sexta-feira, 28 de junho de 2013

Nós da Vida

Dessa vida
Não se tem nada
Que não se preste à ida

Dessa vida
Não se cria bens
Se não for repartida

Nem casas
Douradas, nem salões
Repletos de escadas

Nem cristais que alguns possuem
Como vistas marítimas e tranquilas
Que a poucos aludem 

Nem palavras de ordem
Risíveis ou desvinculadas
Que alinham ou mordem

Pois que a vida é apenas
Uma sucessão de nós
Que se embolam em cena

Numa linha marcada por
A única coisa que os desata
E que eu chamo de amor









quarta-feira, 26 de junho de 2013

CHARGE - REVOLTAS



terça-feira, 25 de junho de 2013

Fred e Dilma





domingo, 23 de junho de 2013

Sobre as Revoltas 3

Fico lendo as postagens de meus amigos inteligentes e de meus amigos nem tanto no facebook, e sinto que ambos estão na mesma "vibe". Ambos são amigos meus e eu os respeito muito, mas acho que ninguém está muito claro sobre os últimos acontecimentos. E acho que o povo antes de exigir algo tem que saber onde está pisando. 

Você sabe aonde você pertence? E se sabe, tem olhar crítico sobre si mesmo? Sabe a natureza da sua atuação nesta sociedade "democrática"? Meus amigos parecem perdidos numa euforia maior do que a natureza dos fatos. É fato que essas manifestações são importantes: sim! Mudam alguma coisa: sim! Mas nem tanto assim. E vou explicar o porquê.

Existem quatro tipos básicos de brasileiros, no momento.

- Classe A (ricos)

-  Classe B (média)  sendo esta:

  =  classe média sustentada pelo governo, que inclui os funcionários públicos (desde os mais altos cargos como juízes e políticos, até as menores repartições), ongs subsidiadas, donos e funcionários de cartórios, tradutores juramentados, etc. Até produtores culturais diretamente ligados às leis de incentivo fiscal se incluem nesta lista mesmo não sendo do governo,  funcionários da Petrobrás e suas adjacências (muitas até importadas de fora) também. Se esqueci alguém vou generalizar incluíndo todos os indivíduos que vivem, de alguma forma, da burocracia governamental e do que gera ( para eles) o governo;   Ponto.

  =  Classe B (média) burguesa, que é basicamente formada pelos micro-empresários, de todos os tipos e tamanhos.

- Classe C (pobres ou menos favorecidos)

-Classe D (abaixo da linha de pobreza)


De acordo com essas categorias vamos elucidar um pouco deste movimento, e entender a quem interessa alguma mudança, realmente.

Geralmente, para os ricos a situação sempre está boa. O que não quer dizer que não pode ficar ruim, mas isso acontece quando investem mal o seu dinheiro, de resto não há muita chance de ficar ruim. 

À classe B vinculada ao governo não tem porquê mudar. Quem vive de cargos, recebe salário, ou ajuda fiscal, ou se inclui em quaisquer das leis de incentivo do governo, ou trabalha em firmas do governo como Petrobrás, ou ongs que recebem subsídios para prestar algum serviço ao governo, ou até mesmo um simples despachante, só tem a perder se, por ventura, o governo mudar radicalmente. Especialmente se acabar a corrupção no país. Pois que o que gera a corrupção é especialmente a imensa burocracia que só existe mediante a existência de tantos cargos e empregos e salários e incentivos e subsídios pagos com o dinheiro do governo ( e que gera inflação!). Sendo que num sistema capitalista o governo não deve ter lucro, nem ser a instituição que paga as contas, todo o dinheiro gasto pelo governo sai dos bolsos de todos. (Menos educação, saúde e segurança, isso qualquer governo tem a obrigação de financiar, na minha opinião.)

Já a classe B "burguesa", é muito mais achatada. Por ser formada por empresários, pequenos e médios, que empregam, pagam salários, tributos sobre os salários, tributos sobre seus estabelecimentos, além dos  tributos normais (muito caros no Brasil) do seu custo de vida, sem receber nada do governo. A classe C e as outras abaixo pagam também caro pelos gastos do governo. Só que...

Este governo PT instituiu o Bolsa Família, entre outros incentivos à miséria. E isto levantou, no curto prazo, o poder aquisitivo das classes inferiores, de tal forma que a classe C hoje é chamada pela mídia de "classe emergente". Porém esta melhoria aquisitiva dessa classe C é enganosa, pois que sua ascenção é subsidiada pelo governo, com o dinheiro de todas as classes acima. E foi assim que o PT se reelegeu, sustentando um povo carente de empregos. Ou seja: ao invés de construírem dez novas estações de metrô em um ano, gerando com isso trabalho e emprego para a classe C, preferiu não construir quase nada e simplesmente ajudar no sustento dos menos favorecidos, utilizando o dinheiro da classe B e da classe A, que são os que têm o poder de gerar empregos e pagar salários. Assim sendo, os milhões de cidadãos carentes, que foram acostumados a receber auxílio do governo não vão votar contra o governo, muito menos fazer passeata contra.

É sabido que o grosso da classe média fluminense é de servidores do governo, e que este número cresce cada vez mais com a abertura de novos concursos e cargos dentro do próprio governo. O Brasil que se diz "quase desenvolvido" e que se acha economicamente bem resolvido não o é. A crise leva as pessoas a tentar a sorte em concursos públicos.  O governo brasileiro sustenta um funcionalismo impossível de ser pago, e vive com um deficit enorme em suas contas públicas, até porque existem os aposentados do Estado, do Município e da Federação também! Todos esses dependem deste governo que lhes paga as contas, em detrimento de uma classe média empreendedora cada vez mais arroxada e falida. 

Como o governo resolve esta situação? Cobrando impostos! Cada vez mais e "melhores".

Então estamos indo às ruas reclamar da corrupção, dos altos impostos, e da ingerência do dinheiro público...? 

Quem está indo para rua reclamar? Os da classe C que não ganham Bolsa Família sim. Mas os que ganham não vão se revoltar. Os ricos não vão perder este tempo e se arriscar nas ruas à toa. Seus filhos talvez vão aproveitar o carnaval do seu idealismo adolescente, beber uma "cerva", e só. A classe B, vinculada ao governo, vai querer a renúncia do Cabral, do Paes, ou até da Dilma para quê?  Pra ficar sem emprego? Não acho! Sobrou a classe média cada vez menor. E que está virando C, ou tentando algum cargo no governo, consequentemente passando pro lado dos que não têm o porquê de revolucionar.

Desde que o mundo é mundo revoltas pontuais existem e acontecem. Mas custo a acreditar que esta é apenas uma revolta pontual. Não! Há realmente uma insatisfação generalizada. Até muitos que trabalham no governo estão de saco cheio. Porém desde sempre as pessoas lutam mesmo é pelos seus interesses pessoais, e não pelos dos outros menos favorecidos. Portanto, uma revolução de verdade só é bem sucedida quando é realizada pelas classes mais pobres. Estas costumam não ter nada a perder, e na hora de encarar um policial armado não sentem o menor medo. Segundo a História do mundo, revoluções são "articuladas" por classes superiores e realizadas pelo "povão". Neste caso atual  acho muito improvável que isso esteja acontecendo. Não está! E acho que têm realmente muita gente nessas passeatas que não têm a menor idéia do que eu estou escrevendo aqui, e acho mais!,  que essa gente segue as revoltas como se segue um desfile na sapucaí. 

Óbvio que existe uma parcela grande do povo muito incomodada (inclusive eu), e muito arroxada, de estudantes idealistas, professores (até do Estado) ganhando merda, etc. e que vai para as ruas. E eu acredito em quem vai para a rua consciente da sua participação na sociedade, tanto nas coisas boas quanto nas ruins. Mas não acredito em quem vai sem saber o seu papel. Isso tem um nome antigo:  esquerda-festiva.

Sei que muito amigo meu vai ler isto aqui e achar que sou um boboca, e vão até ficar zangados com minha opinião. Porém, não se esqueçam das inúmeras vezes em que a popularidade da Margaret Thatcher caiu na Inglaterra, embora ela tenha salvo aquele país de hoje ser uma Grécia, onde o povo é completamente sustentado por um governo que não aguenta mais. Se há uma crise difícil na Europa, que afeta todos aqueles países, não é a Inglaterra que vai pro buraco, e sim a Grécia.

Cada um tem que saber o número do seu sapato, para depois poder calçá-lo.










sexta-feira, 21 de junho de 2013

Sobre as Revoltas 2

Acabei de chegar em casa, e ao entrar no prédio encontrei uma vizinha minha. Uma menina linda demais, nos seus 20 aninhos, universitária, voltando da passeata, que por sinal está pegando fogo neste momento em que escrevo. Conversamos um pouquinho, e ela me disse (rostinho pintado de verde amarelo) que estava na passeata no centro da cidade, até que começaram a cair bombas de gás lacrimogênio e ela e as amigas ficaram preocupadas e decidiram voltar para casa. Fizeram bem.

O brasileiro é um povo de boa índole, positivo, e ingênuo, o que lhe dá forças para aguentar as mazelas dos governos precários. Porém, nunca teve a força, que outros povos tiveram de se rebelar, em massa, contra o poder vigente, e por isso mesmo não sabe fazê-lo, não entende como é isso, e na maioria das vezes é enganado facilmente.

Ao tentar enxergar o momento com um olhar mais crítico e ao mesmo tempo puro, por ser um escritor comum desvinculado de redes que me sustentam, eu consigo achar em tudo o que está acontecendo algo muito estranho e suspeito, embora eu possa estar enganado. Tomara.

Vou dividir este texto em tópicos então:


Revolta


Qual é a diferença entre passeata e revolta? Está no Aurélio!

Passeata:

s.f. Pequeno passeio. / Bras. Marcha coletiva realizada como manifestação pública de alegria ou de reivindicação cívica ou classista.


Revolta:

s.f. Ato ou efeito de revoltar ou revoltar-se, de provocar grande perturbação, de agitar; sedição, sublevação, motim, levante, rebelião: revolta de camponeses contra o sistema feudal. / Rebeldia, insubmissão: todos os seus atos eram marcados por permanente revolta. / Alvoroço, tumulto, desordem. / Perturbação moral, indignação, repulsa, náusea.


Para quem sabe entender português as duas coisas são bem diferentes, embora possam caminhar juntas. Eu leio na internet, ouço de amigos, e vejo pela televisão que o motivo dessas passeatas estão muito mais relacionados com Revolta do que qualquer outra coisa. Afinal, não estamos apenas reivindicando um ajuste de valores dos ônibus, estamos lutando pelos nossos direitos totais, de cidadão, contra uma espécie de governo que peca em tudo desde sempre. Nesta "passeata" há manifestações de todos os tipos e calibres, e confrontos também. O povo exige uma mudança total sem perceber ainda, que uma mudança total significa uma revolução. Grande ou pequena, isso não existe: revolução é revolução, desde que história é história. E essa passeata parece ser muito mais pelo que não usufruímos, desde o início de nossos tempos como nação, do que apenas contra um governo mal-parado.

E no meio desta confusão há quem apoie uma "passeata" pacífica sem saber o real significado do vocábulo; e há quem apoie uma "revolta" quebrando tudo que aparece pela frente. Me parece que os únicos coerentes, para com a idéia de Revolução, são os que tentam invadir instituições públicas. Porém, estes o fazem sem qualquer liderança, quase de forma individual mesmo que em grupo. Então chego ao próximo tema:


Quem e Porquê:


Há, obviamente, algo ou alguém que gerou esta revolta. E isso no momento só pode ter acontecido de duas formas: Internet simples e pura; ou manipulação política, seja ela popular ou não. Se foi apenas pela Internet, ótimo, maravilhoso!, estamos vivendo no Brasil uma revolução ainda maior, com muito mais importância até do que nossa própria carência como povo brasileiro. Estamos vivendo um fenômeno de massa, nunca d'antes acontecido, por ser simples e puramente pela Internet. Abriremos uma nova página na História social do planeta, e seremos os primeiros a derrubar um regime sem que precisemos de partidos, apenas nossa pura vontade e conexão "virtual".  Isso me parece muito louco e improvável - há sempre uma boca por trás de um beijo.

Caso essa primeira hipótese realmente não tenha acontecido, a outra é a de que alguém manipulou ou gerou essa mixórdia toda. Este, ainda manipulando, gerando, ou não, apenas deu o "start".

Nesse caso me pergunto: quem?

As pessoas são muito ingênuas nesse país. Em terras mais antigas, como França, EUA, Inglaterra, Turquia, o povo vai para a rua sob a liderança de alguém. Foco e liderança são duas coisas que faltam nesta situação brasileira. Quando derrubaram o muro de Berlim houve foco. Tanto a revolução francesa quanto a russa, ou até mesmo a guerra civil americana foram eventos de opostos, todos com algum foco. Que o foco do governo brasileiro é roubar a gente sabe. Mas nessa multidão toda há pouco foco. Então eu me pergunto sobre alguns fatos esquisitos que percebi.

Onde estão os ativistas de extrema esquerda? Onde estão os comunistas de plantão?  E os artistas famosos, muitos deles, sabe-se bem, adoram fumar um charuto cubano, onde estão? Nenhum se pronuncia. Há no meio da "passeata" um silêncio tal, que automaticamente a transforma de passeata em baderna. Pois que não há voz falante, portanto não há direção. Onde estão os partidos políticos e suas bandeiras levantadas em riste à multidão? É no mínimo muito estranho uma manifestação política sem partidos! Sinto que o povo enxerga esse fenômeno como algo virtuoso, uma nova realidade onde não precisamos, nem queremos partidos envolvidos. Leio no Facebook pessoas comemorando a sua alienação aos partidos. Concordo em parte. Não existe como numa manifestação monumental como esta a possibilidade de não haver nenhum partido se engajando, tirando proveito ou não. Isso simplesmente não existe! E se está existindo, então estamos ou entrando numa espécie de anarquia, ou inaugurando um novo modelo. Acho difícil! Cadê personalidades como por exemplo o Gilberto Gil, que foi ministro? (bom, aí eu até entendo o rabo...). Mas... cadê o Chico Buarque???? - velho de guerra! Cadê o Gabeira? O PV! Ninguém se pronuncia?


Perigo


Possuo experiência pessoal neste assunto. Muitas vezes pensamos que vamos nos dar bem, que a oportunidade surgiu, mas quem surgiu mesmo foi o oportunista. E geralmente ele não é a gente.

Que a internet é realmente uma caixa de ressonância sem fim é verdade. Mas a partida deste veículo ainda é de muito duvidosa, pois que não acredito em fenômenos completamente expontâneos na internet. Esta é apenas um grande veículo de comunicação, porém há que se dar o velho "empurrãozinho", se não não pega mesmo. É claro que existem exceções onde fenômenos expontâneos acontecem, mas não são de cunho social, e não levam multidões às ruas derrubar um governo sem nem saber que está fazendo isso.

Porque é exatamente isto que vai acontecer. E chegamos ao ponto em que se não acontecer pode ser uma derrota enorme para a democracia e o povo de uma nação. É impossível imaginar mais uma semana de tormentas, simplesmente porque é preciso trabalhar! Um país não pode viver um mês de "passeatas" sem uma resolução completamente pragmática de um dos lados. Se é que há lados! Não sabemos.


Momento e Perigo


Pense bem. Se você tivesse o poder de deferir um tiro deste calibre no governo qual seria a melhor época para fazê-lo? Não seria durante a Copa do Mundo, nem as Olimpíadas, muito menos num momento de felicidade plena de um povo, mesmo que ilusória. Ao meu ver, se eu fosse um rico revolucionário querendo "embadernar" o país este seria o melhor momento: a associação da Copa das Confederações o aumento progressivo da inflação, e a crise mundial nos afetando.

Não chego a conclusão alguma. Porém, sei que os meus amigos neste momento estão tomados pela euforia da reviravolta geral, e com certeza todos, incluindo a mim, estamos cegos pela "luz" da democracia que nos invade e explode, e não vemos quem possa lucrar com isso às nossas custas.


Governo


O próprio governo pode armar um negócio desse. É simples: agitadores "desconhecidos" espetam o povo, a internet e seu poder imenso de comunicação abrem a caixa de Pandora, e o povo vai à rua sem uma ideologia forte e unificada, leva apenas idéias individuais que juntas formam um todo nublado e disperso, porém verdadeiro e sincero. O governo espera o momento em que as revoltas atingem um grau significativo, como por exemplo: a tomada do congresso ou de uma prefeitura qualquer por populares, confusos.  Pronto, decreta-se estado de calamidade nacional, coloca-se os tanques nas ruas e acabou a  festa, amigão. Com tanque na rua não há passseata nem revolta. Talvez na Rússia, ou na França, ou Romênia, mas aqui sabe-se bem que não há. Pois um povo pouco belicoso como o nosso, que se veste de branco e confunde pedir com exigir...não vai para guerra fácil não. E com tanque na rua e um estado de calamidade decretado pelo governo, este mesmo derruba o congresso e institui uma nova ditadura militar. Retrocede-se absurdamente!

Outra possibilidade é a de partidos políticos desconhecidos terem insuflado o povo, na maciota, para derrubar em algum momento a "rainha". Usando o povo, assumem o governo na hora propícia, ou nas próximas eleições sem muito trabalho. O povo perde, porque um governo assim não vai governar bem (se é que existe partido no Brasil que tenha a vontade de governar bem, o que eu também acho que não existe...).


Conclusão


Muitas outras coisas podem ser. Na verdade tudo pode ser. Pode até ser coisa boa. Mas hoje em dia só acredito vendo, e neste caso a gente vai descobrir só no final. E isso, não há que se negar, representa um imenso perigo, pois se a coisa já não é boa, não se esqueça que pode ser pior. Ou não, tomara!

Mas com certeza o que parece que é muitas vezes não é. É preciso muito cuidado nesta hora, e muito ceticismo, e muita reflexão, pois que manifestações não são passeios pela Disneylandia. E uma revolução requer braços fortes, e riscos de se perder tudo que se tem, mesmo se o que se tem já é uma merda. Muitas vezes achamos que já estamos no fundo do poço e o poço é mais fundo. Não sou pessimista, nem cético demais. Acredito em amor à primeira vista. Mas não acredito em vestir o primeiro amor que aparece.

terça-feira, 18 de junho de 2013

Sobre as Revoltas

Vou dar minha opinião sobre as passeatas que aconteceram nas principais cidades do Brasil na noite de ontem. 

Para começar, não acredito em guerra sem mortes; não acredito em bombardeio sem vitimar população civil; não acredito em regras quando alguém para morrer precisa matar o outro. Se a guerra fosse assim seria mais fácil resolvê-la num tabuleiro de xadrez. 

Não sou a favor da guerra, nem da violência - muito pelo contrário - porém, sou completamente contra esse ideal "fair play" pregado por muita gente que eu conheço. Fair play é coisa de jogo de futebol, aí sim tem árbitro. Mas num conflito, numa guerra, na luta pela sobrevivência num mundo cão como o nosso, não existe o conceito:   esperar o seu assasssino levantar do chão. Isso é de uma hipocrisia tamanha.

Mas eu entendo as pessoas, apenas não aceito a sua alienação geral. Os governos inventaram a guerra com  'direitos humanos". Desculpem os utópicos, mas isso não existe. É um conceito hipócrita e "politicamente correto" que só serve para ludibriar o pensamento humano, e fazê-lo acreditar que é possível soltar uma bomba sem atingir um inocente. Somos todos inocentes! Um soldado nada mais é que um pau-mandado recebendo uma bomba na cabeça (a não ser que ele seja um mercenário). Nunca vi presidente de lugar algum no front de batalha. Quem comanda não leva bomba na cabeça, e povo é povo, com farda ou sem. Mas a questão não é bem essa.

O que se vive no Brasil é uma guerra. Existe uma corja no poder, que há centenas de anos explora o cidadão brasileiro com altos impostos e nada em troca. E essa corja, em cada nova eleição, é trocada por outra corja cujos ideais de governo são os mesmos. Mais liberais, menos liberais, todos os governos brasileiros têm levado o país à ruína e ao subdesenvolvimento crônico, através de corrupção, de mentiras políticas, de demagogia, populismo e caritocracia (sistema onde o estado busca desenvolver-se através da caridade - ou seja: esmola.). E no momento escondem-se sob o manto da falsa democracia vendida aos idiotas.

 Fazendo uma análise curta dos últimos governos a coisa é bem simples e concisa: O Lula governou por 8 anos, durante uma época de gastos exacerbados e fartura mundial, não obtendo um grande proveito disso em prol do Brasil, porém sem muitos problemas já que o mundo não estava em crise. A Dilma deu o azar de pegar o Brasil num momento em que a crise ao redor aumenta e começa realmente a afetar a economia de países como o Brasil. Ambos governos, do mesmo partido, galgados na política populista de alimentar o povo com o dinheiro do próprio povo (vide: Bolsa Família, etc.), sem construir uma infraestrutura de desenvolvimento que pudesse empregar esse mesmo povo e alimentá-lo de forma mais digna e inteligente, utilizaram desses artifícios para se perpetuar no governo. Estão e devem se perpetuar no governo através dessas práticas, pois o necessitado e ignorante votará neles por um prato de comida, sem pensar que talvez fosse melhor um emprego na construção de uma ferrovia - quem sabe? - coisa que o Brasil quase não tem, e precisa. Serão 12 anos de um governo que não construiu nada além de uma futura (nem se sabe ainda se bem sucedida) Copa do Mundo. Um dos resultados feios disso tudo: gastos públicos sem desenvolvimento geram inflação. De todos os resultados é o que mais se sente quando acontece. Porque a inflação come o poder aquisitivo do povo, especialmente da classe média (que emprega), e das classes mais baixas (que são empregadas), e dói no bolso. Li gente dizendo que uma revolta por causa de 20 centavos é uma bobagem. (!!!) Óbvio que não é! Se esses 20 centavos no final do mês somarem 24 reais, isso corresponde a um bom pedaço do salário mínimo. Considerando que a maioria nem ganha isso, pois vive na informalidade e nas ruas, 24 reais é um bom motivo para uma passeata.

Só que o Brasil não tem um histórico de passeatas e revoluções muito generoso. Tudo que se decidiu neste país, durante seus 500 anos, foi decidido nas repartições públicas. Por isso é que a cada eleição os partidos brigam e combinam a distribuição dos cargos dentro do governo. Desde um almoxarifado nos correios até uma assessoria direta no planalto faz diferença e tem a sua importância. Pois que o povo mesmo, nunca decidiu nada. 

Não sei dizer (pelo que aconteceu ontem) se isto está mudando. É cedo. Mas observei idéias e comportamentos que ao meu ver são muito inocentes. Por exemplo: Em São Paulo o povo aceitou que a polícia determinasse o roteiro (caminho) da passeata. Me sinto pasmo quando leio isso num jornal. Afinal, isso é uma passeata ou passeio pelo parque? A natureza de uma passeata é a incongruência entre povo e governo. Passeata é uma metonímia, ou um eufemismo para a palavra Revolta. Ninguém faz uma "passeata" para se divertir, não é? Passeata implica revolta contra alguma coisa que incomoda ao povo. Uma vez que o governo decide onde vai ser a "passeata" não há mais passeata. (risos)

Muitos dos meus amigos, não só eles, mas no país todo, pregaram uma passeata pacífica. Entendo... Eu atesto aqui que sou contra qualquer forma de violência. Pelo contrário, sou uma pessoa completamente liberal e contra a violência. Mas não sou burro de achar que se o Brasil entrar em guerra com algum país eu serei poupado pelo canhão inimigo, apenas por uma questão de direitos humanos. Já dizia o poeta: "No amor e na guerra vale tudo." E já diziam os beatles:" Se não fossem eles seríamos nós." Quem leu "O Príncipe" de Maquiavel sabe bem o que significa o Poder como instituição. Portanto, passeata com autorização da polícia é o conceito mais idiota que eu já li na minha vida. No dia em que revolta com o aval do estado for revolta, não é revolta. (muitos risos!) 

"Olha mamãe! Se você não me der biscoito eu vou fazer xixi no canto da sala, viu!" "Ok, filho, pode fazer xixi, mas faz lá no jardim, tá bom?" "Ok, mamãe, vou fazer no jardim então, você vai ver!!! " E nada de biscoito. 

Na França, quando Sarkozy (sei lá como se soletra o nome dele) cortou alguns anos de aposentadoria, o povo foi para as ruas quebrar tudo, queimar carros, etc. Na revolução francesa o povo invadiu os palácios reais em busca de comida. Um povo faminto, regido por iluministas, cultos, informados e com foco, cortou as cabeças de rei e rainha e mudou a França. Foi violento? Foi bem executado? Não! A França viveu um período tenebroso, e depois ainda foi comandada por um ditador maluco, porém, não seria a França de hoje em dia se a sua primeira revolta fosse uma "passeata pelo parque". 

Na Romênia dos anos comunistas, o ditador foi trucidado por um povo que não aguentava mais viver naquele regime horrível, reprimido e com fome. Um belo dia resolveram se unir entrar no palácio e cortar a cabeça do sujeito. Na Rússia dos czares foi a mesma coisa, e ainda pior! Mudou o mundo! Na Turquia, semana passada, o povo foi para as ruas se Revoltar contra medidas do governo. Se revoltar significa ir contra outras idéias e fazer valer os seus direitos.

E embora o povo brasileiro tenha a virtude da boa índole, de ser pacífico, e de conseguir reagir à fome com otimismo, uma revolta sem efeitos de nada vale. E uma revolta contra qualquer coisa só surte efeito se a parte passiva sentir medo, ou seja: a parte não revoltada tem que ficar com receio da parte revoltada, caso contrário a revolta passa a ser apenas um desfile de moda. 

Ontem o povo brasileiro teve a tão sonhada oportunidade de entrar no Congresso nacional e mostrar para os políticos safados que: eles não mandam, apenas regem a banda. E que quem manda é o povo, e que se eles não entrarem na linha o povo volta e quebra tudo. Aí sim taríamos uma mudança de situação no Brasil. Não seria a idiotice repressora e retrógrada do comunismo, nem de uma ditadura qualquer, mas sim a certeza de que as ações do governo seriam melhor cobradas, pelo povo. Com o único artificio que lhe dá o poder de mudar as coisas, e esse artifício não é o seu voto, e sim sua força. Infelizmente não aconteceu assim. E com certeza quando os ânimos se acalmarem dentro de sua felicidade colonial e seu ego burro, vamos continuar comendo pizza, só que agora com inflação.

Esta democracia que é vendida nas redes de televisões e que os jornalistas "em cima do muro" nos "ensinam" como DEMOCRACIA, é uma teoria  galgada na hipocrisia de quem apoia um status quo que sorri pro povo e rouba-lhe os bolsos. Se existisse democracia no universo o meu cabelo não cairia. Mas no nosso mundo, o mundo que criamos, o povo tem que mandar e o governo tem que obedecer. Quando é o contrário o povo morre. Esta é a formula dos países bem sucedidos, que possuem instituições fortes e povos pragmáticos.




sábado, 15 de junho de 2013

CHARGE - REVOLUÇÕES




quinta-feira, 13 de junho de 2013

Solidão

Numa vila contida
num lugar onde todo mundo está
será que alguém tem alguém para indicar?





domingo, 9 de junho de 2013

A Boceta do Assunto

A Igreja condena as relações sexuais pré-maritais. Muitas outras religiões também as condenam. Os taboos caíram, porém ainda há um desconforto de grande parte das pessoas quanto ao sexo. Sexo é completamente dissociado de amor por muitos. Muitos consideram a pesquisa científica genética um desrespeito à vida. Mulheres que não encontram seus parceiros ainda têm medo da ousadia de "estocar" óvulos, para quem sabe poder dar à luz no futuro, eventualmente sozinhas. 

Ao mesmo tempo a população mundial transa sem pudor, sem nexo, e muitas vezes sem vontade, a seu bel prazer. Vídeos são expostos gratuitamente na internet. Celebridades utilizam cada vez mais do ato sexual para se promover. Sexo vende, e vende muito, e cada vez muito mais. As pessoas (óbvio, é bom pra caralho!) adoram sexo, e usam dele ao máximo num mundo onde a liberdade é livre. E o amor? Se você acha que este texto é mais uma baboseira romântica se enganou. Faz me rir! 

Apesar da corrida desenfreada por sexo as pessoas desejam amar. Querem e precisam de amor. E muitas vezes se perguntam se seus destinos não foram alterados pelo amor que lhes foi dado. Também, apesar de tentarem muito, não conseguem dissociar sexo do amor. É óbvio que o sexo ajuda, e é fundamental na construção de um amor perfeito, de um relacionamento bem encaminhado e estável. O amor continua sendo o sentimento inescrutável, inexplicável, enquanto o sexo é completo e cientificamente colocado em fórmulas matemáticas. 

Agora vou ao assunto mesmo: A maioria das pessoas sabe em que hospital nasceu, em que situação estavam seus pais, qual o amor que lhe foi dado. Pelo menos, acho que as pessoas se importam com isso. Mas eu gostaria de saber quantas pessoas que eu conheço tem conhecimento do momento de sua concepção.

Psicólogos já me disseram que isso não é importante. Será? Existe pessoas que foram concebidas na suíte de um hotelzinho de lua-de-mel, no maior amor do mundo, por um casal que se amava e sentia tesão também.  E algumas pessoas foram concebidas em festas de faculdade, no corredor da boate, com desconhecidos, sem se importar com nada, nem com suas próprias vidas. Pior: quantas não são resultado de  estupro, ou de bebedeiras homéricas, ou por prostitutas. Quantas não são filhas de travestís e nem sabem. 

Sei que as pessoas querem ser amadas, mas quantas se perguntam se foram realmente? Depois do ato tudo importa, porém o ato em si nada significa às pessoas. Como eu acredito que um nome próprio ridículo registrado em órgão constitucional pode influenciar de forma positiva ou negativa o futuro da criança, porque não seria a mesma coisa o momento da  concepção de tal indivíduo? Entretanto nunca vi alguém se preocupar com isso. 

Talvez alguns se preocupem em casos extremos, em que possuem o conhecimento da gravidade da situação. Mas genericamente tá todo mundo cagando.

Talvez porque o amor pode ser corrigido, ou recuperado com o tempo, ou mesmo construído. NINGUÉM está fadado a ser um erro. Sou como Sartre: mudo quando desejo e me esforço para mudar. Sou o que eu quero e me esforço para ser. Mas existe também a célebre frase: "O inferno são os outros." O que não muda nossa capacidade de mandá-los para a puta-que-os-pariu e seguir em frente, e muito bem.

Enfim, existem os adotados. E bem adotados ou não, existe o caráter, que pra mim é genético, mas é muito mais comportamental e construído. Então talvez eu esteja falando uma besteira, e este texto deva ser jogado no lixo, pois o que importa uma simples camisinha estourada na vida de uma nova pessoa? Não importa em nada.

O que importa é a falta dessa preocupação. Assisto a vários canais na televisão com matérias sobre o Big Bang, mas o nosso Own Bang inicial ninguém quer saber. O que adianta saber da onde veio a humanidade, se mal queremos saber da onde ou como nós viemos? Tanta especulação, e quem sabe se a mãe do Hubble (inventor do maior telescópio) sentiu dor durante a penetração, ou se ela realmente amava seu pai; se aquele foi um ato de carinho ou simplesmente uma foda mal dada?

A verdade é que viemos todos de uma foda. Bem dada ou não, nossa vida começa à partir dela. E encerro este texto revelando a minha completa ignorância quanto a importância deste tema. Eu apenas não tinha o que fazer neste momento e resolvi dar uma penetrada na boceta deste assunto.



sexta-feira, 7 de junho de 2013

Conto breve da terra distante

Quase sempre que precisamos de uma resposta não a temos, e por isso o vinho. Não te responde nada, mas cura por algumas horas. Mentira. Não cura, e em algum momento é possível atingir, através dele, alguma distância da Terra.

Eu me encontrava numa cidade deserta na Líbia. Alguns muitos quilômetros do Sahara, poucos se você parar para pensar bem. Uma cidade pequena toda branca, com terraços e clarabóias que facilitavam a entrada de luz há 1300 anos atrás. E eu brincava de pique-esconde com uma mulher, que surgira do nada. Acho que de uma das entradas, das paredes caiadas da cidadezinha. Podia parecer uma cidadezinha mas era bem grande, porque eu já não encontrava mais a mulher, nem a saída, se que esta existia.

"Pronto derramei vinho no teclado!, que merda!!!". Bom, mas neste exato momento ao dobrar uma das esquinas da cidade, segui por um corredor, que como todos, não possuíam mais do que 1 metro de largura, porém altos, talvez pra que o calor se difundisse com mais intensidade para fora.

Foi quando me cruza o caminho um tigre. (!!!) E eu me perguntando como. Pois, que o tigre olha para mim com aqueles olhos macios e neutros. Olhos frios de açougue, e cadenciadamente vem em minha direção. E diz: - "Não tenha medo, vai ser rápido, eu prometo." Começo a correr na direção inversa, mas o tigre é o rei do lugar, pula por cima da minha cabeça e me olha de frente novamente, e volta  a dizer: " - Calma rapaz, vai ser rápido." E foi aí que eu vi que ele não era amarelo e preto como são os tigres normais, mas sim verde, branco e grená, e eu pensei que ia ser devorado pelo campeonato brasileiro de futebol, pelo meu time, e que mal pra caramba das pernas... que merda.

Mas o tigre em vez de me comer simplesmente tirou das mãos uma orquídea vermelha, e me disse: "- Guardo aqui o sangue que seria teu mas não será." Peguei a rosa, com um certo grande medo, e senti seu odor de perfume do camelódromo da Uruguaiana. Óbvio que não expressei isso ao bicho, pois não sou burro. Nisso abre-se uma porta ao meu lado e uma luz rosada me penetra a alma. Entro.

Foi como se entrasse num transe. Ou talvez numa suíte de hotel de algum príncipe árabe filho da puta comendo muitas mulheres, mas não. A mulher que eu perseguia me dava as mãos e me guiava por um labirinto de sebe azul que no fim  dava numa cama maravilhosa. Era uma imensa cama, e nela roçavam mil mulheres (pra quê poucas, não é?). Suas pernas eral tão longilíneas e se debatíam tanto e se encoxavam e se torturavam tanto que eu sentia o prazer só no olhar. 

Caí dentro, ou melhor, caí por empurrão, pois o tigre me dizia: "-Vai fundo, mostre que é brasileiro e não desiste nunca." Então eu eu fui e fiz sexo com as mil  mulheres, que me deglutiram com sua pernas como um imenso e divino polvo do deserto. E no fim eu pensei: "-Não usei camisinha..." A mulher me disse: "- És um abençoado! Comeste todas as mulheres do Rajá!" 

Tive que me mandar. (um minuto, preciso beber mais pra continuar esta estória, já volto). Pronto. Correndo através da cidadela e seus íngremes corredores me deparo com um boi. Boi no Sahara? Bom, era um boi, e era enorme, e seus chifres eram tão grandes e pontudos que pareciam ser de pedra, e havia inscrições nele, e o boi abriu a boca e falou: "- Você ousou procriar com as mulheres de Xanandoa, agora vai pagar por isso." 

E veio na minha direção com os chifres prontos para furar, mas assim que iam penetrar meu abdome aconteceu algo extraordinário: eu abri asas e voei. E voei tão longe que o espaço para mim não existia mais. E adormeci. E quando me dei por mim acordei chorando. E era um choro tão forte, porém sutíl como se ele me envergonhasse. Foi quando uma lágrima caiu finalmente em minha boca e esta não era salgada! Então me dei conta que estava no meio do deserto.....e que chovia!

Feliz eu estava por não serem lágrimas os meus contos, nem meus medos, nem meu vinho, e por ser possível chover no Sahara! Que olhei para o céu e impossibilitado de ver Deus ( pois não sou tudo isso que deveria ser...) senti a água que caía e que lavava minha alma e me acolhia no meio do deserto.

Fui andando lentamente, num frenesí cardíaco, mas numa calmaria mental enorme. Quando de repente passou um 433 e o débil mental do motorista quase não parou. Então eu pensei que estava mesmo em casa. E descendo a Santa Clara, fui entrando na 5 de Julho e seguindo para minha casa, sabendo que lá eu encontraria o que eu preciso.

beijos, Alan.




quinta-feira, 6 de junho de 2013

Casamento

Linda!
Tá linda.
Linda, tá.
Tá bom, linda...
Linda, tá bom!
Bom... linda, tá.
Bom... linda... 
Tá................. bom...



segunda-feira, 3 de junho de 2013

sábado, 1 de junho de 2013

♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ... ploft!

Bom, já que meu sono não vem vou continuar escrevendo mais besteiras hoje no meu blog. É meu né? 

Pergunto-lhes então: existe um caminho? Segundo Tchekov o caminho é infinito e não leva a lugar algum, nem mesmo à morte, o que define a própria morte. Eu um dia escrevi um conto neste blog em que o caminho leva nada mais a você mesmo, porém você não sabe que é você até que o entendimento do que você é brota em você. Difícil de escrever isso de forma simples. Pelo menos hoje. me perdoem fui ofuscado. Passei uma hora olhando para uma deusa de sol e isso me inebriou os olhos, imagine  a alma. Dizem que os olhos são os portais da alma - bobagem. Cegos não teriam alma então. Segundo Kafka você só se entende como ser humano quando barata, e barata não enxerga nada, só sente. É por isso que ela vive na Terra há milênios e nós, pobres humanos, provavelmente não vamos durar mais cem anos. Segundo Kafka, o entendimento humano é uma eterna perseguição dele mesmo, obcecado por ele mesmo, preso no seu corpo, na sua alma, na sua vida imposta por ele mesmo, até que a morte os separe, excluído dos outros corpos mentais. Duvido quem saiba a diferença entre GLOVE e LOVE! Para os Beatles é o G. Porém o G da questão, ou seja, o ponto G deles, fazia a diferença entre LUVA e AMOR. Coisas antagônicas, pois o amor não pode ser nunca coberto, sufocado, protegendo do frio do inverno de London. A genialidade foi tanta que antes da Aids eles já previram a camisinha, se é que vocês me entendem. Faço ainda uma relação entre Dostoievski e esse conceito GLOVE e LOVE no seu livro "Duplo", onde um personagem frustrado inventa um personagem bem-sucedido para assim vencer seu psiqué. Esse é um dos fundamentos usados por Freud, tempinho depois. Eu queria ser um pintor. Daqueles que espirram tinta nas telas com o nariz, esfregam depois com o pau, usam chicotes pra dar efeitos, e sempre criam sob uma intensa música clássica, no mais alto dos volumes. A catarse do ser ou não ser se dá completamente nesse ato. E aposto que eles se antagonizam flor e espinho, caminho e morte, brumas e tudo, Tcheckov e Dostoievski, GLOVE and LOVE. Mas eu provavelmente utilizaria o primeiro concerto para piano de Tchaikovski, que começa maravilhoso e acaba chatíssimo, como a vida pode ser às vezes. Ou pelo menos a psiqué, ou a barata do Kafka. Acho que todos beberam na música que se produzia na época, e isso me faz pensar que a única coisa que redime o ser humano é o Absyntho. Se bem que no momento eu não estou bebendo nem Cajuína do Piauí. Que aliás, "A que será que se destina", né? O bom de não ganhar dinheiro com o que escrevo é que estou pouco me lixando pra quem gosta ou não. Cansei, bateu o sono. Até.


♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ... ploft!







Grande Merda

Não sei porque escrevo. Acho que é falta do que fazer. Coloco no meu texto todos os meus erros e meus vazios. É fácil escrever um texto. Qualquer imbecil consegue, se não for analfabeto, escrever. Há analfabetos que escreveriam muito melhor que muita gente boa por aí. 

Todas as artes são difíceis, porém fáceis e vulgares. Você pode não ser o Rembrandt, mas com certeza consegue riscar um pedaço de papel, espalhar umas cores e chamar aquilo de arte abstrata. Digo isso, é claro, sem desvalorizar a verdadeira arte abstrata. Mas que merda é a verdadeira arte abstrata? Ah... se o artista possuir um conhecimento prévio das leis do desenho técnico, das cores, dos estilos, ele poderá ir desconstruíndo tudo até realizar o que um debilóide um dia talvez fizesse sem o menor conhecimento - a abstração. 

Dizem que é preciso aprender para desaprender com conhecimento. Ora, sempre achei isso uma grande bobagem. Algo como trabalhar muito, tornar-se milionário, e um dia jogar tudo fora - porém com conhecimento de causa. Jogar fora bem jogado. É isso aí, mandou bem!

Óbvio que um expressionista tinha que saber desenhar. Óbvio que Picasso não era um merda. Mas tem uma artista - a qual me foge o nome -  que pegou reguinhas circulares de criança e começou a desenhar círculos e mais círculos e hoje expõe em NY. Porra...

Um cara que eu conheço, gente muito fina por sinal, decalca desenhos em tela e depois cobre com tinta, do jeito que imagina. É bom, eu gostei, mas o cara nunca soube desenhar um rosto na vida. Já expôs na Europa. Porrrrrras......

E o teatro? Esse então dá o que falar. É claro que existe o artista, o ator, a atriz, o dramaturgo! Não há de se negar, óbvio. Mas no Brasil, por exemplo, existem uns 200 milhões de artistas. Mentir é a coisa mais fácil do mundo. Talvez mentir sobre o palco seja algo extra... e é! O Procênio! Parece gíria para boceta. Mas é algo muito sério. Não é pra qualquer um! Porém, qualquer um entra lá e faz qualquer coisa. Subir ao palco, depois de tomar umas cachaças e e berrar "Foda-se!" qualquer um faz. E se esse for o seu papel, o seu ato, você pode ser chamado de ator. Sem querer diminuir o metiê. Mas quem leu Asterix vai lembrar daquela "cena" antológica onde os dois (Asterix e Obelix) acabam se juntando a uma trupe de teatro de vanguarda romana, e a função, o papel do Obelix é apenas entrar no final, se postar em frente ao grande público e gritar qualquer coisa que lhe passasse pela cabeça. Ele gritou: "Os romanos são uns loucos!" E assim a trupe foi toda jogada aos calabouços.

E a poesia? É claro que é literatura, mas não é. Poesia é diferente. Pode-se escrever o que quiser numa poesia sob o argumento da licença poética. 

Cansei de escrever. Não vou perder minha madrugada citando todas as artes: seria chatíssimo.  Mas vou puxar a sardinha pro meu lado. Não há nada como a música! Não se abre a boca desafinada e diz-se música. Um violino estriônico não é música, um piano marretado não é música. É claro que dentro de um contexto até merda congelada pode ser escultura. Mas a música é mais pura. A música não é pra qualquer um. Até pra dedilhar um dó maior o sujeito arde os dedos, faz ginástica, e tem que aprender. Não existe samba sem tempo, não existe batuque sem cadência, e isso está no sangue milenar do ser-humano. Um "toc" fora do tempo significa nada. E mesmo uma canção cantada só com a voz e a alma, sem acompanhamento, ou com, permite que se minta o tempo. Mas ele está lá, com a elegância de quem oferece uma síncope, como uma mão fadada a derrubar, ou a socorrer. 

A Música é a deusa das artes. Sem ela nada há. Deus caminha pelo universo através de música. Não é pra qualquer um não. Mesmo essa merda que escutamos dia-a-dia nas rádios e programações televisivas têm música, pois que um ignorante no assunto não consegue fabricar nem um mugido num trombone. Sou músico  e sei que não basta juntar um monte de cola adesiva e chamar de arte-moderna. Não existe isso na música, embora tenham tentado. 

Música, música, música!

Quanto a esse meu texto?  Grande merda.