sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Pra uma manequim

Roda modelo, manequim.
Roda sua dança calada
na calada da boca
da calça,
do vestido suado transparente,
que não transparece mas rescende.
Dobra a passarela
como se dobra a vida.
Como se a  vida fosse de vidro,
corta-te no perfume.
E a sua tampa
talvez encontre outra igual.
Mas sem tropeço
é difícil de viver,
mesmo com um "passe",
quando não se sabe
o que se ama.

Vida perdida
nas mentes vazias,
nos preceitos, preconceitos,
nos álbuns indecisos,
nos longos cabelos,
na unha de tão lindo vermelho.
Mira-se sua beleza,
pétrea e contida,
sedosa e sadia,
presa numa parede,
ou em capa de revista.

Pena...
Pena que cai sem nexo
na água parada e fria.
Vejo tua imagem
em meu reflexo...
Pena...
Seus olhos não perceberem
quais outros olhos
são teus espelhos.




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