domingo, 9 de setembro de 2012

Pangea

Hoje estou com um sono louco. E como uma Pangea, meu mundo é um só. No meu cérebro as ligaduras estão ligadas. Entrelaçadas pertenço a um período Permiano. Minha Austrália, uma vez ligada à minha América do Sul, agora separada, há de voltar atrás, seguindo em frente em círculos, atingindo de novo seu ponto de partida. Meus seres microscópicos hão de se transformar em vários, até que enfim virem lagostins, e quem sabe um dia o que será de mim? 

Meu dedo dói. Está inflamado porque eu o comi. Como meus dedos como como a mim. Frase esquisita essa, mas é assim. Não há melhor maneira de explicar. Fome não é, ainda bem. Mas li um conto uma vez em que o sujeito preso numa ilhota num mar desolado, come a si mesmo por falta de comida. Conto genial da fase menos comercial do Stephan King. Ele estava começando e ainda não era famoso; buscava seu lugar ao sol. Engraçado como nossas fases menos comerciais são justamente as em que precisamos mais de dinheiro. Há uma ironia, senão, uma distorção, um erro em tudo isso.

A Terra não é mais Pangea. Hoje é bem mais complexa. Cheia de rios, mares e túneis. Cortes. Um dia há de voltar a ser o que foi. No início dos Tempos. (?)  As coisas seguem seu fluxo de se separar para poderem, de novo, se juntar. Com certeza não será Pangea. Será outra. Afinal somos a massa de modelar de Deus. Que deve ser criança como eu. E deve sentir sono cedo, de vez em quando. E outras vezes deve conversar com estrelas, que lhe dão palpites, como um filho quando conversa com sua mãe. E deve passar pomada no dedo que comeu, não por cause de fome, mas como tudo é fome - fome de alma, ou de amor, ou de flores, ou de águas, ou de retornos e lagostins.

Boa noite, amigos. O sono ajuda a escrever, porém meu travesseiro me chama, e é preciso sonhar com o dia de amanhã. Perdoem os erros de português, hoje não é dia de corrigir a vida. 




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