Existe um puteiro em meus sonhos. Volta e meia quando durmo eu o visito. Ele é rosa com preto, e possui uma entrada meio corredor metido em brumas e uma piscina grande e disforme com águas quentes de onde emana um vapor idílico que dá cor e ausência a esse lugar. Nesse puteiro sou sempre recebido por uma prostituta morena clara de cabelos pretos e longos e que me recebe e sempre me leva para a piscina onde ficamos conversando muito. Não lembro mais nada. Apenas que conversamos.
Várias vezes sonhei com isto. Existem sonhos que são insistentes como se existissem de fato além da imaginação e talvez sejam reais. Alguns me acalmam muito e outros não. Este puteiro e sua meretriz me acalmam. Consigo uma compreensão e um carinho que ainda me falta receber em vida. Lembro-me, neste exato momento enquanto escrevo, que existe uma porta preta em meio a todo esse rosa avermelhado do puteiro e que é por onde passo até chegar na mulher e na piscina. Algumas vezes o visitei com um amigo imaginário que não sei quem é pois não recordo sua face. Sei que se diverte com outras e recebe amor de algum tipo também, porém meu contato com ele se resume à decisão e entrada no puteiro apenas.
Depois de tanto conversar com a mulher eu acordo ou mudo de sonho, mas volta e meia retorno. Não sei bem quantas vezes sonhei; talvez tenha sido apenas uma vez, ou várias. É impossível mensurar coisas do tempo e constância no campo dos sonhos. Talvez tenha sonhado apenas uma vez; talvez tenha sonhado por várias noites diferentes. Não há como saber. Por vezes sinto muita saudade de lá, e dela. Muitas vezes desejo me perder naquele lugar calmo e tranquilo por onde eu fujo do mundo insano que me rodeia e me cansa.
Gostaria de encontrar com ela esta noite. Mas não sei o caminho. Nem sei também se ela me faz bem, ou se na minha cabeça qualquer beijo é carinho. Espero um dia, quem sabe, se Deus quiser, conseguir entender mais a minha mente, que parece me poupar de certas coisas, traumas e decepções; outras vezes me avisa de tudo que se passa. Talvez esse sonho seja só uma metáfora de algum sentimento guardado em alguma esquina inóspita de alguma cidade misteriosa escondida no peito do meu cérebro. Vai saber...
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