sexta-feira, 29 de maio de 2015

Liçãozinha de Vida


Na vida não tem mais nem menos.

É tudo às vezes.




sábado, 23 de maio de 2015

Alma e Coração


Às vezes me retiro de mim. E como uma gaiola solto o pássaro que nela mora. Ou melhor: vive preso nela. Como uma concha me retiro do caracol que sou, e ando, ando, ando, ando, pelas ruas - livre - , e falo, e converso comigo mesmo sem ser eu mesmo. Peço conselhos à sabedoria que não possuo, finjo ser o mestre, o meu próprio guru flambado em sapiência. Escorro palavras pelo meu futuro como se ele existisse no meu passado. Não penso o presente. Penso alto! E se vou cair, não sei, mas provavelmente cairei de volta à gaiola. Meu medo é comer alpiste para sempre. Meu medo é a imensidão fria e insondável do leito do mar. Meu medo é saber-me ignorante e ao mesmo tempo oracular. Meu medo é ser quem sou.

Existe em algum espaço de tempo (embora o Tempo não há) um soldadinho de chumbo parado em algum inescrutável canto de uma casa antiga construída pelo meu avô. Já ocupada por outros, que duvido o tenham encontrado. Tenho a certeza de que ele ainda aguarda em prontidão. E imagino que nessa eternidade em que ele vive conversa consigo mesmo sobre os futuros e passados. E as pétalas amarelas das flores o convidam a passear nas searas do presente.

Não acredito em ninguém que não converse consigo mesmo, sozinho, perdido, fodido, restante da vida, encalhado numa ilha de tubarões onde só há uma árvore que nunca responde, mas sente. O Homem só tem paz, e na maioria das vezes precisa conversar consigo mesmo, e caminhar a praia de Ipanema como seu deserto do Sahara. Cada um tem o seu mar de areia a gramar. E é certo que ninguém pode nos dizer o que fazer melhor do que nossa própria sombra. É nela em que confiamos, pois que a conhecemos completamente. É na gente que reside a verdade, a solução dos problemas. Conheço pessoas que agem errado e se desculpam dizendo que não sabiam. Pois não é verdade! Todos nós sabemos, no fundo, tudo o que queremos saber e as merdas que fazemos. De desculpas esfarrapadas já basta o governo.

Pois então ande! Ande! E saiba que ao andar você causa o maior conflito universal possível e benéfico que há: o Tempo. E fale! Fale consigo mesmo, pois que a razão das coisas reside no coração e não na alma. Mas é sempre bom ouvir essa tão interessante argumentação entre essas duas forças antagônicas