sábado, 1 de junho de 2013

Grande Merda

Não sei porque escrevo. Acho que é falta do que fazer. Coloco no meu texto todos os meus erros e meus vazios. É fácil escrever um texto. Qualquer imbecil consegue, se não for analfabeto, escrever. Há analfabetos que escreveriam muito melhor que muita gente boa por aí. 

Todas as artes são difíceis, porém fáceis e vulgares. Você pode não ser o Rembrandt, mas com certeza consegue riscar um pedaço de papel, espalhar umas cores e chamar aquilo de arte abstrata. Digo isso, é claro, sem desvalorizar a verdadeira arte abstrata. Mas que merda é a verdadeira arte abstrata? Ah... se o artista possuir um conhecimento prévio das leis do desenho técnico, das cores, dos estilos, ele poderá ir desconstruíndo tudo até realizar o que um debilóide um dia talvez fizesse sem o menor conhecimento - a abstração. 

Dizem que é preciso aprender para desaprender com conhecimento. Ora, sempre achei isso uma grande bobagem. Algo como trabalhar muito, tornar-se milionário, e um dia jogar tudo fora - porém com conhecimento de causa. Jogar fora bem jogado. É isso aí, mandou bem!

Óbvio que um expressionista tinha que saber desenhar. Óbvio que Picasso não era um merda. Mas tem uma artista - a qual me foge o nome -  que pegou reguinhas circulares de criança e começou a desenhar círculos e mais círculos e hoje expõe em NY. Porra...

Um cara que eu conheço, gente muito fina por sinal, decalca desenhos em tela e depois cobre com tinta, do jeito que imagina. É bom, eu gostei, mas o cara nunca soube desenhar um rosto na vida. Já expôs na Europa. Porrrrrras......

E o teatro? Esse então dá o que falar. É claro que existe o artista, o ator, a atriz, o dramaturgo! Não há de se negar, óbvio. Mas no Brasil, por exemplo, existem uns 200 milhões de artistas. Mentir é a coisa mais fácil do mundo. Talvez mentir sobre o palco seja algo extra... e é! O Procênio! Parece gíria para boceta. Mas é algo muito sério. Não é pra qualquer um! Porém, qualquer um entra lá e faz qualquer coisa. Subir ao palco, depois de tomar umas cachaças e e berrar "Foda-se!" qualquer um faz. E se esse for o seu papel, o seu ato, você pode ser chamado de ator. Sem querer diminuir o metiê. Mas quem leu Asterix vai lembrar daquela "cena" antológica onde os dois (Asterix e Obelix) acabam se juntando a uma trupe de teatro de vanguarda romana, e a função, o papel do Obelix é apenas entrar no final, se postar em frente ao grande público e gritar qualquer coisa que lhe passasse pela cabeça. Ele gritou: "Os romanos são uns loucos!" E assim a trupe foi toda jogada aos calabouços.

E a poesia? É claro que é literatura, mas não é. Poesia é diferente. Pode-se escrever o que quiser numa poesia sob o argumento da licença poética. 

Cansei de escrever. Não vou perder minha madrugada citando todas as artes: seria chatíssimo.  Mas vou puxar a sardinha pro meu lado. Não há nada como a música! Não se abre a boca desafinada e diz-se música. Um violino estriônico não é música, um piano marretado não é música. É claro que dentro de um contexto até merda congelada pode ser escultura. Mas a música é mais pura. A música não é pra qualquer um. Até pra dedilhar um dó maior o sujeito arde os dedos, faz ginástica, e tem que aprender. Não existe samba sem tempo, não existe batuque sem cadência, e isso está no sangue milenar do ser-humano. Um "toc" fora do tempo significa nada. E mesmo uma canção cantada só com a voz e a alma, sem acompanhamento, ou com, permite que se minta o tempo. Mas ele está lá, com a elegância de quem oferece uma síncope, como uma mão fadada a derrubar, ou a socorrer. 

A Música é a deusa das artes. Sem ela nada há. Deus caminha pelo universo através de música. Não é pra qualquer um não. Mesmo essa merda que escutamos dia-a-dia nas rádios e programações televisivas têm música, pois que um ignorante no assunto não consegue fabricar nem um mugido num trombone. Sou músico  e sei que não basta juntar um monte de cola adesiva e chamar de arte-moderna. Não existe isso na música, embora tenham tentado. 

Música, música, música!

Quanto a esse meu texto?  Grande merda.


Um comentário:

  1. Grande merda é muita sorte para os artistas...! Mas gostei deveras do texto, Alan!!!

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