domingo, 27 de dezembro de 2015

Poeminha Sólido


Um cidadão pergunta para outro cidadão:
Qual o aumentativo de sólido?










segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

A Casa


Ó Deus, me perdoe, eu fui feliz
Mas perdi tudo, tudo, tudo,...
Não por ser ousado, mas aprendiz

Ó Deus, me perdoe, eu fui abençoado
E deixei passar a vida flores luxo
Não por ser atrevido, mas acomodado

Eu tive tudo e só achava nada
Agora acho nada dentro de tudo
E sinto saudades que me matam
Dia a dia eu morro da euforia
Que nas noites silenciosas
A lua me avisava e eu não via

Sinto a saudade da proteção de paredes minhas
Hoje sinto na carne o corte  da ironia

Que saudade, ó Deus, que saudade das janelas
Que pra mim eram simples, mas não! Eram belas...

Que saudade da escada que eu subia reclamando
Quanta injustiça minha, e ela me segurando...

A casa caiada de branco, o jardim onde fadas se escondiam
Eu podia tudo, qualquer desejo concedido me fariam...

Quanto vilipendiei, nem mesmo percebi o homem que eu era
Criança brincando como um tolo em anos de quimera

Ó, meu Deus, o quanto eu pequei...
Nos amores que lá deixei....

Ó, meu Deus, o quanto me maltratei
Sem perceber que era rei...

Ó, meu Deus, fui mau, fui mau, fui mau!
Quem mais me amou não teve amor igual...

Sinto saudades das esquinas mal traçadas e eu reclamava...
Sem perceber que era por ser um conto de fadas...

Sinto as dores da minha mangueira por mim plantada
Quando uma vez, por estranhos, despedaçada

Nós que tanto cuidamos dela...
Como pudemos entregá-la?

Sinto saudades da segurança da casa amada
Que me protegia e eu não a protegi de nada...

Hoje sei bem, sinto bem, o que só se sente na necessidade
Sei que o que perdi não foi matéria e sim felicidade

E sofro cada noite a ferida como sentinela
De esperar num sonho entrar de novo nela






sábado, 12 de dezembro de 2015

Ninguém se mexeu


Aconteceu num grande teatro de segunda nos fundos de um bairro que havia sido muito nobre mas que agora ninguém mais frequentava além de morar e viver. O teatro era luxuoso, e o luxo sempre sobrevive à poeira das cortinas e ao veludo enferrujado das cadeiras cor de sangue. Na plateia pessoas, na sua grande maioria pessoas velhas, com seus casacos de pele velhos e rotos, e seus bonés de outros tempos, e suas peles amarrotadas de estivadores de grandes embarcações. Não era um público pobre, pelo contrário, eram apenas "amarelados", com olhos lacrimosos e cheios de penumbra.

No palco empoeirado um quarteto interpretava o Quarteto em Lá Menor de Mahler. Você não conhece? Foda-se! Deveria. É de uma beleza sublime e confusa, melancólica como tudo o que estou relatando e que é a mais pura verdade, e que ocupava aquele teatro como os armários de madeira de lei muito escura e os balcões da cor de braços de violoncelos.

O quarteto chegava a um ponto da música, em que momentos dramáticos e outros rapacemente felizes comoviam os músicos além do normal. A música dentro daquele recinto velho e enegrecido pelos anos, como uma catedral abandonada e furtiva, era uma espiral onde almas iam sendo carregadas como que pelo redemoinho de Allen Poe, tornado sonoro causado apenas por três instrumentos doces e tristes - um violoncelo, uma viola, um violino e um piano de cauda longa que interpretavam com maestria a peça inacreditável, e os cabelos dos músicos voavam maravilhosos com o vento que não existia lá dentro, e era tudo tão lindo e tão precioso que o tempo podia parar.

Havia um ajudante de palco, algo assim, que virava as folhas do pianista no segundo exato. Houve um momento então em que ele deu um passo à frente afim de virar mais uma página da partitura e por uma razão desconhecida de qualquer um, por ventura, seu sapato bem polido pisou em algum pontículo lustroso daquele palco imundo mundano e maravilhoso, e enfim o homem escorregou para trás não conseguindo sequer tocar o caderno com as notas da música. Caiu para trás e sua cabeça bateu na cadeira de ferro fundido e madeira indiana rebuscada de capilares esculpidos à mão. O sangue derramou de sua cabeça e escorreu pelo piso corrido, e o homem morreu no ato.

Os músicos continuaram a tocar efusivamente como sempre. Ninguém na platéia se mexeu. E assim acaba este conto.





sábado, 5 de dezembro de 2015

Acordar


Já pensei em escrever um romance. Não acho que valeria à pena. Poucos leriam, ou quem sabe, ninguém. O mundo está cada vez mais aberto e fechado ao mesmo tempo. É como uma síndrome fantástica; uma revolta dos tempos; uma desandada na massa do bolo. Num mundo onde o acesso à informação cultural é total, mesmo assim tenho a certeza de que muitos não escrevem romances pelo simples presságio de que não serão lidos, perdidos na multidão. Mas alguns os escrevem, apesar disso. Eu não.

Nessas horas penso numa palavra: o vocábulo "acordar". Acorda-se todos os dias até o último suspiro. E esse é o fato mais importante da vida, para os que creem nesta aqui e agora e pronto, acaba-se. Não sei se é meu caso, mas isso não importa agora.

Posso estar errado, mas a palavra acordar tem uma etimologia interessante. Existe uma história por trás de qualquer palavra - nada é em vão (olha aí outra!) Nossa linguagem é toda metafórica. O uso das palavras é belo no seu sentido escondido, poético. Perdido no tempo andamos sem pensar que as palavras também se perderam nesse mesmo tempo. Acordar me remete a uma preposição (a, para, etc.) e um substantivo (corda). Os dois transformados num verbo profundamente poético. (Aliás, acabar, escrita no parágrafo acima significa levar a cabo - que tem a ver com corda também, viu? )

Acordar é o que fazemos todos os dias. E todos os dias para acordarmos é preciso agarrar numa corda imaginária e levantar. Para a corda - acordar! Essa corda imaginária de todos os dias vale para todos os momentos, mesmo àqueles em que não estamos dormindo, assim a acepção do vocábulo levado à um nível poético mais avançado, e portanto mais  poético ainda. É a própria linguagem criando braços, se tornando humana, tentando escapulir da gente e se agarrar em sua própria corda num fenômeno linguístico lisérgico. A toda hora nos deparamos com vocábulos da mesma natureza. A palavra "agarrar" é a mesma coisa. Usamos nossas garras de milhões de anos de evolução para agarrar nossa corda diária.

É claro que nem todas são assim, embora eu acredite que são. Em algum túnel do tempo, fechadas nas raízes do passado extremo - aqueles que escondem catedrais metros e metros abaixo da Terra e que só alienígenas hão de escavar um dia na tentativa de nos acordar.

Eu poderia escrever uma tese sobre isso. Ou mesmo um romance preambulado desta forma, mas não. A mim só resta abrigar o que há em mim. Como quem briga e está "a brigar" por alguma coisa que só eu sei, só eu entendo, e que se chama Arte. Como o oxigênio a te inundar de vida: Ar-te.





-sexo- 



terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Pedra


Existe em diversos lugares do mundo pessoas que moram em grutas no meio do mato. Sim, é verdade que dormem em cavernas, sentam-se em cadeiras de pedra, aconchegam-se em leitos de folhas secas, e respiram umidade e têm morcegos como companheiros. ..............   E são felizes.

Onde estamos? Onde está o Homem? Sempre em cavernas, mentais ou florestais. Diferente apenas pela matéria que pode tocar. Porque até a matéria luz do que ele significa deve ser a mesma, pois habitamos o mesmo desconhecido, sempre.

Algumas cavernas luxuosas, outras menos, outras apenas cavernas. A mente em si é construída pelos mesmos azulejos,pelo mesmo cimento - o glúten da pedra! Estica-se a pedra conforme se pode. Reveste-se a pedra para que não pareça pedra; ou expõe-se a mesma para que pareça pedra bonita, pedra de lei, cara rica e rara, Carrara.    .................  E são felizes.

Mas o que há? Tudo é pedra e buraco nela. Vive-se em pedras como pensa-se em pedras. Nosso cérebro nada mais é que um paralelepípedo que pensa pensar. Pensamos ou simplesmente nos entupimos de massa branca? Moldamos nossas esculturas de acordo com o que acreditamos, e o que acreditamos é o que nos fizeram acreditar - aqueles seres de pedra.

Não é à toa que somos, cada um, cientificamente comprovados poeira de estrelas.

Pedra.




segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Haikai besta



Espelho espelho meu 
Existe alguém mais fodido 
Do que eu?



sábado, 14 de novembro de 2015

France


Será a grande tristeza do ser

Morrer todos os dias

Pra conseguir viver?



segunda-feira, 26 de outubro de 2015

segunda-feira, 12 de outubro de 2015

Ponte de Mar


Eu gostaria de ser um tijolo
Ai, eu construiria uma casa
Eu gostaria de ser uma árvore
Ai, eu daria frutos de verdade
Eu gostaria de ser um coração
Ai, eu me daria pra você cuidar
Eu gostaria de ser vento
Ai, eu flutuaria coisas e derrubaria outras
Eu gostaria de ser um violão
Ai, eu envelheceria sem morrer
Eu gostaria de ser um braço de mar
Ai, quem sabe, talvez você passasse por mim




sábado, 19 de setembro de 2015

Alucinação

Se tua beleza é pote
Eu sou água
Se tua ternura é flor
Eu sou pólen
Se tua alegria é rio
Eu sou água
Se deságuas em mim
Sou tesão
Pois sendo tu, ele
Eu sou







sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Breve


A vida é breve
Quando a pessoa morre
Antes que a morte a leve.






quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Resposta à Insônia


Ai...insônia filha de uma puta! O quê quer de mim? Me lobotomizar? Não deixarei! Me assassinar? Não deixarei! Fazer meu tempo se esvair mais rápido? Fazer-me signatário de minha loucura,  me amarrar louco de vez? Conjurar meus sonhos? Implantar seu insidioso chip nas minhas orelhas? Padronizar meus pensamentos? Implantar olhos em mim? Regar minhas desesperanças? Endurecer meu travesseiro como pedregulho? Não deixarei!!!

Há de ganhar a batalha, mas nunca a guerra! Que sou duro como água. E pressinto os muros que me cercam. Seus cavalos hão de passar por cima de meu corpo, mas buracos não sentirei. Pois que sou feito de buracos. Nasci incólume ao ar que me perfuraria. Nada há de me fazer brecar ante as árvores de minha morte. 

Não será antes da hora. Sua piranha devassada! Espera corroer meu cérebro como meus cabelos, mas eu sou mole. Sou água.  Fluo até o fim dos tempos e não sucumbo. Não há de me quebrar com seu vento roxo. Eu me esquivo desde que aprendi a contar pingos de ouro.

Pois atiro-lhe uma maldição: vai ficar acordada como eu, contando pregos na sua cabeça imunda; vai correr mil vezes em volta de um estádio olímpico de léguas a não se poder medir, assim como eu; vai penetrar estrelas sempiternas, assim como eu. E sempre que eu não dormir há de restar acordada ao meu lado como uma amante feia a qual eu não sinto o menor tesão. E vai dormir virada para mim sem ganhar um só olhar nem de amor nem compaixão, nem um bafo de vodca amarga.

Se tornará, justo pela sua própria insistência, humana! E pode ter a certeza de que assim vai morrer antes de mim!



terça-feira, 1 de setembro de 2015

O Chip


A vida é desígnio, ou é cheia de desígnios - não sei. Só sei que um dia eu acordei. Literalmente, eu acordei em algo que não posso chamar de realidade, pois não entendo o que é. Nem sei se é alguma coisa. Aliás, ser alguma coisa é fruto do nosso querer e dos nossos desígnios. Ou será que são os desígnios que nos querem ser o que devemos ser para "eles"?

Um dia eu acordei cedo, como de costume, fui olhar as vacas da fazenda, conferir as pitangas da estação, e visitar minha hortinha orgânica bem caseira e bem dividida, e no fim me embrenhei por uma trilha ensolarada por onde bougainvilles vermelhas se espraiavam pelas árvores e madeiras secas. 

Num momento tive a impressão de estar sendo seguido e me virei, sem medo, pois o Sol me protegia com sua claridade reveladora, e foi quando de repente ao me virar senti uma pontada no ombro. Pensei provavelmente ser de um espinho inofensivo de uma das bouganvilles, que realmente tomavam um espaço grande, quase uma florestinha de flores rosas e vermelhas - deviam estar crescendo sem poda há uns 20 anos pelo menos.

                                                  ***

O tempo passou. Hoje sou casado, tenho três filhos lindos e uma mulher maravilhosa. As flores continuam por lá embora a fazenda tenha sido vendida para desconhecidos. Vivo bem com a renda das propriedades que vendi ao longo de minha vida. Possuo apenas 55 anos, não me considero velho ainda. Minha força é boa. Continuava subindo escadas pulando os degraus e ainda corria em trilhas da cidade, também repletas de bouganvilles vez em quando.

Sou de tez muito branca - o Sol me agrada, me anima, me alimenta, mas passou a fazer mal à minha pele muito alva. Me coço muito quando fico exposto a ele por algum tempo. Evito. Um dia desses notei como realmente o meu ombro coçava sem aviso. Ora! coceiras não avisam! Que pensamento bobo. Mas depois de um tempo percebi que a coceira era bem localizada, mas pelo ângulo em que ficava não tinha como vê-la muito bem pelo espelho. 

Comprei um espelhinho vagabundo de camelô e comecei a tentar ver melhor que espécie de "cravo" era aquele que me incomodava. Percebi uma vermelhidão tola e não dei muita importância de novo. Um dia minha mulher insistiu que eu fosse fazer um check up completo e fez questão que eu fosse num dermatologista dar uma olhada no ponto  - já era um ponto - que me incomodava. Fui.

O dermatologista foi claro, examinou, e disse que daquilo eu não morreria, mas que poderia haver algum cravo egoísta e gordo, ou uma farpinha encubada há anos sem causar maiores danos, e sugeriu uma punçãozinha quase sem dor, um cortezinho que resolveria o problema. Aceitei.

Assim foi feito. E como era bem do lado traseiro do ombro não puder ver muita coisa, permaneci de olhos vagando pelo consultório enquanto o médico procedia na retirada da farpa. Não era uma farpa.

Havia um espelho no seu consultório, na sala de procedimentos cirúrgicos, e no qual seu rosto refletia perfeitamente naquele momento. O procedimento havia acabado e ele segurava com uma pinça algo muito pequeno, mas que me fez sentir um frio que subiu pela espinha até meu córtex da minha alma. E ao ver pelo espelho o seu olhar eu gelei!!! como um defunto! Era o olhar de estarrecimento. Impossível de descrever. Algo como se tivesse visto alienígenas ou fantasmas! E me disse... com essas exatas palavras: "...colocaram um chip dentro de você..." Desmaiei.


                                               ***

Passei tempos sem lembrar de nada, até este momento em que escrevo esta carta de despedida. Anos devem ter se passado. Sei que fui liberado de uma instituição psiquiátrica de qual precedência desconheço. Não imagino quantos anos possuo no momento. Mas vejo meu cabelo inalterado. Minha pele em nada mudou, meus olhos claros não adquiriram a turbidez normal dos idosos. Posso ver neste momento que nada mudou fisicamente em mim. Mas ao ligar a televisão vi direto num canal qualquer de notícias a frieza no olhar que apresentava. Por mais paradoxal que possa ser percebi que algo havia mudado em mim e não nos outros. 

Procurei por minha mulher e lá ela estava, como se nada houvesse passado; meus filhos - da mesma idade de antes - iguais jogando vídeo-game felizes e concentrados se recusavam a tocar no jantar, como sempre. Tudo estava igual, mas o âncora do jornal da televisão e aquele olhar... que parecia... direcionado à mim... me fez sentir algo nunca sentido em minha pele. Um estarrecimento celular, uma compressão mitocondríaca, uma sugestão de algo que não era vivente, não era vida e que havia se alterado em mim.

Percebi então que não existia mais amor em mim. Não existia mais reflexão das coisas (além dessas que conto), não havia mais esperança, nem paradigmas, nem filosofia, nem ciência, nem vontade, nem práxis, nem nada. Não havia nada em mim. De alguma forma haviam retirado minha essência. Eu era apenas um cego cuja retina captava a luz, mas ela em nada me significava. E não havia compaixão! Não havia mais compaixão em mim... E sem compaixão nada existe. Portanto esta é mais que uma carta. É uma declaração de morte prematura. Há uma faca na cozinha. Tenho certeza de que não vou sentir dor.





quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Amor

Homem se masturbando usando apenas a imaginação e claro, as mãos:

(Monólogo que se dá em pensamento durante.)

Ai, que delícia.... Essa Paula é incrível! Humm, lourinha....adoro lourinhas. Hummmmm, que tesão... Delícia! Aí se eu pego ela um dia. Dentro do provador de roupa? Demais! Fhhhh! (onomatopeia erótica) Puta que pariu, Carla.... com a bunda da Paula... perfeição da natureza.... Uiiiii! Isso! Isso! Cusp, cusp!(onomatopeia grotesca salivada)Ai.....adoro isso bem rápido... Hummm! Carla, tu é  a maior GOSTOSA! Assim não aguento,,,, caralho! Ai....delícia de rabo! Carlinha...humm isso Paula.... Denise....! (A mente vai embora numa mistura total.) Puta! Minha dentista entrou na dança! Ai....ela com aquele motor horrível....não, esquece isso! Acorda, pau! Fica mole não.... isso! Denise... na frente do namorado! Caralho!!!! O corno sofrendo! E eu comendo o rabão dela!!! Isso, ponto de bala de novo!!! Hummmmmmm, aquelas férias na piscina, Júlia..... a Juulinha é demais, vem rebola, essa cinturinha...! Vem rebola Julinha.... cusp, cusp!(mais onomatopeia deslizante). Preciso comprar um KY...não! Esquece isso, agora não! Não desvia o pensamento porra!!! vem Paula... você é maravilhosa, ainda mais no Vip's....suite mais cara!!!! Piscinona!!!! Uiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii! Não to aguentando....tá foda.....será que a porta tá trancada? Não!!!!! Não viaja! Não sai do pensamento, João!!!!! Ai........ aqui é sensível pra caralho!!!!! Tenho que parar de tocar tanta punheta! Maria!!!! Minha empregada doméstica da minha mãe.... nunca comi, mas devia! Tesão!!!!!!! Mulata gostosa....vem rebola na minha pica!!!!! Isso.....Ana Paula Arósio! Não sei da onde ela surgiu, mas ta ótimo! Mulher mais gostosa do CARALHO!!!!! Delícia, delícia, delícia.... Porra!!!! A espinhuda da minha EX não!!!! Minha EX não, porra!!! Ai, não.... ai caralho, tira essa ESPINHUDA  daí, João!!!! PUTA QUE PARIU!!!!! Vou gozar! NÃÃÃÔ!.........................gozei..... saaaaco!




segunda-feira, 1 de junho de 2015

Solidão


Sou eu solidão?
Ou é a solidão que sou eu?
Que diferença...?
Não saber da onde vem o vazio!
Como uma gravidade sem planetas
É a matéria negra
Que ocupa todo o espaço do Universo
Mas que no fundo
Se esconde em minhas mãos





sexta-feira, 29 de maio de 2015

Liçãozinha de Vida


Na vida não tem mais nem menos.

É tudo às vezes.




sábado, 23 de maio de 2015

Alma e Coração


Às vezes me retiro de mim. E como uma gaiola solto o pássaro que nela mora. Ou melhor: vive preso nela. Como uma concha me retiro do caracol que sou, e ando, ando, ando, ando, pelas ruas - livre - , e falo, e converso comigo mesmo sem ser eu mesmo. Peço conselhos à sabedoria que não possuo, finjo ser o mestre, o meu próprio guru flambado em sapiência. Escorro palavras pelo meu futuro como se ele existisse no meu passado. Não penso o presente. Penso alto! E se vou cair, não sei, mas provavelmente cairei de volta à gaiola. Meu medo é comer alpiste para sempre. Meu medo é a imensidão fria e insondável do leito do mar. Meu medo é saber-me ignorante e ao mesmo tempo oracular. Meu medo é ser quem sou.

Existe em algum espaço de tempo (embora o Tempo não há) um soldadinho de chumbo parado em algum inescrutável canto de uma casa antiga construída pelo meu avô. Já ocupada por outros, que duvido o tenham encontrado. Tenho a certeza de que ele ainda aguarda em prontidão. E imagino que nessa eternidade em que ele vive conversa consigo mesmo sobre os futuros e passados. E as pétalas amarelas das flores o convidam a passear nas searas do presente.

Não acredito em ninguém que não converse consigo mesmo, sozinho, perdido, fodido, restante da vida, encalhado numa ilha de tubarões onde só há uma árvore que nunca responde, mas sente. O Homem só tem paz, e na maioria das vezes precisa conversar consigo mesmo, e caminhar a praia de Ipanema como seu deserto do Sahara. Cada um tem o seu mar de areia a gramar. E é certo que ninguém pode nos dizer o que fazer melhor do que nossa própria sombra. É nela em que confiamos, pois que a conhecemos completamente. É na gente que reside a verdade, a solução dos problemas. Conheço pessoas que agem errado e se desculpam dizendo que não sabiam. Pois não é verdade! Todos nós sabemos, no fundo, tudo o que queremos saber e as merdas que fazemos. De desculpas esfarrapadas já basta o governo.

Pois então ande! Ande! E saiba que ao andar você causa o maior conflito universal possível e benéfico que há: o Tempo. E fale! Fale consigo mesmo, pois que a razão das coisas reside no coração e não na alma. Mas é sempre bom ouvir essa tão interessante argumentação entre essas duas forças antagônicas



sexta-feira, 10 de abril de 2015

E Depois no Chapéu

Quase todos os dias em que eu vou me exercitar na praia de copacabana me deparo com a figura muito interessante de um artista de rua, vestido de uma caracterização meio mórbida daquele famoso quadro "O Grito". 

Ele se veste totalmente de preto e seu rosto coberto com a maquiagem tenta imitar (até muito bem) o rosto da obra de Munch. É um homem alto e magro. Coloca um banquinho onde sobe ficando mais alto ainda. Ao seu lado um aparelho de música não muito bom toca lindas peças clássicas de violino, e apesar do som consegue servir bem à sua caracterização.

Fico fazendo meus exercícios e me admirando com as pessoas que realmente param para ouvi-lo recitar poemas e declamar poesias conhecidas, talvez algumas próprias, a maioria de grandes autores brasileiros. 

Entre uma poesia e outra ele discorre suas próprias ideologias de liberdade e tristeza; de solidão e necessidade, como qualquer artista eu consigo entendê-lo. E à partir daqui cito mais ou menos o que consigo emular um pouco do que ele transcorre placidamente enquanto poucas pessoas o assistem admiradas. Na frente um chapéu coleta inanimadamente possíveis moedas. E é exatamente por causa daquele chapéu que escrevo este texto que você lê neste momento, pois muito me impressionaram as contradições da vida. (Peço desculpas, pois este texto abaixo não é exatamente como ele diz, apenas a a ideia que me foi passada, e que eu escrevo através de linhas pseudo imaginárias, portanto peço perdão.)

" Amigos! Prestem atenção! A vida não isso não! A vida não é o que vocês acham que é! Ela é mágica! Mágica que só é possível entender através do grito, da poesia e da música. A arte é o pão, é o que nos faz alimentar. Então não se lamente, não chorem, tudo vai chegar no seu tempo, pois nada há de mais precioso que o tempo. Nada há mais profundo que as poesias dos grandes poetas. A sabedoria é algo escondido, cabe a nós decifrarmos o sentido da vida. A arte é tudo. Quando ela é feita com amor não existe paga melhor que o apreço. Vocês aqui me ouvindo estão aprendendo as grandes lições dos maiores poetas, dos grandes artistas. Não se abalem! Não se julgue! Porque se julgar não é uma lição ensinada pelos grandes mestres. O mundo é um grito. E o grito é um mundo. Eu não estou aqui para ser recompensado financeiramente, eu estou aqui para que você sinta o meu semblante que grita e clama por algo que está em extinção. O mundo se tornou fútil, se tornou materialista, se tornou vazio. Não é necessário o dinheiro, não é necessário. O mundo está se acabando por causa do dinheiro. A vida está medíocre por causa do dinheiro. Se um artista faz sua arte por dinheiro então ele não é um verdadeiro artista, porque um artista verdadeiro faz por que é sua vida fazer. Portanto, não se enganem! Tudo! Tudo neste mundo não vale um centavo!"

E depois no chapéu.

"Muito obrigado amigos pela colaboração..."





sexta-feira, 3 de abril de 2015

O R da Questão



Um erro nem sempre pode ser apagado.

Mas um Erre sim.

O mundo tem que parar de se armar

E passar a se amar.







segunda-feira, 23 de março de 2015

Ato


Se matar é uma coisa
Se morrer é outra.





terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Capital de Giro


Qualquer empresa para ser bem sucedida precisa de capital de giro. As pessoas também precisam de capital de giro. O capital de giro de uma empresa é o capital a ser reinvestido nela de forma que ela cresça. O capital de giro de uma pessoa é indubitavelmente o tempo. 

Ao contrário das empresas bem sucedidas cujo capital de giro pode aumentar, o tempo das pessoas nunca aumenta, apenas regride até o colapso final de suas despesas. 

Eu à partir de certo momento em minha vida passei a perceber pessoas assim como percebo empresas. Empresas são instituições comerciais que visam crescimento (na maioria dos casos) e cujo investimento espera-se deve sempre aumentar. Já pessoas são parecidas, possuem repartições, possuem células que se multiplicam aumentando a carga funcional e tributária do corpo humano. Cérebros que passam a demandar mais e mais  e que podem "queimar" se tornando obsoletos, ou evoluir dependendo de como o fluxo de remuneração chega a ele. Membros que executam funções externas comparáveis a exportações de empresas convencionais. E etc.

Mas há algo na natureza que rege o empreendimento humano como algo que se auto-destrói. Óbvio, afinal tudo morre. Mas não necessariamente como pessoas. Empresas morrem por ingerência, ou por transformações como por exemplo: venda, destruição familiar, ou qualquer motivo normal. Existem empresas que duram séculos, e vão durar a eternidade de uma civilização. Já pessoas não vão durar muito,e o seu tempo acumulado é o inverso de seu capital de giro.

Não sei bem porque resolvi escrever sobre isso. Acho que é porque estava cagando e como não tinha nada pra ler me veio isso à mente. Também porque vejo que quanto maior se torna o mundo menos caixa e mais difícil é conseguir o dourado capital de giro empresarial. 

Pessoas não possuem CNPJ ou qualquer tipo de registro, minto: têm o DNA. Este estabelece características empresariais ao seu humano antes mesmo dele se entender como empresa. E muitas vezes a pessoa é fadada ao seu fracasso empresarial humano por possuir alguma falha neste registro.

Realmente não sei porque estou falando disso. Há um misto de necessidade básica de crescimento, uma atenção e percepção de que meu capital de giro humano está indo embora com a idade, e que cada vez que sinto isso sinto também que meu capital de giro empresarial mesmo deveria aumentar, e espero que aumente antes do meu capital de giro humano se esvair.

Mas provavelmente porque estou girando como o planeta Terra, sem saber pra onde vou, de onde vim e onde realmente estou. Acho que vou dar mais uma cagada.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Poema Louco


Menina linda, poema louco...
Um dia vais amadurecer
Tua orquídea enlaçará meu corpo.




segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Telhas


Paredes sem telhas;
janelas com sobrancelhas.




sábado, 31 de janeiro de 2015

Vagalumes


O amor  é uma faca de dois lumes.




segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Fura-bolo!


A vida bate e volta
Gira e roda
Estica e entorta
Mas um dia a gente se encontra!





sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Soneto de Amor Louco

O que eu sinto por você é indescritível
E sendo assim, pode apenas ser sentido
Sem palavras, sem som, sem variável
É inteiro e pleno e (porque?) fico ferido

O que eu sinto por você é vermelho
Me marca a pele, a boca, o resto
É sangue na veia, íntimo, inteiro
Derramado num mar de calor deserto

Suaremos juntos, quiçá
Amaremos até não aguentar
E assim venceremos...

Seremos o que podemos ser
Amor de dois em um viver
Até o fim dos tempos, foderemos




Soneto de Morte


Chega por trás dos unguentos, das pestanas
Caminhando de leve, plácida, e certeira
À busca da ceifa breve das mundanas
O passo da pessoa passageira

Dobra a esquina com carinho fantasmagórico
Mira por trás da manta o sorriso obliterado
A foice guardada como um braço mecânico
À alma transparente de um afogado

Sinto decepcioná-lo abastado amigo
Amigo que no barco virá comigo
Tocar-lhe-hei com calma, mas com dor

Porque o que dói da vida é deixá-la
E a fé da ferida é curá-la
Porém à morte não existe andor







sábado, 17 de janeiro de 2015

Quem Cuida de Deus?

A gente se esfola
Se esmola
A mão cheia de cola
Bolhas
Feridas diversas
A gente escapa
A gente fumaça
A gente não sabe mais pra onde ir
A gente reclama do que não deu
Deus cuida da gente
Mas quem cuida de Deus?

A gente descola uma farofa
A gente viela na história
Entramos por uma sacola
Saímos por uma portinhola
Escarpas pontudas
A massa gorducha
Não ganha a rua
Como ganha o pão
A gente grita pelo amor de D....
Deus cuida da gente
Mas quem cuida de Deus?

A gente vira paçoca
No meio de uma palhoça
A gente vira e não olha
Notas
Perdidas em algum lugar
Jogamos na Mega Sena
Calculamos a prenda
Ganhamos experiência
Da vida cuidamos nós
Com nossos nós
E nossos pós
E se der  de repente, fodeu!
Deus cuida da gente
Mas quem cuida de Deus?




quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Existem...


Existem postes onde bêbados se penduram
Em noites de sol mal bebidos
Existem dinheiros esparramados no chão
Escondidos num esgoto caído, caídos...
Alguém perdeu esse dinheiro e também se perdeu... deu...
Existem micróbios em minha tez, esperando a vez
De acampar em mim, furar buracos, entre sombras de perebas
Existem solidões e amplidões e amplidões solitárias...árias...
Existem cantores e favores, e lavor, e imensas grutas, falésias, Alésia...
Existem postes em todos os cantos da cidades.
Ninguém sabe, ninguém sabe...
Se são apenas para iluminar a madrugada,
Ou se são para que a madrugada os ilumine
Quem sabe para que o meu amor não tropece
Depois de me dizer adeus





quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Vida Prostituta

Tem dias em que eu só quero uma puta: puta grana; puta história; puta emprego; puta começo; puta felicidade; puta gama de amigos fiéis; puta orgia; puta verdade; puta coragem; puta vida.

Mas o que eu ganho é a normalidade filha de uma puta.

Eu gostaria que toda a normalidade fosse anormal. Porque há muito a normalidade passou a ser difícil, extremamente difícil, uma normalidade vestida de cotidiano, e o cotidiano é perigoso, porque me parece que ele vem com as traças dos problemas e das amarguras do pesar, do mofo que se instala em nossos pulmões, dos calos nos dedos de tanta repetição.

Quero calos que venham de aventuras. Quero a naftalina suprema que combata as bactérias do lugar comum, da zona de conforto - tão na moda em nossos dias. Não quero mais a normalidade das notícias dos jornais. Não quero mais a normalidade das matanças generalizadas, não suporto mais as pessoas se acostumando com tragédias e pestes diárias. Desejo o inseticida da esperança. Aquele que nos mata plenos. O remédio venenoso da estrada que nos levará à algum lugar. Não este! Não este lugar medíocre sem geringonças, onde relógios abstratos marcam o tempo sem erro, sem distúrbio, com tique-taques conformados, sem pena e sem veneno.

Estou cansado desse chove-não-molha dessa vida banal que levo. Pois que a tristeza, e os infortúnios também podem virar costumeiros. E quando cair com o elevador passa a ser costume,  e perdemos o medo, na verdade não perdemos o medo, apenas nos acostumamos com ele. Se acostumar com o problema é viver em um eterno Afeganistão, onde bombas passam a ser fatos comuns com os quais é preciso conviver feliz. Não acredito em felicidade no meio de uma favela.

Quero estar andando na rua e acordar num balão. Sobrevoando o mundo numa lata de sardinha alada. Sem aviso, sem a tristeza brega da existência. Quero que minha existência seja um jogo de futebol, e não um boçal carteado de cartas marcadas pelo destino.

A liberdade reside em ser puta e não cobrar o programa.