domingo, 9 de julho de 2023

Nada

 Andava pelo parque e não via nada. Sentava num banco e não via nada. Ao seu lado, bancos vazios sem nada. Era de noite e de noite não há nada. Uma garota passava pela sua frente com o seu cachorrinho e isso não significava nada. Ele olhou para o céu e viu estrelas que tão longínquas não significavam nada. Tirou do bolso o celular, apertou uns botões virtuais que não pertenciam a nada. Ao longe uma sirene tocou, um carro passou, um ônibus vazio e mais nada. Pensou na vida, na existência, no planeta, no caos e não entendia nada. Um mendigo estendeu a mão e nada. Uma lágrima tentou se livrar de um olho e nada. Como é difícil chorar. Levantou e foi pra casa. Entrou no prédio vazio, subiu as escadas vazias, tateou as paredes brancas escurecidas pela escuridão, tentou um interruptor e nada. Puta que pariu, mas que merda de nada! Entrou no apartamento e foi dormir. 

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