sábado, 31 de janeiro de 2015

Vagalumes


O amor  é uma faca de dois lumes.




segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Fura-bolo!


A vida bate e volta
Gira e roda
Estica e entorta
Mas um dia a gente se encontra!





sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Soneto de Amor Louco

O que eu sinto por você é indescritível
E sendo assim, pode apenas ser sentido
Sem palavras, sem som, sem variável
É inteiro e pleno e (porque?) fico ferido

O que eu sinto por você é vermelho
Me marca a pele, a boca, o resto
É sangue na veia, íntimo, inteiro
Derramado num mar de calor deserto

Suaremos juntos, quiçá
Amaremos até não aguentar
E assim venceremos...

Seremos o que podemos ser
Amor de dois em um viver
Até o fim dos tempos, foderemos




Soneto de Morte


Chega por trás dos unguentos, das pestanas
Caminhando de leve, plácida, e certeira
À busca da ceifa breve das mundanas
O passo da pessoa passageira

Dobra a esquina com carinho fantasmagórico
Mira por trás da manta o sorriso obliterado
A foice guardada como um braço mecânico
À alma transparente de um afogado

Sinto decepcioná-lo abastado amigo
Amigo que no barco virá comigo
Tocar-lhe-hei com calma, mas com dor

Porque o que dói da vida é deixá-la
E a fé da ferida é curá-la
Porém à morte não existe andor







sábado, 17 de janeiro de 2015

Quem Cuida de Deus?

A gente se esfola
Se esmola
A mão cheia de cola
Bolhas
Feridas diversas
A gente escapa
A gente fumaça
A gente não sabe mais pra onde ir
A gente reclama do que não deu
Deus cuida da gente
Mas quem cuida de Deus?

A gente descola uma farofa
A gente viela na história
Entramos por uma sacola
Saímos por uma portinhola
Escarpas pontudas
A massa gorducha
Não ganha a rua
Como ganha o pão
A gente grita pelo amor de D....
Deus cuida da gente
Mas quem cuida de Deus?

A gente vira paçoca
No meio de uma palhoça
A gente vira e não olha
Notas
Perdidas em algum lugar
Jogamos na Mega Sena
Calculamos a prenda
Ganhamos experiência
Da vida cuidamos nós
Com nossos nós
E nossos pós
E se der  de repente, fodeu!
Deus cuida da gente
Mas quem cuida de Deus?




quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Existem...


Existem postes onde bêbados se penduram
Em noites de sol mal bebidos
Existem dinheiros esparramados no chão
Escondidos num esgoto caído, caídos...
Alguém perdeu esse dinheiro e também se perdeu... deu...
Existem micróbios em minha tez, esperando a vez
De acampar em mim, furar buracos, entre sombras de perebas
Existem solidões e amplidões e amplidões solitárias...árias...
Existem cantores e favores, e lavor, e imensas grutas, falésias, Alésia...
Existem postes em todos os cantos da cidades.
Ninguém sabe, ninguém sabe...
Se são apenas para iluminar a madrugada,
Ou se são para que a madrugada os ilumine
Quem sabe para que o meu amor não tropece
Depois de me dizer adeus





quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Vida Prostituta

Tem dias em que eu só quero uma puta: puta grana; puta história; puta emprego; puta começo; puta felicidade; puta gama de amigos fiéis; puta orgia; puta verdade; puta coragem; puta vida.

Mas o que eu ganho é a normalidade filha de uma puta.

Eu gostaria que toda a normalidade fosse anormal. Porque há muito a normalidade passou a ser difícil, extremamente difícil, uma normalidade vestida de cotidiano, e o cotidiano é perigoso, porque me parece que ele vem com as traças dos problemas e das amarguras do pesar, do mofo que se instala em nossos pulmões, dos calos nos dedos de tanta repetição.

Quero calos que venham de aventuras. Quero a naftalina suprema que combata as bactérias do lugar comum, da zona de conforto - tão na moda em nossos dias. Não quero mais a normalidade das notícias dos jornais. Não quero mais a normalidade das matanças generalizadas, não suporto mais as pessoas se acostumando com tragédias e pestes diárias. Desejo o inseticida da esperança. Aquele que nos mata plenos. O remédio venenoso da estrada que nos levará à algum lugar. Não este! Não este lugar medíocre sem geringonças, onde relógios abstratos marcam o tempo sem erro, sem distúrbio, com tique-taques conformados, sem pena e sem veneno.

Estou cansado desse chove-não-molha dessa vida banal que levo. Pois que a tristeza, e os infortúnios também podem virar costumeiros. E quando cair com o elevador passa a ser costume,  e perdemos o medo, na verdade não perdemos o medo, apenas nos acostumamos com ele. Se acostumar com o problema é viver em um eterno Afeganistão, onde bombas passam a ser fatos comuns com os quais é preciso conviver feliz. Não acredito em felicidade no meio de uma favela.

Quero estar andando na rua e acordar num balão. Sobrevoando o mundo numa lata de sardinha alada. Sem aviso, sem a tristeza brega da existência. Quero que minha existência seja um jogo de futebol, e não um boçal carteado de cartas marcadas pelo destino.

A liberdade reside em ser puta e não cobrar o programa.