segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Às 6 da matina

Eis a beleza! A beleza... brota num carvão. Na terra, que é merda de astros. A beleza brota num olhar verde, injetado de sangue pelos lados, o verde esmeralda cínico e livre, os vazos pulsando em volta loucos para romper à inundação. A beleza em ti. É linda em mim. Pois eu a vejo. Rascante, me ferindo com fantasia. Seus chicotes enlameados com pedras a-la-bife-a-milanesa. Uma vez conheci uma menina bela e suicída. Os olhos cintilavam mais que a gilete na pele. Um torpor mágico enredando a sua vida. Quem quer morrer se mata de verdade, não tenta. Morrer é fácil, difícil é viver. Eis a beleza. A beleza... é sempre difícil. Ninguém gosta da beleza porque ela é bonita. Gosta-se porque é difícil. O feio é fácil. A beleza nunca. Um mar devasta milhões de seres vivos, alimenta outros, as ondas... explodem como bombas. Matam milhões de microorganismos por segundo. Mas um terreiro de areia pisada, dura, rachada de sol, gasta pelo Nada é feio. Nada se transforma num lugar desses. Não há devastação da alma. Não há nada além de vento que passa por cima, raspando, acariciando, e dando tostões na cabeça. Não estou dizendo que o que mata é belo, pelo contrário. O que se move é belo. A vida se move e se transforma. Nuvens gotejantes por sobre rosáceas amarelas, perfumes de dois bilhões de anos inundando pulmões recém nascidos num campo de gloriosa grama eterna e nunca raspada, montanhas cobertas com o açúcar dos tempos, e olhos e bocas e braços abertos, que se fecham e abrem, e novamente olhos, agora não mais injetados, mas verdes, que é minha cor favorita.

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