domingo, 30 de dezembro de 2012

Feliz Ano Novo

Ano novo, copacabana te rege em espetáculo de museu. Já te vi de todos os ângulos. Te conheço assaz bem. Tua virtude não existe. Vens para ser o que serás. Não depende de ti tua inglória imaginação, apenas expectativas e bla-bla-blas. Não tens culpa de ser o escolhido. Vais fazer jus à multidão de infames e loucos, e infantos, e bastardos, e crentes, e gente boa que te espera?

Ano novo, ano feliz por "advance". És como um cartão de crédito. Paga-se com o que não se têm. Mas também é um salário recebido em "cash", no início do mês. Portanto és uma bolha econômica que com certeza há de explodir.

Ano novo dos mendigos, dos velhos, dos jóqueis, das meretrizes, das diretrizes, das roubalheiras mundo afora, dos inválidos, dos infelizes, dos palhaços, dos rasta-pés, dos beija-flores e dos ratos. Dos enganados, dos culpados, dos bispos, dos esperançosos, dos que brindam com Cidra, e dos que chutam pelas ruas seus Veuve Clicquot. Das multidões de primatas que perambulam pela orla à espera de um feixe de luz. Ano aristotélico, cumprindo sua espiral filosófica. Ano medieval!

Também ano dos felizes, dos que sabem carregar a vida, dos raladores, dos prognatas, dos fortes. Ano dos militares de si, dos gladiadores do dia a dia, dos que não se entregam. E dos que precisam de uma mão amiga. E dos que as darão. Ano das famílias, ano dos que usam óculos escuros ante os fogos. Ano de quem enxerga. Pois quem enxerga sabe que esse dia não significa nada além de uma esperança momentânea de paz. Ano dos inteligentes, que são feitos de azeite, e que não se misturam com água. Ano das curas.Ano dos que não vão mijar na rua só por diversão. Ano dos que vão pra frente porque atrás tem gente, e cada ano, mais! Ano de mim.

Ano dos aterros econômicos, das crises renais mundiais, ano de fartura ou não, ano de poker, de apostar sem saber, de planejamentos televisivos, e erros de personalidades comparáveis a deuses. Ano de amar, mesmo sem ser correspondido. Ano de corresponder amores intransponíveis. Ano de guerras e de terras e de quimeras e de esperas.

Ano bem-ditoso, se prepare: vou comer teu cu!




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