Talvez a tarefa do "algo" que perambula, às vezes corre, às vezes anda nebulosamente pelo labirinto que sou, seja atingir o coração. Só sei que às vezes esta coisa inumana senta am algum cantinho escuro e berra. Berra tão alto que não há voz capaz de reproduzir. Nem há ouvidos capazes de captar. Apenas os felinos, com seus olhos de luz, torcem os pescocinhos conspiradamente, e ouvem. Às vezes esse "ser" deita, olha para o teto falso deste labirinto que sou e chora. Chora baixinho porque sabe que nunca, nunca vai se livrar dele, e que quando atingir o coração será enviado de novo para qualquer lugar do meu corpo, e que dará voltas e voltas macias, porém dolorosas - a dorzinha da vida.
E isso vai durar como uma missão de reconhecimento dentro de um mar. Onde algo procura o Tesouro. Tesouro afundado numa cratera, escondido num cubículo de algum galeão espanhol, sob altíssima pressão, e que todos têm a certeza de que nunca será encontrado, ou melhor, talvez, desvendado, pois quem sabe se existe mesmo?
O monstro do Loch Ness reside em nós. O Pé-Grande habita em nós. O Bicho-Papão está preso em nosso labirinto e não consegue sair. E não há janela, não há portícula, não há buraquinho de esperança. O que nos move é o monstro que reside em nós. O que nos faz andar todo dia é algo que nos habita e que tenta escapar de algua forma impossível.
Quando este algo acredita na saída, aí existe esperança de se ir até a esquina comprar flores. Quando este "ser qualquer" sabe que seu destino é uma eterna prisão, não se vai nem até o interruptor de luz do quarto escuro em que se tenta acordar, e não se consegue.
E no fim, só a morte salva a vida. Vida que nos encurrala e nos transforma no labirinto que não queremos ser. Afinal, não estamos procurando nada. Há algo que procura dentro de nós. Como uma bactéria benéfica ou não, depende de vários fatores. E isso me entristece porque sinto que não tenho como ajudar, pois sou labirinto, mas não possuo a resolução de mim.
Talvez esta coisa seja Deus. Talvez Deus esteja preso dentro de nós, e não o contrário. Rezo pra que não. Pois tudo que sei é que nada entendo, nada vejo, apenas sinto pontadas na alma. Pontadas de alguém que tenta sair para me dizer a verdade. A verdade que nunca será revelada enquanto eu tiver cabeça.
E me sinto triste por tentar tanto atravessar labirintos de outras pessoas e não suceder. Me sinto triste pela confusão que não posso resolver, e que se volta cada vez mais contra mim. Me sinto triste por que sinto, também, eu ser "algo" buscando saída pelo labirinto de outrém. Visto que isto é impossível sem um consentimento real, e quem sabe a chave dourada do entendimento.
"Rouba-me de mim mesma!"
ResponderExcluirFalar de labirinto já é um mistério quem dirá quando falamos do labirinto de nossas mentes, a parte mais complexa do corpo humano, todos nos temos labirintos, acontece que para uns o caminho é mais claro já para outros não se pode dizer o mesmo, sejam esses por varias razoes... Esse texto me lembra um poema que eu li uma vez (perdido em minha mente) ...irei deixar o link abaixo, junto com o vídeo é possível encontrar o poema espero que goste:
ResponderExcluirhttp://www.youtube.com/user/TheZedekhocan?blend=21&ob=5