Num momento qualquer passeia pelo espaço numa velocidade alta insignificante tamanha imensidão do Universo. Mas segue, trilhando matematicamente o negrume sutíl e imperceptível que é o espaço afora. Trajetória calculada com tanta perícia que só o acaso pode desrtruir. Mas graças à sorte nenhuma bolinha perdida, nenhuma super-nova explode em seu caminho, nenhum objeto se entrepõe em seu caminho fantástico.
A sonda embora vazia é "tripulada" por centenas de técnicos atentos em Terra. Alguns ansiosos por novidades, aparições, vagos sinais de rádio, outros comendo companheiras no banheiro para relaxar. A tensão de um projeto altamente político e que poderia salvar o mundo, mas salva apenas o "futuro" é grande. Ninguém aguenta tanta ansiedade, mas todos dormem bem com seus remedinhos de bolso.
A atenção voltada é de 24 horas. Vários países alinhados e responsáveis. Preocupados. O que será que terá lá? O que será achado naquele solo estranho e antiquíssimo à Terra. Existirá água? Traços de carbono? Puro metal inóspito? Algum novo naterial? VIDA alienígena? Ninguém saberá pelo menos nos próximos 5 anos de viagem ao "vazio" que nos cerca.
A sonda é equipada com os mais modernos instrumentos, telescópios especiais, máquinas fotográficas...
Cinco anos se passam e o assunto é esquecido nas rodas e charutos dos que sabem ler. Só os envolvidos no projeto, dia a dia, monitoram a grande voyage.
Atenção! É chegada a hora. A sonda acaba de adentrar a gravidade do planetóide obscuro. Um misto de incerteza, loucura e ansiedade tomam o ar do observatório principal. A sonda já sugada pela gravidade, espera-se que em menos de uma hora atinja ponto visível e decifravel pelos computadores. Afinal a missão acabará! Algo será visto, identificado. Apenas a sonda não poderá pousar. Pois pelas análises o planeta é muito gasoso e teme-se a destruição total do projeto caso algo aconteça de errado. Uma próxima sonda voltará nos próximos 10 anos, desta vez com a certeza da solidez necessária para um pouso concreto. Esta sonda apenas coletará partículas flutuantes dessa sutil e fina atmosfera gasosa do planetóide.
A sonda se aproxima. Todos em alerta na sala. Radares bipando, rádios emitindo, monitores enlouquecendo, todos esperando o imaginado.... MEU DEUS! Diz o chefe da missão em Terra: O QUE É AQUILO? PARECE UM HOMEM? Sim com certeza é um homem, não há dúvidas. A camera se aproxima, talvez seja um alienígena. Mas não, é um homem. E é identificável! Parece que tem estatura mediana, cabelos muito curto, ralos talvez... pele branca. A tela agora mais aproximada tem certeza. Não é "marciano". Parece bem semelhante ao Homem comum. É UM HOMEM COMUM! Grita o chefe.
O homem agita os braços. Do planeta, anos a olhar o céu, eis que chega a salvação. O homem agita os braços com mais força, com mais ansiedade, já não suporta mais a solidão social de pedras e gás...
Mas a sonda, como era o programado, coleta pedrinhas de chumbo, e em 2 horas se volta ao negrume do caminho e segue seu destino matemático em direção à Terra "home sweet home". CALMA! Pensa o chefe do comando. Voltaremos em 10 anos....
Os braços do homem se relaxam de cansaço, o pensamento do chefe não chegou aos seus ouvidos... quantos anos ainda há de esperar por um pouso? Será que o víram? Será que ele existe????
Uma coisa é certa: tiraram uma foto.
"Uma próxima sonda voltará nos próximos 10 anos, desta vez com a certeza da solidez necessária para um pouso concreto." Não, muito tempo para quem já andou perdido por tempo demais por universos particulares! O pouso concreto pode vir quando menos imaginamos...a natureza humana é repleta de surpresas, e a ciência nunca supera a vontade. E nem sempre a esperança se apresenta em vestes de "mulherzinha perversa"...alguém me disse que esperança é uma coisa boa. Texto impecável, magnífico, emocionante, e para quem sabe ler além da superfície impressa, especialmente...
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