quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

O anel

Desde que minha mãe era criança
E minha avó era uma mulher sadia
E meu avô um senhor pujança
E meu pai um homem da lida
O anel circulou pelas andanças
E foi trazido pelo destino
O fato é que o anel viveu
Até que um dia foi perdido
Ninguém sabe se morreu
Pratas nunca morrem
Sabe-se que dentro dele escondeu
As histórias que se escondem
Nas gavetas emperradas a pó
Deixado ao tempo para trás
O anel viveu prateado
Até que num dia fugaz
Já havia se esverdeado
Lembrando minha tia Inara
O quanto valia o círculo
Por quantos dedos passara
Por quantos deixara vínculo
Das almas que ornara
O anel foi entre gerações
O elo de uma existência
Centelhas de corações
Razão de sobrevivência
E cinza de alguém
Não se cabe mais no tempo
Perdido nos contos de outrem
Perdido na imaginação e seu invento
Passado de mão à mão
Vestido como seda
Quem diria o anel então
Ser encontrado um dia atrás de uma mesa
Cem anos após a ceia
Onde noivou Tadeu feliz
E sua namorada feito princesa
Não há mais família, não há mais casa
Paredes sim, ainda existem
Mas por outros devidamente compradas
Quem diria um ser inanimado
Viver mais que vidas passadas
Por razões quaisquer que sejam
Unidas ainda num canto de uma sala
Debaixo de uma mesa
Desde que minha mãe era criança
E minha avó era uma mulher sadia
E meu avô um senhor pujança
E meu pai um homem da lida



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