que não sei como. Olho bem em volta do fundo negro que há neles e vejo a bela cor de azeitona, tão diferente do resto do meu corpo, tão translúcida, tão clara contra a luz, tão enigmática e animal, tão existente e tão inequivocada é a cor dos dos meus olhos, os contornos, os pequenos filamentos coloridos são pacíficos, são inebriantes e tão diferentes que eu penso: de que material são feitos meis olhos? A íris, a vítrea coloração me admira. Não há no corpo humano tal material feito de vidro. Só uma coisa me admira mais - a negra pupila - e isso me assusta. Porque tão escura encerra o círculo e cor que a tenta enfeitar. Pupila onde se pensa gardarmos tudo que a luz nos tráz. Mas não! Pois tudo o que entra se perde em neurônios que jogam bobinho comigo no ar e no vácuo da gordura cerebral e tudo é, senão esquecido, distorcido e inventado pela nossa memória falha e desejosa de algo que nos permita dizer que nos lembramos. 

Há momentos na vida em que buscamos o passado, lembramos, acessamos antigos armários mentais e achamos que estamos realmente lembrando de algo que aconteceu sem perceber que nossas lembranças são diáriamente modificadas pelas nossas vontades, veleidades, impersonalidades, recalques e desejos e até nossa alimentação. 

Eu fecho os olhos e vejo uma flor no deserto sem saber que não era um deserto nem era uma flor. Ou talvez fosse?

Há dias em que é preciso escrever.



O importante mesmo é a… LITERATURA, vitamina da IMAGINAÇÃO ! – CASA DA  CRÍTICA

quarta-feira, 14 de outubro de 2020

A Cruzada de Rua


Uma velha cruza uma rua. 

Quanto tempo demorou para a velha cruzar a rua? 


                         *


Halley e outros cometas

Vestidos beges de seda

Vestígios de bolinhas amarelas

Passeando de almas dadas

Num parque azul de fadas

Um objeto de amor, um anel

E o verso manchado de mel

O caderno de figurinhas

Papel de carta decorado de vizinhas

Compatriotas marchando "à vera"

Manchas de sangue na Vera

A areia quente do inverno do norte

Flores de parreiras que não pulariam a morte

Um vestido azul com chuva de arroz e tudo

O champanhe borrado de dois amores

Um dia o mar virou sertão

Destino de fronteiras e fronteiras de destinos

O galpão a avisar o quanto de memória que há

Apenas o que pode ser será

Não adianta que para trás não se anda


                      *


Foi esse o tempo que ela demorou.



sábado, 26 de setembro de 2020

Facebook

 

Quem dera

O Facebook fosse um lugar

O Whatsapp uma pracinha de brincar

E a Amazon uma loja onde se pudesse entrar


domingo, 29 de março de 2020

SHOW


Come listen to my songs! Live on Facebook, TODAY! Sunday 29 at 6pm (Brasil), 2pm (Los Angeles), 10pm(Portugal).

Assista ao meu show CORONA LIVE - ALAN SOMMER! Hoje! Domingo 29! 6pm (Brasil), 2pm (Los Angeles), 10pm(Portugal).


terça-feira, 18 de fevereiro de 2020

O que sou


Sou um músico em processo de decomposição.

terça-feira, 11 de fevereiro de 2020

Poeminha Social


Povo
Pão com ovo
Povão
Ovo com pão

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2020

Comecei com "Eu" porque Eu quis assim e foda-se!


Eu vou começar este texto usando o pronome "Eu" só porque fui ensinado na escola que não se deve começar uma redação com o pronome "Eu".  A professora que me ensinou foi uma megera. Ela chamava os alunos tímidos e que não a suportavam ao palco da frente da turma e os fazia receber cartinhas de reclamação aos pais que deviam assinar para que ela visse na próxima aula de novo na frente da turma de moleques mimados e viciados em seus lápis de cor caros e importados como se fosse cocaína infantil.

Naquela época eu não conhecia a música do Tom Waits. Eu era muito pequeno e só queria saber de jogar bola e não estudar. Ouvir Tom é como ser surdo com audição. É preciso um lóbulo do tamanho do mundo, quando se ouve o Tom. Tenho a certeza de que o Tom mandaria a minha professora tomar no cu se pudesse - meu super herói musical, Tom Waits. Tom é um super herói sujo de óleo e sarjeta.

Eu (de novo, haha, bem feito professora imbecil) acho que as pessoas deveriam constantemente passar por um polígrafo. Mas não publicamente aplicado por alguma autoridade ou algo que o valha. Eu acho que cada indivíduo deveria ter em seu lar um polígrafo pessoal a fim de checar suas próprias mentiras. Eu acho que a sessão deveria ser privativa e solitária. Eu acho que deveria ser assim, e que o indivíduo que teimasse levar alguém consigo à sessão de poligrafia deveria ser preso pela polícia por revelar suas mentiras a alguém que não o próprio dono da mentira. A mentira de cada indivíduo é como o lixo que ele despeja nas latas da rua para o lixeiro tirar. Cada um tem a sua própria mentira e esta é particular. Não se deve adentrar a mentira de ninguém. Pode-se viver a própria mentira, porém não se deve viver a mentira de outro. Somos como labirintos. Não nos entendemos a nós mesmos nem um centímetro. Precisamos de algo que nos alerte às nossas próprias falácias, mentiras, falta de escrúpulos, falta de bom senso e foscas palavras. Se cada um soubesse quando se engana, o mundo não seria esse lixo que é.

Eu continuo a ouvir o Tom, e no momento é um Blues bem sofrido, como só poderia ser vindo dele ou de qualquer um que cante um Blues sem mentira. Aliás, o Blues é a única música que não mente. Mas o Tom com certeza mente para caralho. Mas se essa mentira é de verdade então ele pode. Se é a mentira na qual ele se transformou então tudo ok. Mas se essa mentira é mais uma maneira de comer uma boceta então não vale de nada. Acho que existe um crepúsculo entre essas duas mentiras. É como um gradiente de alma. Todo mundo nasce achando uma coisa e termina achando outra. A vida enquanto passa vai se revelando de uma cor a outra, seja de uma forma boa ou ruim. Só o tempo pode revelar uma boa mentira, mas o tempo não há.

Eu deveria ter sido jogador de futebol. Apesar de não ter muita intimidade com a bola eu era inteligente. Sempre jogava no contrapé dos adversários. E eu sabia driblar. E eu driblava como um carro que corta um ônibus numa grande avenida. Eu me arriscava, eu era pequeno, mas eu sempre passava. Meu drible era seco. Não tinha muita técnica nem era um truque. Ele era apenas uma passada de bola pelo lado, mas eu sempre passava a bola por cima da perna do adversário, e isso era bonito de fazer. Eu era inteligente.

Eu hoje não sou mais inteligente. Meu polígrafo pessoal mentiu para mim. Não estava bem regulado. Eu passei a vida achando verde e era azul. Achando 8 quando era 2. Minha massa encefálica virou pizza. Mas continuo vivo e levando. Não minto mais para mim mesmo, agora eu conto verdades que não sei se acredito ou não. Até os 40 o ser humano mente, depois ele passa mais 40 anos se convencendo da mentira.

Você, que está lendo esse texto e pensando em como eu sou maluco, ou burro ou que devo estar drogado ou falido pode ter certeza, falido sim, porém o resto nem um pouco. E se você achou a ideia do polígrafo uma idiotice faça o favor de ir ao seu banheiro, olhe bem para o espelho. Esfregue a sua cara no espelho e reflita. Olhe fundo nos seus olhos e nada pergunte, apenas responda: qual a sua mentira?

Gostaria que aquela minha ex professora imbecil que tanto me indignou e tanto me fodeu como um hipopótamo limpando a enorme e russa bunda num pobre e indefeso patinho de um laguinho qualquer, soubesse a mentira que ela ensinou. Pode-se começar um texto como se desejar. Não existe regra nas artes. Nem na vida. Qualquer escola que ensine o contrário, e todas elas costumam ensinar regras e regras e regras, qualquer escola assim merece ser implodida em praça pública. Eu desejo que um dia as pessoas se livrem de suas vestes de merda e se olhem fixas no espelho, e que através deste se encontrem no fundo de seus olhos e que bem lá no fundo vejam as suas mentiras e entendam. Desejo que se sacudam e limpem-se de toda essa poeira deixada em suas vestes pela vida, que pode ser fácil ou difícil, não poupa ninguém de suas indecisões e dúvidas e incertezas que com certeza são ornadas com o ouro de suas mentiras. E EU termino esse texto perguntando ao Tom, pois ele deve saber a resposta, eu não sei: qual é a resposta?



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