sexta-feira, 10 de abril de 2015

E Depois no Chapéu

Quase todos os dias em que eu vou me exercitar na praia de copacabana me deparo com a figura muito interessante de um artista de rua, vestido de uma caracterização meio mórbida daquele famoso quadro "O Grito". 

Ele se veste totalmente de preto e seu rosto coberto com a maquiagem tenta imitar (até muito bem) o rosto da obra de Munch. É um homem alto e magro. Coloca um banquinho onde sobe ficando mais alto ainda. Ao seu lado um aparelho de música não muito bom toca lindas peças clássicas de violino, e apesar do som consegue servir bem à sua caracterização.

Fico fazendo meus exercícios e me admirando com as pessoas que realmente param para ouvi-lo recitar poemas e declamar poesias conhecidas, talvez algumas próprias, a maioria de grandes autores brasileiros. 

Entre uma poesia e outra ele discorre suas próprias ideologias de liberdade e tristeza; de solidão e necessidade, como qualquer artista eu consigo entendê-lo. E à partir daqui cito mais ou menos o que consigo emular um pouco do que ele transcorre placidamente enquanto poucas pessoas o assistem admiradas. Na frente um chapéu coleta inanimadamente possíveis moedas. E é exatamente por causa daquele chapéu que escrevo este texto que você lê neste momento, pois muito me impressionaram as contradições da vida. (Peço desculpas, pois este texto abaixo não é exatamente como ele diz, apenas a a ideia que me foi passada, e que eu escrevo através de linhas pseudo imaginárias, portanto peço perdão.)

" Amigos! Prestem atenção! A vida não isso não! A vida não é o que vocês acham que é! Ela é mágica! Mágica que só é possível entender através do grito, da poesia e da música. A arte é o pão, é o que nos faz alimentar. Então não se lamente, não chorem, tudo vai chegar no seu tempo, pois nada há de mais precioso que o tempo. Nada há mais profundo que as poesias dos grandes poetas. A sabedoria é algo escondido, cabe a nós decifrarmos o sentido da vida. A arte é tudo. Quando ela é feita com amor não existe paga melhor que o apreço. Vocês aqui me ouvindo estão aprendendo as grandes lições dos maiores poetas, dos grandes artistas. Não se abalem! Não se julgue! Porque se julgar não é uma lição ensinada pelos grandes mestres. O mundo é um grito. E o grito é um mundo. Eu não estou aqui para ser recompensado financeiramente, eu estou aqui para que você sinta o meu semblante que grita e clama por algo que está em extinção. O mundo se tornou fútil, se tornou materialista, se tornou vazio. Não é necessário o dinheiro, não é necessário. O mundo está se acabando por causa do dinheiro. A vida está medíocre por causa do dinheiro. Se um artista faz sua arte por dinheiro então ele não é um verdadeiro artista, porque um artista verdadeiro faz por que é sua vida fazer. Portanto, não se enganem! Tudo! Tudo neste mundo não vale um centavo!"

E depois no chapéu.

"Muito obrigado amigos pela colaboração..."





sexta-feira, 3 de abril de 2015

O R da Questão



Um erro nem sempre pode ser apagado.

Mas um Erre sim.

O mundo tem que parar de se armar

E passar a se amar.