terça-feira, 29 de abril de 2014

Canto para Dedé

As velas vão pro mar
O mar pras areias
As areias pras calçadas
As calçadas para os prédios
Os prédios para os elevadores
Os elevadores para o céu

Essa vida é triste triste como é
E eu no meu canto triste aqui
Escrevo uma canção para Dedé
Mas Dedé não vai ouvir...




quinta-feira, 24 de abril de 2014

Tudo tem que passar.

Onde você escreveu o amor?
Naquele papel de carta
Velho e rabugento
De uma época velha e rabugenta
Onde todos tinham tudo
E eu não tinha nada

Onde você escreveu a paz?
Naquele muro de estuque
Coberto e doentio
Com cal barata e doentia
Onde todos me fuzilavam
E eu não tinha muque

Onde você escreveu a dor?
Naquela cadeira velha de cozinha
Da cozinha da minha velha e bem calçada
De uma vida de fazenda e tendas e calçados
Onde todos me amavam
E eu não tinha nadinha

Onde você escreveu o beijo?
Naquela bochecha cor de Sol
Cheirosa de pó de flor e cortina dourada
Cheirosa de tão longe que o dourado
Já nem existia mais
E eu não tinha nem álcool

Onde você escreveu minha reza?
Naquele livro platinado
Do quarto de rezas do altar
De um homem por demais alto
Que já não existe mais
E eu não o havia encontrado

Onde você escreveu minha vida?
Naquela nuvem que passei
Pela minha janela do décimo andar
Pelo corredor onde lembranças andam
E que hoje a portaria tranca
A idade é um prédio...
Nunca mais a recuperei




quinta-feira, 17 de abril de 2014

Morrer

Ai que merda?
Morrer de quimera?

Morrer.

Morrer ateu?
Morrer adeus?

Morrer.

Morrer filantrópico?
Morrer filando trópicos?

Morrer.

Morrer verdejante?
Morrer jantando verde?

Morrer.

Morrer faxineiro?
Morrer faz xixi mineiro?

Morrer.

Morrer do olho?
Morrer do óleo?

Morrer

Morrer do lamaçal?
Morrer de lama com sal?

Morrer

Morrer cabide?
Morrer com bidê?

Morrer

Morrer amando?
Morrer a mando de quem?

Morrer.

Morrer caíndo?
Morrer ainda?

Morrer

Morrer transporte?
Morrer trans pote?

Morrer

Morrer fagueiro?
Morrer fogueiro?

Morrer

Morrer de estrelas?
Morrer de extrelas?

Morrer

Morri ontem?
Morri me contem?

Diz minha lápide?
"Ai que merda."














sexta-feira, 11 de abril de 2014

Carta de Nostradamus sobre o FIM DO MUNDO!


Ouvi rumores de que um dos sinais do inevitável fim dos tempos seria a Copa do Mundo no Brasil em 2014, este ano. Isto porque estão dizendo que encontraram em um texto de Nostradamus a seguinte estrofe:

Dans l'année de la grande coupe du monde 
Dans un cercle vert 
Au milieu d'une mer de merde 
La grande Lula va émerger





quarta-feira, 9 de abril de 2014

One of those nights

Eu estava assistindo uns programas na televisão, esperando o sono chegar, quando parei num canal de sexo quase explícito. Pensei: "Porra, não posso ver isso aqui com minha mãe dormindo no sofá!" Então eu levantei e resolvi dar uma volta pelo lindo e maravilhoso bairro de copacabana às 3 da matina.

Eu que já havia descoberto que o segredo do rivotril reside no álcool que você ingere depois dele era um cara pra frentex. Mas quando a gente é um músico fodido e gente toma mesmo rum com rivotril, e não uísque escocês. Mas a diferença é mínima. Na vida, ou você morre chique ou pobre, ambos tristes. Pois bem...

Saí pela rua. O porteiro do prédio babava seus sonhos no grande banco de madeira de lei remanescente do Homem, ou seja, quase em extinção. Nem me viu abrir a porta e sair fora. Deixei ela entreaberta só pra que o alarme soasse nos seus ouvidos em 1 minuto. Adoro fazer isso. Deixa ele ativo! Pronto para qualquer emergência. De fato, estou fazendo um bem a ele. Assim como  faço com os velhos desesperados por um assento no metrô, e eu não levanto e não cedo o lugar. Lugar de velho é em pé, assim eles ficam mais fortes e vivem mais, estou errado?

Saí do prédio e andei até a esquina. Uma maluca gritou assim que passei por ela: "Tô com setenta anos, vou aprender a beijar agora!" E eu pensei comigo mesmo:...... Não. melhor não dizer o que eu pensei.  Virei a esquina e dei com um negro, meio magro, mas alto, com cara de assaltante e gorro de pivete. Ele veio pra cima de mim. Pediu meu dinheiro e eu disse: "Aí, cumpadi, eu vendo droga, vai mexer comigo hoje?" Ele saiu batido. Isso sempre funciona. Eu tenho asco de cigarro, não fumo, e se uma mulher acender um incenso perto de mim eu meto a mão nela. Mas sempre funciona.

Dizem que tenho cara de mau. Mas sou a pessoa mais doce do mundo. Vai ver por isso o mundo fode o meu cu. Se pelo menos eu gozasse... mas nem disso eu gosto, agora comer um cu eu sei muito bem, pode crer, formado em Stanford.

Continuei minha caminhada pela madrugada de copacabana - princesinha do mar. Ahaha! Andei uns 200 metros e encontrei uma inglêsa toda doidona. Sempre que eu saio sozinho algo acontece. Se estou acompanhado é um tédio. As surpresas na vida precisam de preparação e solidão. Ela estava sentada num degrau de uma portaria contando uns trocos pequenos. Deu pena. O que uma pobretona vem fazer em copacabana? Eu prefiro ser pobre na Espanha do que na merda do Rio de Janeiro. Falei com ela qualquer coisa. Ela não entendeu. Falei mais. Ela não entendeu. Botei o pau pra fora. Ela sacou.

Levei ela pra um beco que só eu conheço (mentira). Mas que só os filhos de copacabana conhecem bem, e comecei a roçar nela. A coisa estava esquentando, e eu já estava tirando a calça dela quando de repente ela profere a célebre frase louca e feminina: "Quero ter um filho seu." Saí correndo. Tenho mais medo de assaltante do que de estrangeira senil.

Mudei meu curso - fui em direção ao mar. Gosto do mar. Gosto de pegar meu violão e tocar pra mim mesmo. É assim que conheço pessoas. Basta um violão e elas se achegam a mim. Acham que tem o direito de colar em mim só porque sou artista. Geralmente mando elas à merda. Porque não me deixam ensaiar em paz?

Um velho atlético passa por mim, pára, ouve, assiste, e resolve puxar papo. Puta que pariu, já não me basta o metrô? Digo a ele que não vou levantar pra ele sentar. Ele não entendeu. Fala comigo numa língua louca que parece com dutch e francês americanizado. Diz que vai me fazer ficar famoso, que é um produtor de LA. Que a vida é bela e outras bocetas assim... Digo que já tenho boceta demais e que na verdade to de saco cheio de comer boceta e não tem dinheiro pra comer um sushi sozinho. Óbvio que o velho não pescou o pensamento. Então continuou com o papo de me levar para fora, fazer de mim um pop star, etc e tal. Perguntei se ele era casado. Ele disse que sim. Perguntei onde ele estava no Rio? E ele acabou me levando pro apartamento dele.

Quando cheguei lá uma coroa muito da boazuda atendeu a porta. Parti logo para o plano: embebedar o velho e realizar o milagre de engravidar a coroa de 50 anos, se fosse possível isso.

Deu certo. Acordei às 5 da matina com a coroa me amando mais que o seu poodle. O velho...acho que morreu de tanto beber no sofá. Foda-se, não é meu problema, não dei bebida a ele e sou a favor do livre arbítrio.

A velha ficou louca por mim. Usamos ácido para desaparecer com o corpo do idoso mentiroso. E nos mandamos para Palma de Maiorca onde ela possuía uma pousada chique.

Quando chegamos lá, tratei ,logo de assumir o comando da casa. Despejei todos os hospedes, menos a secretária, que era um tesão de espanhola. Comi a secretária na frente da velha (que era fetichista) por noites e dias seguidos. Até que ela ficou muito puta e me expulsou do lugar. Fui parar na Inglaterra, afinal sou neto de inglês, porra. Trabalhei como sapateiro por uns tempos até juntar uma grana e voltar para a merda de copacabana.

Cheguei em tempo de ainda ver a merda do programa da globo news de manhã.

PS: Não vou corrigir este texto, vocês que se virem! E fodam-se, big time.








segunda-feira, 7 de abril de 2014

E=mc2



















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quinta-feira, 3 de abril de 2014

A Aranha

Um algum lugar de copacabana havia um menino que morava sozinho num apartamento bem pequeno. Geralmente ele dormia bem cedo, mas em uma dessas noites seus olhinhos não conseguiam dormir,então ele se levantou da cama e foi até a cozinha virar uma dosezinha de uísque.

Quando na cozinha, ao pegar um copo, ele percebeu uma pequena aranha dependurada por apenas um fio de sua teia. A aranhazinha era bem pequenina mesmo e parecia flutuar frágil e estaticamente entre o armário de copos e a pia de granito negro.

O menino até que gostava de aranhazinhas, pois odiava mosquitos, e ele bem sabia que aranhas comem mosquitos. Porém, esta aranha lhe incomodou, por algum motivo, pensou ele, urgiu em querer livrar-se dela.

Só que o menino nunca havia feito mal a uma aranha, ou qualquer outro inseto que não fosse baratas ou mosquitos. Diz ele que esses merecem. Mas aranhas não. Admirava a beleza dos movimentos das perninhas, e sabia que aranhas teciam tramas de teias tão fortes quanto aço, e que sua armadilha podia ser pior que qualquer Lojas Americanas. Eram grandes comerciantes. 

Decidiu então pegar um copo e utilizá-lo para envolver a aranha sem machucá-la. A aranha se assustou e tentou içar-se ao teto mais próximo, mas o menino foi mais ágil e confinou-a ao copo finalmente tapando-o com papel.

O menino então levou o copo para fora do seu apartamento e suavemente livrou a aranha no chão do corredor, fora de seu pequeno apartamento.

Voltando para a cozinha ele finalmente resolveu encher o copo com um pouco de uísque. Assim o fez. Apenas não se deu conta de que a aranhazinha quando amedrontada lançou uma pequena gota de seu veneno no copo. Este veneno misturado ao uísque que o menino colocou no copo fê-lo dobrar de intensidade. 

Depois de tomar seu uísque o menino foi dormir. Ao pegar no sono sonhou, e neste sonho se viu andando com tamanha rapidez por um corredor empoeirado até chegar ao seu fim, onde bateu numa espécie de madeira que não era nada mais que a porta do elevador dos fundos.

Ouvindo um estranho barulho de engrenagens ele percebeu que algo havia se movido dentro daquele portal, e que subia em sua direção. Congelou-se como uma aranha faz, e esperou. A enorme porta abriu e passou por cima dele sem tocá-lo, visto que ele era realmente muito pequeno em relação a tudo ao seu redor. 

Foi quando de dentro do elevador saiu uma linda mulher, alta, loura, e com a maior bunda existente no mundo. É óbvio que ele não se deu conta disso, pois  que havia se transformado na aranhazinha. 

A mulher olhou para ele, gritou, e sem querer deixou cair uma garrafa de uísque, que se quebrou bem em cima dele.