sexta-feira, 7 de junho de 2013

Conto breve da terra distante

Quase sempre que precisamos de uma resposta não a temos, e por isso o vinho. Não te responde nada, mas cura por algumas horas. Mentira. Não cura, e em algum momento é possível atingir, através dele, alguma distância da Terra.

Eu me encontrava numa cidade deserta na Líbia. Alguns muitos quilômetros do Sahara, poucos se você parar para pensar bem. Uma cidade pequena toda branca, com terraços e clarabóias que facilitavam a entrada de luz há 1300 anos atrás. E eu brincava de pique-esconde com uma mulher, que surgira do nada. Acho que de uma das entradas, das paredes caiadas da cidadezinha. Podia parecer uma cidadezinha mas era bem grande, porque eu já não encontrava mais a mulher, nem a saída, se que esta existia.

"Pronto derramei vinho no teclado!, que merda!!!". Bom, mas neste exato momento ao dobrar uma das esquinas da cidade, segui por um corredor, que como todos, não possuíam mais do que 1 metro de largura, porém altos, talvez pra que o calor se difundisse com mais intensidade para fora.

Foi quando me cruza o caminho um tigre. (!!!) E eu me perguntando como. Pois, que o tigre olha para mim com aqueles olhos macios e neutros. Olhos frios de açougue, e cadenciadamente vem em minha direção. E diz: - "Não tenha medo, vai ser rápido, eu prometo." Começo a correr na direção inversa, mas o tigre é o rei do lugar, pula por cima da minha cabeça e me olha de frente novamente, e volta  a dizer: " - Calma rapaz, vai ser rápido." E foi aí que eu vi que ele não era amarelo e preto como são os tigres normais, mas sim verde, branco e grená, e eu pensei que ia ser devorado pelo campeonato brasileiro de futebol, pelo meu time, e que mal pra caramba das pernas... que merda.

Mas o tigre em vez de me comer simplesmente tirou das mãos uma orquídea vermelha, e me disse: "- Guardo aqui o sangue que seria teu mas não será." Peguei a rosa, com um certo grande medo, e senti seu odor de perfume do camelódromo da Uruguaiana. Óbvio que não expressei isso ao bicho, pois não sou burro. Nisso abre-se uma porta ao meu lado e uma luz rosada me penetra a alma. Entro.

Foi como se entrasse num transe. Ou talvez numa suíte de hotel de algum príncipe árabe filho da puta comendo muitas mulheres, mas não. A mulher que eu perseguia me dava as mãos e me guiava por um labirinto de sebe azul que no fim  dava numa cama maravilhosa. Era uma imensa cama, e nela roçavam mil mulheres (pra quê poucas, não é?). Suas pernas eral tão longilíneas e se debatíam tanto e se encoxavam e se torturavam tanto que eu sentia o prazer só no olhar. 

Caí dentro, ou melhor, caí por empurrão, pois o tigre me dizia: "-Vai fundo, mostre que é brasileiro e não desiste nunca." Então eu eu fui e fiz sexo com as mil  mulheres, que me deglutiram com sua pernas como um imenso e divino polvo do deserto. E no fim eu pensei: "-Não usei camisinha..." A mulher me disse: "- És um abençoado! Comeste todas as mulheres do Rajá!" 

Tive que me mandar. (um minuto, preciso beber mais pra continuar esta estória, já volto). Pronto. Correndo através da cidadela e seus íngremes corredores me deparo com um boi. Boi no Sahara? Bom, era um boi, e era enorme, e seus chifres eram tão grandes e pontudos que pareciam ser de pedra, e havia inscrições nele, e o boi abriu a boca e falou: "- Você ousou procriar com as mulheres de Xanandoa, agora vai pagar por isso." 

E veio na minha direção com os chifres prontos para furar, mas assim que iam penetrar meu abdome aconteceu algo extraordinário: eu abri asas e voei. E voei tão longe que o espaço para mim não existia mais. E adormeci. E quando me dei por mim acordei chorando. E era um choro tão forte, porém sutíl como se ele me envergonhasse. Foi quando uma lágrima caiu finalmente em minha boca e esta não era salgada! Então me dei conta que estava no meio do deserto.....e que chovia!

Feliz eu estava por não serem lágrimas os meus contos, nem meus medos, nem meu vinho, e por ser possível chover no Sahara! Que olhei para o céu e impossibilitado de ver Deus ( pois não sou tudo isso que deveria ser...) senti a água que caía e que lavava minha alma e me acolhia no meio do deserto.

Fui andando lentamente, num frenesí cardíaco, mas numa calmaria mental enorme. Quando de repente passou um 433 e o débil mental do motorista quase não parou. Então eu pensei que estava mesmo em casa. E descendo a Santa Clara, fui entrando na 5 de Julho e seguindo para minha casa, sabendo que lá eu encontraria o que eu preciso.

beijos, Alan.




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