Um homem galgou planetas inexistentes, apenas em suas histórias de pescadores e mentirosos. Tentou se equiparar com grandes personalidades, sempre se preocupando em não emular sotaques falsos. Viu o céu cair sobre sua cabeça, como gauleses que só possuem este medo. Viu ruas intermináveis conduzirem mariposas ao infinito. Sentiu a grama das estradas disfarçadas de palhaças, e sentiu a cor das estrelas colorir sua pele de vampiro da madrugada.
Este homem aprendeu que não há atalhos. Embora tenha demorado tanto para isto, que o próprio atalho se desfez. Um belo dia, entre uma multidão, não souberam dizer-lhe, sabiamente, que não dá pra contornar a vida. As escolhas e as conjunções um dia hão de traçar alguma formula matemática desconhecida. E que este será o segredo da conquista. Até então é preciso regar as laranjas dos supermercados, decorar faces e fazes de pessoas importantes, ter no sangue a esperteza dos que não têm pudor de ser seja lá o que forem. Ganha mais o que acredita na sua densidade, do que o que desacredita do mundo que cria.
Galgou escadas de vento, suportou dores horrendas, quis se internar, sem precisar, conheceu mulheres de todos os tipos, e foi muito mais um personagem de "Norway Wood" do que outra coisa. Esqueceu-se que isso tinha valor, e que o Woody não existia à toa.
Se prendeu em estrelas quando o Sol clamava por sua pele. Às vezes desperdiçou uma jacuzi fantástica, e sucumbiu e foi vilipendiado em esquinas de sonhos e desejos infantis. Desejos são sempre abstratos. Não podem ser tocados. Esqueceu-se disso e roubaram-lhe a alma numa esquina. Cuspia pelo chão como Clint Eastwood, mas não passava de uma Fernanda Montenegro ganhando um oscar que nunca concorreu.
A pedra fundamental de sua alma cresceu. Embora plantada por seres esquisitos. Quando as cortinas guardavam seres alienígenas, e fissuras na parede o vigiavam constantemente. Sua vida veio como droga. Seu mundo foi um crack. Seu passado, uma estrela solitária tricolor, catava pelo chão, e desenhava no seu céu de parede.
E as nuvens passavam, e o Sol nascia imberbe, e seus sapatos corriam na tentativa de salvar um coração da própria corrida. Mundos colidiram em resplandescente ácido nunca frequentado. Amigos eram paródias de filmes de segunda, e a poesia ainda não havia completamente o tomado, mas o conquistava.
E desvairado, pintado por multidões, se derreteu, até que virou uísque de si mesmo, e passarinho. Voou para bem longe, e agora precisa voar de novo, porque voar é o que falta ao homem além de amar.
Este homem fui eu.
...esse homem é você(...).
ResponderExcluirEspero que a "funny falling girl" te inspire mais e mais na intensa entrega da escrita ;) Amei o brinquedo no rodapé do seu Desentupidor Cultural.
ResponderExcluirBjs, Lalan.
Claudita.